A saúde mental do CEO é um ponto crucial para o sucesso ou o fracasso do negócio, porque nele está o peso das decisões, a cultura e os direcionamentos de mercado da empresa.
Tamanha responsabilidade traz status e reconhecimento, mas também envolve uma rotina de trabalho intensa e de alta pressão.
Com isso, surgem os desafios emocionais e mentais, que se não forem observados e tratados a tempo podem pôr em risco o bem-estar do executivo e do negócio.
Um estudo recente conduzido pela Fundação Oswaldo Cruz mostra que mais da metade dos líderes (55%) no país, relatam apresentar sintomas de estresse e ansiedade.
No universo das startups o impacto dos CEOs sobre o desempenho da empresa é ainda mais presente, uma vez que os empreendimentos passam por diferentes estágios de validação e operação até se consolidarem.
A “conta” sobre a saúde mental dos CEOs também é alta: segundo pesquisa publicada neste ano pela plataforma Snapshot feita com 400 fundadores de startups no mundo, 72% dos respondentes afirmaram que sua saúde mental foi afetada pela jornada empreendedora. Dentre os pesquisados, 37% também relataram enfrentar problemas de ansiedade.
Para Rodrigo Roncaglio, CEO da Guia da Alma, especializada em soluções de saúde mental como benefício corporativo, quando esses problemas psicológicos e desgastes emocionais acontecem, eles podem afetar não só o CEO, mas a organização que ele representa:
“Se um líder sofre com problemas de saúde mental, pode ter dificuldades para tomar decisões assertivas, lidar com crises de forma eficaz e manter uma visão estratégica clara. A cultura organizacional também pode ser afetada e isso é prejudicial aos negócios”.
Segundo o especialista, além de cuidar da própria saúde mental, é preciso agir pelo exemplo e passar para a equipe o quanto é importante esse cuidado para o bem-estar pessoal e o clima organizacional.
“Executivos que têm uma visão de autocuidado e saúde integral, demonstram maior capacidade e facilidade de liderar equipes em torno do tema”, reforça.
Mas como desenvolver uma mentalidade vencedora? Pensando em ajudar os CEOs na construção de um estilo de vida mais saudável, ele cita 10 estratégias para CEOs colocarem em prática para ter mais saúde mental e alta performance. Confira abaixo:
1. Invista no autoconhecimento
O autoconhecimento é fundamental para aperfeiçoar seus hábitos e ter uma rotina mais leve. Ocupe parte do seu tempo para se conhecer melhor, identificar pontos fortes e suas necessidades, estipule os seus limites. Entender esses padrões de pensamento e emoções ajuda a criar estratégias eficazes de autocuidado e a desenvolver a inteligência emocional no trabalho, ajudando a lidar melhor com a pressão. Fazer um plano de ação e executá-lo visando um dia positivo é uma boa forma de atingir seus objetivos com tranquilidade.
2. Equilibre as atividades pessoais e profissionais
Equilibre sua rotina pessoal e a atuação como CEO. No trabalho, realize pausas entre as reuniões e tarefas, e, fora dele, desacelere e foque sua atenção na rotina pessoal, atividades físicas, de relaxamento, e momentos de lazer com família e amigos são indicados. Quando o CEO não consegue se desligar do trabalho, está mais suscetível a problemas de saúde mental, como o Burnout. Assim, outra dica é utilizar a Técnica de Pomodoro, que consiste em delimitar tempos para atenção total e para momentos de descompressão.
3. Gerencie o estresse
Existem formas de aliviar o estresse, um exemplo é reservar alguns minutos do dia para realizar técnicas que ajudem a relaxar. Segundo a Universidade Johns Hopkins, meditar por 30 minutos pode ajudar a aliviar sintomas de ansiedade, depressão e dores crônicas.
4. Cuide do corpo
Cuidar do corpo também é uma boa maneira de estimular a saúde mental. Manter o corpo em movimento, uma alimentação equilibrada e dormir tempo suficiente traz impactos significativos para corpo e mente. Além da liberação de serotonina e endorfina no organismo, apenas 15 minutos de caminhada, por dia, ajuda a reduzir em 26% os riscos de desenvolver depressão, conforme estudos da Escola de Saúde Pública de Harvard.
5. Forme uma rede de apoio
O CEO tende a ter uma rotina de trabalho mais isolada e enfrenta a falta de colegas com quem possa compartilhar abertamente suas preocupações. Para mitigar isso, é indicado procurar profissionais que possam oferecer suporte emocional e ações para lidar com os desafios da vida corporativa. Trocar experiências com outros CEOs pode estimular relacionamentos saudáveis e fortalecedores e servir como fonte de suporte e ideias.
6. Aprenda a delegar
Segurar todo o peso do trabalho nas costas é um fardo que o CEO não deve carregar. O microgerenciamento ou controle em excesso impedem o crescimento da empresa. O ideal é aprender a delegar responsabilidades e confiar na sua equipe, estimulando o pertencimento das pessoas à organização. Isso vai reduzir sua carga de trabalho e vai permitir que tenha um foco maior em atividades que dependem exclusivamente do CEO. O uso da Matriz de Eisenhower é um bom exemplo para gerenciar melhor seu tempo e delegar tarefas.
7. Pratique o essencialismo
Entender (e praticar) o que é necessário e o que é dispensável pode ajudar o CEO a se concentrar naquilo que realmente importa. Investir energia e tempo apenas ao que é essencial vai aumentar o seu desempenho e motivação. Às vezes, o CEO tem tantas demandas e responsabilidades, que tende a colocar tudo como prioridade, e uma sensação de frustração surge quando não consegue realizar todas elas. Analise os dados e métricas da companhia e da sua agenda, destacando o que realmente é essencial para atingir suas principais metas.
8. Seja um líder inspirador
CEOs têm poder de decidir, influenciar e motivar a equipe para alcançar os resultados desejados. Saber que tipo de liderança você exerce fará com que você consiga lapidar seus pontos fracos e evidenciar suas qualidades enquanto líder. Dar abertura para feedbacks construtivos pode ser um bom caminho para se reconhecer como líder e inspirar pessoas.
9. Desenvolva habilidades
Hard skills são essenciais para o conhecimento técnico e o desenvolvimento de competências comportamentais. E para os CEOs, além delas, as soft skills podem ser um meio importante de contribuir para a tomada de decisões dentro e fora da empresa e para seu bem-estar emocional e das pessoas ao seu redor. Dentre as habilidades indicadas para aprimoramento estão Comunicação não-violenta, inteligência emocional e empatia. A educação emocional pode vir de terapias, mentorias, cursos, treinamentos, entre outros.
10. Invista em uma cultura saudável
Criar um código de cultura mais humanizado, aderir a ações de ESG e promover programas de saúde mental na organização pode ajudar a formar um ambiente de trabalho mais produtivo, leve e acolhedor, para o CEO e os funcionários. Além disso, reduz quadros de ansiedade e estresse, afastamentos e episódios de inseguranças emocionais. Essa prática ajuda os negócios a terem melhor reputação, resiliência, solidez e, claro, resultados.