Em terceiro lugar no ranking mundial dentre os países que mais produzem cerveja no mundo, o Brasil produz cerca de 15,4 bilhões de litros de cerveja anualmente, de acordo com uma pesquisa realizada pelo Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindcerv).
Porém, até mais ou menos 6 anos atrás, um dos principais ingredientes utilizados em sua fabricação, o lúpulo, responsável pelo amargor e aroma da bebida, tinha toda sua demanda importada de países como Estados Unidos e Alemanha, o que tornava o processo mais caro e com qualidade reduzida, devido ao tempo de armazenamento e transporte. Mas, isso está mudando, conforme explica Stéfano Gomes Kretzer, agrônomo especialista e consultor de cultura do lúpulo da Lúpulo do Vale.
No Brasil, a produção saltou de 9 toneladas em 2020 para 24 toneladas em 2021, conforme dados da Associação Brasileira de Produtores de Lúpulo (Aprolúpulo), um crescimento de 160%.
“O mercado cervejeiro brasileiro é cada vez mais exigente e demanda insumos de qualidade, visto que estamos competindo com um mercado internacional. E o lúpulo é fundamental para indústria cervejeira do país, influenciando diretamente na qualidade final e competitividade do produto, trazendo cada vez mais valor e prestígio para a cerveja produzida completamente com matérias-primas do Brasil”, afirma.
Dentro desse cenário de crescimento na produção, ele criou a Lúpulo do Vale, com a ideia de melhorar a qualidade da bebida produzida nacionalmente, prestando assessoria e consultoria aos produtores de lúpulo e as cervejarias.
“Estamos apenas começando a nos consolidar com a produção nacional, ainda importamos cerca de 3.200 toneladas de lúpulo por ano, então, é de extrema importância que todo produtor, cada tonelada do que produzimos tenha excelente qualidade para conseguir ter maior aceitação do mercado e ter maior sucesso na produção da cerveja e podermos depender cada vez menos do mercado externo”, explica.
O especialista explica que a plantação do lúpulo envolve vários detalhes técnicos, desde a implantação e desenvolvimento de plantas até a comercialização do lúpulo, não podendo haver margem para erros durante o cultivo, sob o risco de baixa produtividade e baixa qualidade, o que atrapalha na comercialização do produto final.
“Há sete anos fundamos a Besser Bier, hoje localizada em Trombudo Central. E assim como a maioria das cervejarias, também importávamos o lúpulo a ser utilizado em nossa cerveja. Nossa parceria com Kretzer, iniciou através do instagram. Meu marido, que é químico, entrou em contato com ele, foi conhecer a plantação e os lúpulos que ele estava produzindo. A partir daí, ao invés de comprarmos um lúpulo importado de alto custo, conseguimos a mesma qualidade, com o Comet da Lúpulo do Vale, também percebemos que nossa cerveja se tornou bem lupulada e aromática, a cerveja ficou ainda melhor do que as anteriores”, conta Aline Eddinger, gerente administrativa da Besser Bier.