Siga nas redes sociais

Search

Por que agora é o momento das startups fazerem M&As?

Foto: divulgação.

Por André Ghignatti, co-fundador e CEO da WOW.

Até há pouco tempo, o caminho natural de crescimento de uma startup era captar uma rodada de investimento e queimar boa parte do valor em aquisição alavancada de mercado. Quase qualquer estratégia de marketing, por mais ineficiência que fosse, era válida, pois a próxima rodada de investimento era tida como certa e a única métrica relevante era o crescimento de faturamento. A contabilidade não precisava fechar. 

Com a crise em 2022 e a grande redução no apetite para investimento de risco, o cenário mudou radicalmente. Gerar caixa passou a ser o mantra e ebitda a estrela guia. As startups tiveram que se adaptar, algumas conseguiram, outras não. Para as maiores, com fluxo de caixa robusto, esta adaptação passou por redução de equipe, os famigerados lay offs,  e a adoção de estratégias de marketing mais eficientes. Porém, para outras ainda no início da jornada, digamos que com faturamento anual abaixo dos R$ 3 M, a margem para manobras foi muito menor, a equipe já era enxuta e o espaço para investimento em marketing mínimo. Restou seguir crescendo orgânica, mas lentamente. Ainda podem receber investimento, que está voltando cautelosamente, mas a régua está alta e a competição acirrada. 

A ideia deste texto é dar luz a uma alternativa para o crescimento acelerado para estas startups que ainda estão nos primeiros níveis de maturidade,  o crescimento inorgânico por fusão de startups de pequeno porte.  É um tema que não é muito discutido, talvez por uma mescla de orgulho ou desconhecimento por parte dos empreendedores, mas também pela baixa atratividade financeira para os advisors que trabalham justamente como consultores em processos de fusões e aquisições, mas em empresas maiores, que geram maiores retornos.

Para ficar claro, a fusão discutida aqui não se trata de uma startup maior adquirindo uma empresa muito menor, o que já ocorre com frequência e representa uma boa porta de saída para os empreendedores. Advogo aqui a fusão de startups de tamanhos assemelhados, focando em acelerar o crescimento e o retorno para os founders.

Este tipo de fusão pode trazer vários benefícios para as startups. Em primeiro lugar, permite a reunião de talentos e capacidades, resultando numa startup mais forte e competitiva. Ao se fundirem, elas podem alavancar as bases de clientes, tecnologias e propriedade intelectual umas das outras, levando a um aumento da participação de mercado e do potencial de crescimento. A fusão também deve proporcionar redução de custos e eficiências operacionais por meio de economias de escala e infraestruturas compartilhadas. Por fim, se bem executado, o movimento pode atrair a atenção e interesse de investidores, pois demonstra um compromisso com o crescimento e uma abordagem estratégica para construir um negócio de sucesso.

Alguns cenários potencializam ainda mais os benefícios citados acima. Primeiro deles é quando as startups têm founders com perfis complementares, por exemplo, uma com viés maior em produto, outra em marketing e venda. A soma destes times resulta numa empresa muito mais competitiva. Segundo é que para as startups que ainda não escalaram de fato, a recompensa pelo enorme esforço de empreender pode parecer muito distante, ainda mais no atual cenário econômico. Uma fusão nesses casos, além de trazer novas cabeças e renovar as expectativas, pode liberar algum caixa para facilitar a saída dos que preferem seguir outra jornada, permitindo repactuar o acordo de sócios. Outro cenário muito positivo, até por ter menos pontos de conflito, é a fusão de startups que atuam no mesmo mercado, mas com produtos complementares. Aqui a sinergia de cross sell é óbvia e os ganhos de receitas podem ser imediatos;

Resumindo, a fusão de startups, mesmo que ainda pequenas, pode trazer inúmeros benefícios, como: eficiência de custos, realinhamento dos founders,  aumento de receitas e de participação de mercado até atrair atenção de possíveis investidores, mas não é um processo trivial, envolve riscos e deve ser bem planejada e executada.

Compartilhe

Tudo sobre economia, negócios, inovação, carreiras e sustentabilidade em Santa Catarina.

Leia também

Receba notícias no seu e-mail