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Procuram-se vidas inteligentes nas universidades

Foto: divulgação.

Por Adriano Albano, consultor e gestor da área de educação, idealizador do projeto Como Construir um Polo EAD de Milhões.

Há três décadas, um dos requisitos importantes para a definição de uma profissão e crescimento na carreira era a formação superior,  porém, o acesso a universidade era privilégio de poucos. Em 1991, apenas 1.560.000 brasileiros eram universitários.

Com a proliferação de novas instituições particulares, bem como de metodologias inovadoras o acesso ao ensino superior se tornou mais democrático. Em 2021, o número de universitários passou para 9 milhões, representando 475% de crescimento. No ensino privado o crescimento foi ainda maior, chegando a 645%.

Mas a entrada de um maior número de universitários representou um aumento do número de pessoas qualificadas? Em partes sim. Porém, muitos entenderam que, em função da exigência cada vez maior do mercado de trabalho, era preciso aproveitar essa democratização do acesso para finalmente entrar na universidade – mas não necessariamente para aprender.  Hoje, apenas 26,3% dos estudantes que ingressam em um curso superior, se formam. E o alarmante é que boa parte dos desistentes o faz quando descobre que é preciso estudar e se dedicar, e assim, pulam fora.  Não é à toa que é cada vez maior a guerra comercial nesse mercado valorizando o menor preço, sem relevância para o que de fato está sendo entregue nessa aquisição. Não sendo importante se recebem o que compram, há uma “falsa economia”, com dinheiro “comprando nada”. Mas estes talvez ainda não estejam cientes que o mercado cobrará o conhecimento, e não necessariamente só o diploma.

E o que as universidades estão fazendo diante desse cenário? Em nome do imediatismo, estão entrando no jogo, pressionadas pela entrega de resultados de matrículas. Se é preço que o mercado quer, diminuem os investimentos no produto a ser entregue, e os departamentos de marketing e comercial intercalam entre campanhas promocionais, bolsas e primeira mensalidades grátis, sem a menor criatividade e sem interesse em ir mais a fundo. As campanhas são as mesmas, só mudam de nome e de CNPJ. 

Muitas das instituições, seja da modalidade presencial e/ou a distância têm um portfólio invejável, com um trabalho sério em produzir conteúdo de qualidade, integrando empresa e universidade para oferecer uma grade curricular atualizada e de acordo com as necessidades do mercado. Há ainda o compromisso sério como o acompanhamento e resultado do aluno, e com a sua inserção no mercado. Muitos são ainda os investimentos em metodologias inovadoras e atrativas, tudo isso resultando nos melhores indicadores de qualidade do mercado. 

Mas inclusive estas caem na armadilha da comunicação de preço, sem entrar nestes diferenciais importantes e determinantes para o aprendizado. 

As universidades não aprenderam lições de marketing que elas próprias ensinam em seus cursos, onde é necessário agregar valor e construir marcas fortes, influentes e relevantes para a comunidade. 

Uma universidade, seja aquela tradicional da região, ou mesmo um polo de apoio presencial que representa a sua universidade naquele local, precisa entender o seu papel na influência, preparação e incentivo ao jovem e profissionais da comunidade. 

É preciso que esta crie e se envolva em projetos regionais que incentivem a formação superior, e mostre os benefícios deste. 

É preciso fazer um trabalho em conjunto com as empresas para motivar seus colaboradores para se desenvolverem e crescerem, e não apenas realizar meros convênios de descontos.

É preciso ir além, trabalhando junto às escolas para incentivar os jovens a continuarem os seus estudos, e que não parem no ensino médio. 

É preciso trabalhar, junto aos veículos de comunicação, a mídia espontânea, desmistificando metodologias importantes que agregam e permitem a entrada na Universidade de quem não poderia estudar. 

É preciso criar oportunidades para as pessoas terem acesso à informação gerando pílulas de conhecimento, pegando gosto pela área, como “degustação”. 

É preciso envolver os próprios alunos no propósito de influenciar pessoas, para que todos possam ter o mesmo nível de ensino de qualidade que estão tendo, além de fazer a diferença através de projetos de extensão de interesse público, que acaba virando vitrine e inspiração.

E é preciso envolver o poder público e entidades de classe em projetos de incentivo, melhorando os indicadores de desenvolvimento local.

O verdadeiro sentido para o aluno e para a universidade é a permanência destes alunos e a sua efetiva formação. Há muitos projetos importantes a serem realizados, investindo em campanhas de conscientização e ações, sendo mais inteligente do que simples campanhas de preço.

Ser universidade requer muito mais que matricular, mas ser a responsável pelo desenvolvimento da região, em conjunto com seus stekeholders.

E como ficam os resultados necessários para a sobrevivência da universidade? Quanto melhor for esse trabalho, mais respeitada e desejada será esta universidade, atraindo mais alunos (com um topo de funil mais qualificado) e a permanência aumentará.

E o aluno? Estará mais consciente da necessidade de investir no conhecimento, com maior propensão a continuar e se formar.

Procuram-se vidas inteligentes nas universidades!

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