Em meio ao contínuo avanço da tecnologia digital, o cenário das redes sociais tem sido palco de intensas competições. Entre os gigantes da indústria, uma disputa peculiar tem captado a atenção de usuários e especialistas: Twitter versus Threads.
Twitter, o célebre serviço de microblogging, se destaca por permitir que os usuários compartilhem pensamentos e ideias de forma rápida e concisa. Ele é conhecido por ser uma plataforma confiável para debates públicos, notícias e eventos ao vivo. No entanto, o controle de conteúdo ofensivo e a desinformação ainda são desafios para a plataforma.
Por outro lado, Threads, o recém-chegado no setor, tem causado agitação com seus números impressionantes de usuários em tempo recorde. Desenvolvido por ex-funcionários do Twitter sob a liderança de Mark Zuckerberg, a nova rede social atraiu 100 milhões de usuários em sua primeira semana, com 30 milhões de usuários somente nas primeiras 24 horas.
O ponto forte do Threads está na facilidade de uso: os usuários podem se conectar facilmente por meio da sua conta do Instagram. Entretanto, apresenta algumas desvantagens significativas, incluindo a impossibilidade de manter perfis separados, ausência de uma tela dedicada aos “trending topics” e problemas com sua versão para navegadores.
As tensões entre as plataformas cresceram ainda mais com as acusações recentes de plágio feitas pelo Twitter contra a Meta, a empresa proprietária do Threads. Alega-se que a Meta aproveitou segredos comerciais do Twitter, obtidos por meio de ex-funcionários, para acelerar o desenvolvimento da recente rede social, uma alegação que a Meta nega veementemente.
Durante minha entrevista sobre o assunto para o portal Olhar Digital, ressalto a ousadia dos gigantes da tecnologia, sugerindo que Elon Musk e Mark Zuckerberg são os “Leonardo da Vinci” da era moderna. Em minha opinião, o usuário final se beneficia dessa competição acirrada, uma vez que proporciona inovação e diversidade. O desafio para essas plataformas, contudo, é manter a individualidade em um cenário onde muitos buscam se tornar um superaplicativo.
O que é um superaplicativo?
O conceito, já amplamente difundido na Ásia através de plataformas como PayTM e GoJek, parece ser uma vertente que Musk está investigando. Esta ideia vem à tona com o recente anúncio de que o Twitter, após uma reformulação de marca, passará a ser conhecido e atuará como “X”.
Impulsionado pela inteligência artificial, o “X” almeja não apenas a interatividade ilimitada, mas também a incorporação de serviços bancários, transformando-se em um verdadeiro superaplicativo ao estilo do chinês WeChat.
O WeChat emergiu na China em 2011, originalmente como um aplicativo de mensagens instantâneas. Devido à política restritiva do país, que não permite a entrada de redes sociais estrangeiras como o Facebook e o Instagram, a China viu a necessidade de criar sua própria versão do WhatsApp. Com o decorrer do tempo, o aplicativo ganhou uma imensa base de usuários, atualmente, ultrapassa a marca de 1 bilhão, e passou a ser reconhecido como um superaplicativo.
Nele, além da possibilidade de trocar mensagens por vídeo, texto e áudio, os usuários podem compartilhar conteúdo com familiares e amigos, jogar games, reservar acomodações em hotéis, realizar compras e pagamentos, efetuar transações financeiras para outros indivíduos e até mesmo acessar serviços disponibilizados pelo governo chinês.
Será esse o objetivo final de Elon Musk com o “X”?
Elon Musk no Twitter: desafios e mudanças
No entanto, mudanças ocorridas recentemente não têm sido isentas de críticas. Desde que Musk assumiu o comando do Twitter, a plataforma enfrentou resistência por parte de usuários e ex-funcionários, com ações judiciais e demissões massivas manchando a reputação da empresa.
É importante salientar que, desde a aquisição da plataforma pelo empresário em outubro do ano passado, por um total de 44 bilhões de dólares, o seu valor de mercado diminuiu para um terço desse montante. Na minha visão, uma das principais razões para isso é a falta de inovações disruptivas e ousadia na liderança do empresário.
Porém, a recente mudança da marca Twitter para “X” e a nova ambição de se transformar em um superaplicativo pode, potencialmente, superar as expectativas, tanto da empresa quanto do público.
Então, o que esperar para o futuro?
Nessa guerra entre gigantes da tecnologia, é difícil prever um vencedor claro. Enquanto Threads tenta conquistar espaço no mercado, Twitter, ou melhor, “X”, busca se reinventar sob a direção de Musk. Mas uma coisa é certa: nesse confronto, o maior beneficiado é o consumidor final. Com cada plataforma lutando para oferecer o melhor serviço, os usuários podem esperar por mais inovações e melhorias em suas redes sociais.
Afinal, em briga de cachorro grande, ganha é quem está na plateia. Ou, neste caso, quem está navegando.
Confira a entrevista para o portal Olhar Digital na íntegra: