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Profissionalismo e planejamento: as chaves para a atração de investidores pelas startups

Foto: divulgação.

Por Gabriela Schirmer, fundadora e sócia do PS&S.

Após o boom das startups, desde o ano passado o segmento vem apresentando baixas, dando os primeiros sinais de alerta com a baixa gradual dos investimentos e ficando mais aparentes ao público geral com os processos de layoffs daquelas já consolidadas.

Segundo levantamento da KPMG, os fundos de Venture Capital (VC) focados em empresas de médio porte investiram US$ 164 milhões, cerca de R$ 819,7 milhões, em startups brasileiras no primeiro trimestre deste ano, sendo esse valor inferior ao registrado no primeiro semestre de 2019, antes do boom do setor em solo brasileiro.

Ainda, em 2022, os fundos de VC que aportam apenas no Brasil captaram US$ 639 milhões (cerca de R$ 3,2 bilhões), apresentando uma queda de 20% em relação a 2021 e, neste mesmo período, as startups brasileiras receberam investimentos de US$ 3,9 bilhões (aproximadamente R$ 19,5 bilhões), representando 51% a menos que no ano anterior.

Frente a esse cenário, é fundamental explicar que o ocorrido nos anos de 2020 e 2021 foram uma oscilação de mercado desproporcional, e que a volta dos números ao que se tinha no cenário pré-pandêmico tem sido apontadas por especialistas como um ajuste de curva necessário, mais próximo à realidade e ao que se deve esperar do mercado daqui para frente.

Então, nesse contexto, como tornar uma startup suficientemente interessante para atrair investidores? Essa parece ser a questão do momento e que, para ficar ainda mais complexa, vai muito além do pragmatismo, já que, a começar pelo ponto mais atingido, o valuation, há que se trabalhar o reconhecimento do fundador que um possível down ground seja a decisão mais acertada e que poderá, inclusive, salvar o negócio.

Isso posto, ficou evidente com o atual cenário que é urgente que o mercado de startups no Brasil eleve o nível de profissionalismo e análise estratégia de médio e longo prazo. Ao que tudo indica, a era onde uma fraca demonstração financeira servia como base para a determinação de um valuation, onde as startups não se preocupavam com um business plan robusto e onde a participação em eventos e competições valia mais que o próprio dia a dia do negócio, chegou ao fim.

Desse modo, aquelas startups que pretendem seguir vivas precisam, necessariamente, saber para onde querem ir, quais os meios que pretendem utilizar para chegar ao objetivo final, quais metas precisam estabelecer dentro do curto, médio e longo prazo, em qual o espaço de tempo e, principalmente, qual o esforço que podem e pretendem investir nessa trajetória.

Sem um plano estratégico bem elaborado, metas definidas e riscos previstos e calculados, ficará cada vez mais difícil que um investidor aposte na sua startup, por mais que a ideia seja interessante e aparentemente “atraente”.

Há, portanto, como toda a crise, uma grande oportunidade: aquelas startups que se propuserem a – talvez voltando alguns passos – estruturar sua trilha de forma robusta e coerente com a realidade terão um diferencial competitivo gigantesco em relação às demais, e por consequência possibilidades bem mais palpáveis de atrair novos investidores.

E, por mais que em toda resposta de investidores e fundos quando questionados sobre o atual momento do mercado, a frase “para startup boa, não falta e nem faltará dinheiro” esteja presente, é essencial que a startup e seus fundadores leiam nas entrelinhas e façam o dever de casa, entendendo que as métricas de qualidade de uma startup são muito diferentes daquelas uma vez apontadas.

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