Por Luiz Salomão Ribas Gomez, CEO da TXM Methods.
No dia 19 de outubro celebramos o Dia Nacional da Inovação. A data é um reconhecimento ao “pai da aviação”, Alberto Santos Dumont, que no distante ano de 1901 venceu em Paris o Prêmio Deutsch de la Meurthe ao superar outros competidores em um “vôo” ao redor da Torre Eiffel.
A bem da verdade, o próprio trecho acima, com informações conhecidas de todos há mais de 120 anos, está longe de trazer algo de novo ou transformador.
Como forma de gerar conhecimento, é tão útil quanto marcar com X no calendário uma data específica como o “dia da inovação” e esperar que isso nos torne mais criativos.
Inovar, seja em uma empresa, no governo, em sala de aula, nas tarefas do dia a dia, é empreitada sem data de início e, principalmente, sem fim.
Todo dia é dia de inovar, e isso exige a criação de uma cultura que, infelizmente, muitas vezes é destruída já nas salas de aula dos primeiros anos da educação formal, quando o erro é visto como um “pecado” em vez de ser encarado como oportunidade de aprendizado.
A inovação exige ousadia, criatividade, curiosidade, trabalho duro e resiliência. Mais que isso: depende de indivíduos que abracem e entendam seu potencial de transformação, apesar dos riscos envolvidos.
Os fracassos são mais frequentes do que o sucesso na biografia de quem busca o novo. Isso pode representar outro obstáculo ao nascimento de soluções realmente transformadoras.
Em muitas empresas, a pesquisa e desenvolvimento são atividades restritas à busca de melhorias incrementais em processos e produtos, no mais das vezes com foco restrito à redução de custos.
Nesse cenário, não há espaço ou disposição para investimentos de maior risco. Há que se mudar também a percepção dos investidores.
No Brasil, país onde as taxas de juros são as mais altas do mundo, muitos potenciais parceiros de empreendedores desenvolveram ao longo das décadas grande aversão a qualquer tipo de risco.
Em vez de apostar em algo incerto, a opção mais simples é pela aplicação financeira. O dinheiro “trabalha” enquanto o dono dorme. Mas isso não é capaz de melhorar a vida das pessoas ou gerar desenvolvimento econômico e social.
Superar tantos entraves só será possível se pensarmos no assunto todos os dias. A criação de um país de inovadores depende de mudanças que começam na educação básica e alcançam até a definição de políticas públicas de incentivo à ciência.
Inclui ainda aproximar universidades e centros de pesquisa de outros atores da sociedade, como empresas e órgãos públicos, e entender que a economia do futuro vai privilegiar sociedades capazes de transformar criatividade em soluções para problemas que nos afligem a todos.