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1 ano de 5G em Florianópolis e SC

Foto: 영주 조/AdobeStock

Por Fernando Gomes de Oliveira, coordenador do Grupo de Trabalho do 5G da ACATE.

Esta semana completamos um ano desde a liberação para a ativação do 5G em Florianópolis. Junto com o Rio de Janeiro, Palmas e Vitória, o sinal chegou em 22 de agosto de 2022 à capital catarinense, Florianópolis, tornando-a a 9ª cidade brasileira a receber a tecnologia.

Desde então vimos um crescimento na cobertura (das 40 antenas que entraram em operação há um ano, hoje são 119 estruturas espalhadas pela cidade) aumentando a disponibilidade do sinal, que ainda se concentra na região central da cidade e nas praias do norte, destacadas no mapa abaixo:

Figura 1 – Estações 5G licenciadas em Florianópolis. (Fonte: ANATEL)

O avanço também foi visto em outras regiões do Brasil, ainda que apenas as 27 deveriam ter a cobertura 5G, esse número já é significativamente maior, hoje 152 cidades já possuem o sinal, com quase 14 mil ERBs. Em Santa Catarina, além de Florianópolis, o sinal também já está em operação em São José, Joinville, Jaraguá do Sul e Criciúma.

Figura 2 – Número de cidades brasileiras com 5G em operação. (Fonte: ANATEL)

A ativação do 5G depende da conclusão de um trabalho de limpeza do espectro

O 5G opera na faixa de 3.5GHz, que é muito próxima da recepção do sinal de satélite na banda C, e para garantir a convivência entre os serviços é necessária a instalação de filtros nas antenas parabólicas que operam na banda C (figura 1). Foi criada, por determinação da Anatel, uma associação sem fins lucrativos, a Siga Antenado, formada pelas operadoras vencedoras do leilão, e que tem a função de executar as atividades de limpeza do espectro e da migração do sinal de TV aberta via satélite da banda C para banda Ku.

Uma vez instalados os filtros nas estações terrenas cadastradas na Anatel, o município torna-se apto a receber o sinal do 5G.

SC tem 187 cidades liberadas para o 5G, estações licenciadas em 11 delas e em 5 o sinal 5G já está ativo

Junto ao aumento da infraestrutura, também há muito mais opções de smartphones, de 62 aparelhos homologados pela Anatel em julho do ano passado, quando o 5G foi ativado em Brasília, para 130 em julho deste ano, de acordo com dados da Anatel e da Conecte5G.

Figura 3 – Número de smartphones certificados no Brasil. (Fonte: ANATEL)

Outro ponto não menos importante é a lei das antenas. O 5G, por trabalhar em frequências mais altas, requer quantidade maior de antenas, de 5 a 10 vezes mais, dependendo da situação. Por outro lado, a infraestrutura de antenas necessária é diferente, as características de irradiação eletromagnética permitem o uso de antenas menores e o desenvolvimento tecnológico trouxe sistemas mais compactos, o que também muda as características de instalação e do consequente licenciamento junto aos municípios. Segundo a ABRINTEL, atualmente, 407 municípios já adequaram a lei das antenas. Esse número, que representa apenas cerca de 7% das cidades, traz uma ponderação significativa: esses municípios são o lar de 44% da população brasileira, equivalente a 91 milhões de habitantes. É um dado que ressalta o impacto dessas legislações nas áreas mais densamente povoadas do país.

O advento da rede 5G em Florianópolis e em todo o estado de Santa Catarina representa uma revolução potencial no mundo das telecomunicações. No entanto, para que os benefícios do 5G se concretizem plenamente, é fundamental que aplicações e serviços específicos para essa tecnologia sejam desenvolvidos e implementados. Imagine a rede 5G como uma rodovia de alta velocidade; por mais que tenhamos essa estrutura sofisticada, sua verdadeira potência só será percebida quando tivermos veículos – neste caso, aplicações – capazes de aproveitar toda essa velocidade e eficiência. Atualmente, uma das maiores barreiras é justamente o desenvolvimento dessas aplicações, que permitirão experiências como realidade virtual sem latência, cirurgias remotas, e cidades inteligentes. Portanto, para desfrutarmos verdadeiramente do 5G, é tão importante investir nas aplicações específicas quanto na própria infraestrutura da rede.

É fundamental coordenar e aproximar todo o ecossistema

A ACATE e seus associados, por meio da Vertical Smart Cities, exerceu papel importante neste último ano, promovendo informações técnicas sobre a rede 5G à sociedade e órgãos de governos. “Nós somos o Hub de conexão entre diferentes atores e estamos atuando fortemente no apoio a órgãos legislativos, além de executar diversas ações que estimulem os empreendedores a desenvolver aplicações, como reuniões, eventos, e publicações em mídias”, destaca Thaís Nahas, diretora da Vertical de Smart Cities da ACATE.

O Grupo de Trabalho do 5G, estabelecido em 2021, dedica-se especialmente a dois importantes temas:

1) Educação e Legislação: Trabalhamos para esclarecer aos governos municipais sobre a tecnologia 5G, enfatizando a necessidade de modernizar e adaptar a legislação local. A nova geração de antenas, mais compactas e eficientes, exige uma abordagem atualizada, permitindo processos de licenciamento mais ágeis e econômicos.

2) Desenvolvimento Tecnológico: Nosso objetivo é liderar e inspirar o caminho para as empresas de tecnologia de Santa Catarina, mostrando-lhes o potencial do 5G. Ao identificar oportunidades e desenvolver soluções inovadoras, essas empresas podem não apenas ampliar seus portfólios, mas também ganhar uma vantagem competitiva nos mercados, tanto no Brasil quanto internacionalmente.

 Santa Catarina tem mostrado sua proatividade, posicionando-se como o segundo estado brasileiro com o maior número de municípios adaptados, um total de 65. Com seus esforços concentrados, São Paulo lidera a lista com 145 cidades, enquanto o Rio de Janeiro ocupa a terceira posição, com 43.

Contudo, ao observar o panorama por uma ótica percentual, revela-se uma imagem interessante: aproximadamente 47% dos municípios do Rio de Janeiro estão adaptados, em comparação com as taxas de 22,4% de São Paulo e 22% de Santa Catarina. Essa observação desencadeia uma reflexão crítica. Santa Catarina, anteriormente em segundo lugar, foi recentemente superada por São Paulo, em grande parte devido à mobilização eficaz da InvestSP.

O ritmo mais lento de progresso em Santa Catarina neste ano contrasta fortemente com as conquistas do ano anterior. O desafio agora é recuperar o ímpeto e capitalizar sobre os aprendizados. Em meio a esse cenário, continuamos a dialogar com diversas entidades, como Secretaria da Ciência, Tecnologia e Inovação de Santa Catarina – SCTI, Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina, CIGA – Consórcio de Inovação na Gestão Pública e FECAM – SC, buscando sinergias e estratégias para acelerar a adaptação à nova legislação e tecnologia.

Enquanto São Paulo tem se destacado pelo exemplo de ação coordenada e estratégica, para Santa Catarina o momento atual exige introspecção e ação, para garantir que não apenas alcancemos, mas também lideremos a corrida 5G no Brasil. Entendido. Vou tentar com um tom mais crítico.

Apesar dos avanços iniciais na implementação do 5G em Santa Catarina, o ritmo recentemente desacelerado em comparação a outros estados, como São Paulo, é motivo de preocupação. A adoção tecnológica não é apenas uma questão de infraestrutura, mas também de visão e estratégia. O verdadeiro valor do 5G será percebido através de aplicações práticas que transformam o cotidiano e o mundo dos negócios. Santa Catarina tem a oportunidade, mas também o desafio, de repensar sua abordagem, intensificar seus esforços e não apenas acompanhar, mas definir o ritmo da revolução 5G no Brasil.

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