De julho a setembro, Santa Catarina exportou US$ 3 bilhões, queda de 10% em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com análise do Observatório FIESC.
“O dado está associado à desaceleração econômica dos principais parceiros comerciais do estado, em especial os Estados Unidos, China, União Europeia e Argentina”, avalia o presidente da FIESC, Mario Cezar de Aguiar.
Apesar da queda no trimestre, ele destaca que trata-se do segundo maior valor para o trimestre na série histórica, já que os embarques no mesmo período do ano passado registraram desempenho extraordinário, de US$ 3,4 bilhões. E chama a atenção para a abertura de novos mercados para os produtos agropecuários.
“A indústria catarinense se destaca com as exportações de carne suína e de carne de aves para o México, além da venda de partes de motor e gelatina e derivados”, complementa.
O Paraguai também ganhou espaço na pauta exportadora catarinense, impulsionado pela soja e pela cerveja, e a Bolívia, com aumento das exportações de transformadores elétricos e de máquinas e aparelhos mecânicos.
Além desses mercados, o estado aumentou as vendas de tabaco não-manufaturado para a África do Sul e de sucata de ferro para a Índia, países que fazem parte dos BRICS, juntamente com o Brasil, Rússia e China.
A Arábia Saudita e os Emirados Árabes, dois dos cinco países-membros aprovados para entrar no BRICs a partir de 2024, também têm ganhado espaço no comércio externo do estado.
Apesar do crescimento em alguns setores da indústria, houve recuo nas exportações de madeira, móveis, partes de motor e motores elétricos para o Estados Unidos e no setor da construção.
Outro importante comprador de produtos catarinenses é a China, que teve sua economia desacelerada, devido à crise imobiliária no país, à restrição no consumo das famílias e à menor produção industrial, que resultou em queda das exportações do estado, principalmente de madeira para a construção e de produtos alimentícios, como a carne suína e miudezas comestíveis.
Os países da União Europeia também têm afetado o fluxo internacional, reflexo do lento processo de desinflação, com o aumento dos custos e crescimento econômico historicamente baixo.
“Na Argentina, o recuo se deve, em especial, às vendas de papel kraft, após mudanças em regras de importação do governo argentino, que impôs restrições às compras de alguns produtos brasileiros, por exemplo. Essa diminuição foi parcialmente compensada pelas vendas de outros insumos, como fios de cobre, revestimentos de ferro laminado plano e painéis para comando elétrico”, ressalta Camila Morais, economista do Observatório FIESC.
IMPORTAÇÕES
Santa Catarina registrou US$ 7,3 bilhões nas importações no terceiro trimestre, o que representou uma queda de 7,7% em relação ao mesmo período do ano passado. No entanto, o valor se manteve acima de US$ 7 bilhões, conquistados a partir do ano passado.
Entre os produtos que se destacaram estão os insumos da indústria automotiva, como pneus de borracha e partes e acessórios para veículos, além de bens de consumo duráveis, incentivados pela manutenção do consumo das famílias no estado este ano.
Além disso, as obras de infraestrutura no estado, em especial para rodovias e distribuição de energia elétrica, incentivam as importações de insumos do setor de metalurgia e metalmecânica. Em setembro, houve expansão das compras de laminados planos de ferro, aços laminados planos e ferro laminado a frio.
Também houve crescimento das importações de fertilizantes potássicos, que totalizaram US$ 34 milhões, maior montante da série histórica para o mês.
Além da queda dos preços do produto, o aumento da procura se deve à época de plantio de grãos importantes em Santa Catarina, como a soja e o arroz.
Itália, Alemanha, França, Índia, Vietnã e Coreia do Sul estão entre os principais fornecedores internacionais do estado.