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O cooperativismo e a ‘nubankização’ da vida financeira

Foto: divulgação.

Se você é ou convive com jovens, já sabia. Uma pesquisa recente mostra que mais da metade dos jovens brasileiros usa bancos digitais, os chamados neobancos.

Segundo levantamento da fintech Mambu, 52% das pessoas entre 18 e 35 anos usam esse tipo de instituição financeira como a principal, no lugar dos bancos tradicionais.

Isso é fruto do que os pesquisadores consideram “maturidade tecnológica do mercado”. Em outras palavras, significa que a tecnologia deu às pessoas maior acesso aos produtos e serviços bancários, e a um custo menor, já que dispensa a estrutura física.

De acordo com a pesquisa, os produtos financeiros mais usados pelos clientes dos neobancos são cartões de débito (69%), pagamentos em geral (67%) e poupança (52%), ou seja, não há grandes mudanças em relação ao uso das contas tradicionais.

O novo cenário impõe desafios para o setor financeiro, e isso inclui não apenas os bancos, mas também as cooperativas de crédito.

Jovens que consomem hoje o pacote básico de serviços, quase sempre a custo zero, tendem a adquirir novos produtos bancários à medida que novas necessidades financeiras surgirem.

O consórcio para comprar o carro, o crédito para montar um negócio, o financiamento do apartamento próprio etc, tudo isso vem junto com as próximas etapas da vida. É aí que os neobancos almejam fidelizar a carteira de clientes no futuro.

As cooperativas de crédito estão atentas aos movimentos tectônicos do mercado financeiro. Na frente de tecnologia, com investimento consistente e acelerado na última década, elas não ficam a dever em relação aos neobancos.

Sem necessidade de ir à agência física e sem pagar mais por isso, o cooperado movimenta a sua vida financeira tranquilamente e ainda leva uma série de vantagens.

Porém, é exatamente neste território, o das vantagens, que o cooperativismo de crédito precisa acelerar a comunicação e conversar melhor com os jovens.

Trago outra pesquisa: 60% dos jovens com até 30 anos querem ser empreendedores, revela um levantamento recente do Grupo Globo.

Só que nem todo jovem vê que cooperar é empreender. Ao ingressar numa cooperativa, o cooperado vira dono. Participa das decisões e do resultado de cada exercício como todo empreendedor.

Outra vantagem das cooperativas: uma pesquisa divulgada há menos de um ano pela HSR – Specialist Researchers mostra que jovens de 26 a 40 anos querem consumir com propósito, seja ligado a causas ambientais, sociais ou à diversidade. Para 53% de quem tem entre 18 e 25 anos, este é o principal critério na hora de decidir pela compra.

É nessa dimensão, a do propósito, que reside talvez a grande diferença das cooperativas, e que elas precisam explicar melhor. Com quase 200 anos de existência, o cooperativismo tem no DNA o compromisso de espalhar benefícios.

O interesse pela comunidade é um princípio do movimento colocado em prática por cooperativas do mundo inteiro, com resultados consistentes que podem facilmente ser relatados aos jovens.

No meu livro Coopbook Diálogos, destaco uma frase do divulgador do cooperativismo Luís Cláudio da Silva, da plataforma MundoCoop: “o cooperativismo precisa sair logo da segunda página e virar manchete.” É urgente, e na linguagem dos jovens.

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CEO de cooperativa de crédito, autor de livros sobre cooperativismo e Influenciador Coop do Sistema OCB.

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