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Dilemas éticos do meio ambiente, da tecnologia e da inteligência artificial

Foto: divulgação.

Por Carlos José Serapião, médico, coordenador do Instituto Dona Helena de Ensino e Pesquisa (Idhep) e idealizador do Simpósio Catarinense de Bioética.

A programação do 21º Simpósio Catarinense de Bioética, que ocorre no dia 25 de novembro, em Joinville, deverá trazer à luz importantes reflexões sobre três eixos fundamentais – o meio ambiente, a tecnologia e a inteligência artificial – no viés da ética. O primeiro deles é a questão ambiental. Nos estudos científicos do ambiente que fundamentam a preocupação ética, é importante considerar a sua estabilidade, que permitiu o desenvolvimento de seres complexos como o homem.

Recentes pesquisas sobre o clima e poluentes globais têm demonstrado que estão sendo alcançados limites máximos de perturbação do ambiente, que levam a considerar a possiblidade de sobrevirem modificações catastróficas imprevisíveis. As crises da biodiversidade se relacionam com duas grandes vertentes nas quais se identificam complexas razões:

  • Destruição para desenvolvimento e lucro, por parte de governos e companhias privadas.
  • Destruição para sobrevivência de uma rapidamente crescente população em alguns países no mundo.

Entre as implicações éticas dos desafios ambientais, podemos citar a redução do consumo e limitação do desperdício material – o que tem se tornado a principal tarefa ética das nações desenvolvidas, e representa um grande desafio – e a necessidade de ajustar o conceito de aspirações individuais, ou seja, aprender a viver de modo mais simples.

Duas grandes tragédias ameaçam a humanidade: aumenta o conflito entre as necessidades humanas e o respeito pela natureza; e perdem-se modernas e imprescindíveis aspirações filosóficas morais. Dessa forma, torna-se necessário continuar tentando construir valores éticos que ajudem as sociedades humanas a responder tais desafios.

Entre os princípios para ser alcançado um desenvolvimento sustentável, a proteção ambiental deve constituir parte integrante do processo de desenvolvimento, e não pode ser considerada de modo isolado.

Perda da diversidade?

Com relação à tecnologia e à inovação frente à ética, importante salientar que corremos o risco de perder a diversidade e profundidade da experiência humana por meio da importação de uma cultura de massa do entretenimento. É óbvio que houve progresso, e as culturas desenvolvidas têm grandes méritos na promoção da saúde humana. Por outro lado, o preço pago pelas pessoas em termos de estresse e perda do sentido pode ser alto demais.

O progresso técnico científico na medicina e humanização demonstra uma verdadeira revolução terapêutica, somando-se desde as sulfamidas com progressiva inovação terapêutica e no estudo científico do ambiente, e que fundamenta a preocupação ética. Outro aspecto é a chamada revolução biológica, representada pela engenharia genética – domínio da hereditariedade.

Em meio a todo esse desenvolvimento de novos conhecimentos científicos e instrumentais técnicos, surge a inegável necessidade da reflexão ética, como uma instância que busca salvaguardar a dignidade humana.

Os avanços científicos e tecnológicos no campo da medicina e da biologia também se fazem acompanhar por numerosas questões éticas. Não há dúvidas de que um dos primeiros aspectos da Inteligência Artificial (IA) no setor da saúde está representado pelos “bancos de dados”, nos quais se concentram como dados biológicos, imagens etc.

Ao considerar estes aspectos, podemos reunir algumas rubricas importantes:

  1. Proteção das informações referentes à vida privada, que é considerada legitima, em que os dados arquivados, são representados por parâmetros fisiológicos ou anatômicos.
  2. Próteses e órgãos artificiais destinados a substituir perdas fisiológicas importantes, que podem ser usados como vantagens fisiológicas ou aumentar o bem-estar.
  3. A noção de equidade no acesso às novas tecnologias, na dependência de fatores socioeconômicos.

Desse modo, torna-se evidente que o provimento de recursos técnicos da IA, terá considerável repercussão social, que já pode ser antecipada como um futuro certo, e que já pode ser prevenido, por meio da formação ética de pacientes e profissionais de saúde, para interagirem com “robots androides e avatars”.

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