Por que é preciso ampliar a participação feminina no cooperativismo

Existem inúmeros motivos para falar sobre o 8 de março, o Dia Internacional da Mulher. É mais do que uma data comemorativa.

Acredito que o mais importante é resgatar as conquistas femininas ao longo dos últimos séculos, lembrando que ainda há muito a avançar, e trazer à luz o debate sobre a importância de promover a igualdade não apenas no local de trabalho, mas em todos os lugares.

São muitas as desigualdades existentes na sociedade brasileira. A de gênero é apenas uma delas. Numa visão geral, no Brasil a participação feminina no mercado de trabalho é 20% inferior à dos homens. Apenas 54% das mulheres brasileiras em idade de trabalhar estão empregadas ou procurando emprego, contra 73% dos homens ocupando vagas. Para quem é mãe fica ainda mais difícil.

O nível de ocupação das brasileiras entre 25 e 49 anos com filhos de até 3 anos de idade é mais de 10 pontos percentuais inferior em relação às mulheres que não têm crianças. Os dados são do IBGE e da Fundação Getúlio Vargas.

Nunca é demais lembrar que as mulheres representam 51,1% da população do Brasil, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua do IBGE feita no ano passado. No país são 4,8 milhões de mulheres a mais do que os homens.

Vou me ater ao cooperativismo, assunto deste nosso bate-papo mensal. Divulgado no ano passado pelo Sistema OCB, o Anuário do Cooperativismo Brasileiro mostra que 60% do quadro social das cooperativas é formado por homens. Quando fechamos o foco na liderança do cooperativismo brasileiro, a participação masculina sobe para 80%.

Por que é inadiável aumentar a participação feminina não apenas nas cooperativas, mas em todas as organizações? Porque ela amplia a riqueza de olhares e a diversidade de discursos, porque agrega competências que tornam a organização mais eficiente e porque constrói um ambiente mais complementar e inclusivo. É muito melhor trabalhar em um lugar assim.

Na cooperativa de crédito onde atuo, a Unicred União, as mulheres ocupam 50% dos cargos de gestão. No quadro total de colaboradores e estagiários, a participação feminina alcança 72%. Mantemos um programa estruturado para cuidar do assunto e, recentemente, implantamos um Comitê ESG com a participação da presidência e de integrantes do Conselho de Administração no qual a igualdade de gênero é pauta permanente.

Mas temos consciência de que o mundo lá fora não é assim. Uma pesquisa publicada em fevereiro pelo jornal Valor Econômico mostra que, no setor financeiro, a parcela de mulheres na administração é de apenas 14,6%.

Sabemos que os esforços precisam ser redobrados quando se trata de promover transformações para equilibrar a nossa cultura e a sociedade. O 8 de março é um bom momento para refletirmos sobre isso.

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