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O admirável mundo compartilhado

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Foto: divulgação.

Por Eduardo Gastaldo, engenheiro, especialista em economia compartilhada e CEO da Bewiki.

As grandes mudanças que acontecem na história não são perceptíveis inicialmente. Elas só são percebidas quando já estão estabelecidas. É nesse ponto da evolução da humanidade que nos encontramos. Há 10 anos, você provavelmente comprava CDs para ouvir músicas, hoje acessamos um volume infinitamente maior de opções musicais via serviços de streaming, como o Spotify. Em vez de ir a uma locadora para alugar um filme, você escolhe o que quer assistir sem precisar sair do sofá com serviços como Netflix e Prime Video. O Waze substituiu os mapas em papel e indica os caminhos, o Google responde às perguntas, aposentando as antigas enciclopédias. O carro particular virou meio de vida, a sociedade “uberizou”.

Tudo isso aconteceu em um espaço relativamente curto de tempo e sem que as pessoas sentissem essas transformações até que elas já estivessem, de fato, fazendo a diferença no seu dia a dia. O que todos os exemplos acima também têm em comum, é a economia compartilhada. Essa tendência, já consolidada em outros países, veio para ficar e permite que você utilize produtos e serviços na medida exata da sua necessidade. Com ela, em vez de comprar e pagar o preço de ter aquele produto ou serviço permanentemente, você se torna dono de algo pelo tempo que quiser, pagando pelo ativo apenas enquanto estiver usando.

A função da economia compartilhada é aproximar pessoas com interesses mútuos. O engajamento e a colaboração da comunidade têm um papel fundamental nesse novo sistema econômico baseado no compartilhamento de recursos humanos, físicos ou intelectuais. Claro que, tudo isso só é possível por conta do avanço da tecnologia. Antes éramos indivíduos, hoje somos seres conectados e isso mudou tudo. Essa conectividade que a tecnologia propiciou foi a força propulsora das grandes transformações que estão acontecendo no mundo não só na economia compartilhada, mas em todas as áreas. Os hábitos de consumo mudaram. O objeto do desejo migrou da posse para a experiência.

Na economia compartilhada o foco está na vivência. As pessoas estão mais interessadas em ser do que em ter. Você pode ser o dono do automóvel que deseja só nos dias que precisa sem imobilizar o dinheiro da compra e sem preocupação com seguro, IPVA, ou se o pneu está gasto. Assim não há desperdício e tudo fica mais acessível. No dia em que o carro ficaria parado na sua garagem, está rodando com outra pessoa.

Para dar uma dimensão da importância da economia compartilhada, as projeções indicam que ela irá movimentar US$335 bilhões em 2025 e pode contribuir com mais de 30% do PIB do setor de serviços no Brasil.

Ao mesmo tempo que gera ganhos à economia, esse novo jeito de viver democratiza bens e hábitos de consumo num momento em que o mundo vive escassez de recursos e crises econômicas. Um exemplo disso são os coworkings, escritórios compartilhados nos quais vários profissionais dividem o mesmo espaço e tempo gerando conexões exponenciais para seus negócios por um custo muito menor do que um escritório.

Além de oferecer produtos e serviços, a economia compartilhada já ensaia avanços que podem torná-la ainda mais estratégica no Brasil, aumentando a qualidade de vida das pessoas com a combinação de diversos espaços e serviços essenciais em um mesmo lugar. Empreendimentos que reúnem espaços para morar ou se hospedar e espaços para trabalhar em um mesmo prédio já começam a ser realidade no Brasil, fazendo com que as pessoas economizem tempo de deslocamento de um espaço para outro.

Algumas startups, como é o caso da Bewiki, já estão caminhando para agregar mais valor nessas combinações. Além de reunir espaços de moradia e trabalho, englobam também cuidados com a saúde, veículos compartilhados, estacionamento, gastronomia, consumo e lazer. Tudo no mesmo empreendimento e em um só aplicativo, facilitando o acesso ao usuário e gerando cash back com o uso dos diversos serviços. Uma inovação como essa otimiza o tempo das pessoas, ativo cada vez mais precioso no mundo em que vivemos. No Brasil, a consolidação de modelos de negócio baseados na economia compartilhada, além de trazerem benefícios para a economia, trazem também mais qualidade de vida para a população, democratizando o acesso a produtos e serviços antes fora de alcance.

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