Por Geraldo Campos, CEO da Sapienza, e Luciano Bitencourt, jornalista.
Instituições de ensino superior localizadas fora de grandes centros urbanos têm buscado formas de contribuir para o desenvolvimento do ecossistema de produção regional, sobretudo como esforço para resistir ao que se costuma chamar de “exportação de cérebros”. E a educação empreendedora cumpre papel essencial nesse processo.
Na avaliação do coordenador de empreendedorismo e incubação de empresas da Universidade Federal do Rio Grande, Aléssio Almada da Costa, a instituição de ensino já oferece um bom “background” em áreas de conhecimento necessárias para o desenvolvimento do ecossistema costeiro da região. Estimular a cultura empreendedora nas salas de aula da FURG é um complemento importante.
“Eu acho que é um dever nosso, enquanto prestadores de serviço público, absorver a inovação que gera economia de tempo, gera economia de recursos, enfim, oferece uma série de contribuições, inclusive com exemplos, para que o setor empresarial também possa acompanhar esse movimento”, sinaliza Aléssio.
Nos últimos dois meses, a Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da universidade (Innovatio) e a Sapienza promoveram uma jornada empreendedora para estudantes de diferentes áreas e comunidade externa em um programa de pré-incubação considerado inovador.
Além da orientação no desenvolvimento de novas startups, a metodologia usada na formação de empreendedores e desenvolvida pela Sapienza incluiu também a capacitação de colaboradores técnico-administrativos e professores como mentores. É uma forma de agregar competências para negócios aos conhecimentos acadêmicos.
“Eu acho que essa questão do técnico e do professor se aproximarem aqui da incubadora é muito importante. Principalmente o professor, que quer gerar valor para os estudantes. É interessante ter o professor dialogando com o olhar para o mercado, para gerar transferência de tecnologia por meio de startups”, afirma o coordenador de empreendedorismo e incubação de empresas.
Os projetos selecionados para pré-incubação, na avaliação da Innovatio, têm já ideias amadurecidas, mas precisavam de reforço na “mentalidade empreendedora” para enxergar oportunidades nos nichos de mercado em que se propõem a atuar e viabilizar soluções para a região.
Eloisa Johann, da Sapienza, sinaliza que as instituições de ensino fora dos grandes centros estão buscando metodologias para estimular o desenvolvimento de negócios na região onde atuam, aliadas a um suporte adaptado à realidade local.
O programa de pré-incubação e formação de técnicos e professores em mentores da FURG se encaixa nesse cenário. Tanto que um novo ciclo tem edital pronto para abrir no próximo semestre.