Por Josy Santos, líder da unidade de negócios de empreendedorismo feminino na Semente Negócios.
A inteligência emocional é uma habilidade fundamental para as mulheres empreendedoras. A capacidade de reconhecer, compreender e gerenciar as próprias emoções e de pessoas ao redor, não é uma habilidade para todos e bebe ainda de outras fontes, como autoconsciência, autogestão emocional, empatia e processos sociais importantes, como a comunicação.
Pessoas que possuem um grau elevado de inteligência emocional são capazes de lidar com situações difíceis, tomar decisões importantes e construir relacionamentos saudáveis e produtivos. Para as mulheres empreendedoras, a habilidade permite que gerenciem as emoções e os desafios que surgem ao longo do caminho de criação e desenvolvimento de um negócio.
Existem 5 pilares para a inteligência emocional, sendo eles: autoconhecimento, controle emocional, automotivação, empatia e saber se relacionar. Todos estes pontos são interdependentes. Primeiro, porque é importante reconhecer e compreender as próprias emoções e como elas afetam o comportamento (autoconhecimento). E isso diz muito do lugar da empreendedora, que precisa ser capaz de entender suas emoções para tomar decisões eficazes e lidar com situações das mais variadas. O que nos leva ao controle emocional. Em outros termos, a capacidade de lidar com emoções negativas, como ansiedade e medo do fracasso, a fim de reverter tal processo e tomar rumos mais produtivos.
Sobre o terceiro pilar, a automotivação, está ligada a motivação – e gosto muito da analogia para a palavra que é motivo-para-a-ação, pois não estamos o tempo todo motivadas. É necessário que algo parta de dentro e se transforme em um motivo para realizar determinada ação. Mulheres empreendedoras precisam ter uma visão clara do seus objetivos finais e serem (e seguirem) motivadas a trabalhar entregando o melhor de si, principalmente se conectada a outras mulheres ou a uma comunidade empreendedora.
Já a empatia é a capacidade de compreender as necessidades dos outros. Essa habilidade diz muito sobre treinar o olhar por uma perspectiva que normalmente não é a nossa, em um treinamento diário. Isso muda a forma como encaramos as realidades e, se realizada de maneira adequada, pode abrir muitas portas e melhorar relacionamentos – o que nos leva diretamente ao nosso último ponto, o saber se relacionar.
Enquanto celebramos o poder da inteligência emocional no empreendedorismo feminino, é crucial reconhecer os desafios adicionais que as mulheres enfrentam. A economia do cuidado tem um impacto significativo na saúde mental das mulheres, especialmente das empreendedoras. Elas frequentemente enfrentam o peso das responsabilidades familiares e sociais, enquanto também são esperadas a desempenhar papéis de liderança nos negócios.
Em meio a desigualdades sociais persistentes, as mulheres continuam sendo sobrecarregadas com a tarefa do cuidado, o que pode afetar sua saúde mental e emocional. A estrutura patriarcal impõe expectativas irrealistas sobre seu papel, tornando ainda mais vital o desenvolvimento da inteligência emocional. Ao reconhecer essa realidade, é fundamental que as mulheres empreendedoras se equiparem com as ferramentas da inteligência emocional não apenas para enfrentar os desafios dos negócios, mas também para cuidar de sua própria saúde mental.