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Tradição versus inovação nos ambientes jurídicos: há espaço para todos

Foto: divulgação.

Por Carolina Perroni Sanvicente e Gabriela Schirmer, sócias-fundadoras do escritório Perroni, Sanvicente & Schirmer Advogados.

Quando imaginamos o ambiente de um escritório de advocacia, a ideia que nos vem à mente é de um espaço decorado com estantes de madeira escura, apinhadas de livros, com homens trabalhando de terno e gravata e mulheres ostentando terninhos e scarpins, aquela típica imagem de um ambiente que ‘transpira’ sobriedade e que parece ter parado no tempo.

E essa associação, não dá para negar, faz sentido mesmo nos dias de hoje. Isso porque o mundo jurídico ainda se traveste de uma ‘aura’ de tradição, na qual a cultura da inovação – já tão difundida e assimilada em tantos outros setores, não consegue penetrar com facilidade. Não encaremos, porém, esta constatação como crítica; afinal de contas, a manutenção da chamada ‘velha cultura’ segue dando certo em muitos dos grandes escritórios no Brasil e no mundo.

No entanto, em tempos de difusão da cultura ESG – especialmente da preocupação com o ‘S’ de Social -, precisamos ressaltar que há espaço para o universo do Direito flexibilizar antigas fórmulas, abrindo, finalmente, espaço para a criação de ambientes mais leves, onde os colaboradores não fiquem presos a regras tão rígidas e possam atuar com mais liberdade e autonomia. Mas, principalmente, buscar um ambiente pautado na diversidade e inclusão.

Sim, porque é preciso reconhecer que, mesmo hoje, quando falamos do topo da carreira dentro dos escritórios de advocacia, percebemos que as mulheres têm muito menos espaço para crescer, ainda que sejam maioria entre os formandos na área. Só para pontuar essa realidade, nosso mercado emprega mão de obra feminina nas bases das bancas e na condução de determinadas práticas jurídicas, mas as mulheres ainda estão longe dos cargos de alta liderança. De acordo com levantamento do Anuário Análise Advocacia, que contempla 192 escritórios do país, 80% das bancas contam com mulheres à frente de áreas estratégicas, sendo que esse número cai para apenas 36% quando se trata de advogadas ocupando a posição de CEOs ou Sócia-Presidente.

Depois de uma larga experiência em grandes firmas tradicionais, foi justamente a isso que nos propusemos ao enveredar pelo empreendedorismo e montar nosso próprio escritório jurídico. A ideia foi definir o que, para nós, fazia ou não sentido dentro desse universo, criando, assim, um ambiente único, que tivesse a ‘nossa cara’ e refletisse a forma de pensar e os anseios de duas mulheres que ‘ousaram’ colocar seus sobrenomes na placa de uma firma dentro de um mercado ainda dominado pelos homens.

No nosso entendimento, os colaboradores devem ter voz o suficiente para moldar o ambiente em que trabalham. Portanto, se querem vir trabalhar vestidos da forma clássica ou informal, cabe a eles decidir. Se atuam a maioria do tempo em home office, ou preferem ir ao escritório todos os dias, também é uma escolha individual. Dar oportunidades iguais para todos, baseando-se não pelo gênero, mas pela capacidade profissional, também faz parte da nossa estratégia de crescimento e posicionamento no mercado no qual atuamos. E para termos êxito ao buscar oferecer um ambiente sadio, com oportunidades iguais para todos, implementamos, inclusive, uma metodologia para medir o nível de satisfação dos nossos colaboradores por meio de pesquisa. Com isso, em apenas três anos temos o orgulho de afirmar que conquistamos nosso espaço, já sendo referência não só para o cliente que busca um atendimento diferenciado, mas pelos próprios profissionais da área que desejam estar dentro desse ambiente.

Com esse breve relato pessoal, a proposta não é nos embrenharmos em uma disputa que aponta erros e acertos dos modelos tradicionais e daqueles mais inovadores, que como o nosso começam a despontar na área. Isso não vem ao caso, já que, no mundo jurídico, a tendência é que as duas culturas ainda convivam no longo prazo, ambas mostrando-se benéficas sob cada ponto de vista.

O importante é mostrar que, sim, há espaço para quem quer fazer diferente. E que esse modelo inovador pode ser bem sucedido. Como mensagem final, o que podemos afirmar é: aos que desejam tomar o risco, vão em frente! O Direito pode ir muito além daquela caixa em que nos colocaram.

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