Seguindo a nossa série especial do Mês do Empreendedorismo Feminino, o Economia SC Drops conversou com Camila Renaux.
Eleita pelo terceiro ano seguido como a melhor profissional de marketing digital do Brasil, ela auxilia empresas e marcas a alcançarem e validarem seus objetivos na Internet há mais de 15 anos.
Além de consultora, ela é palestrante dos maiores eventos de marketing e vendas da América Latina e professora de milhares de alunos através de cursos online. Confira a entrevista na íntegra:
Como você decidiu se tornar empreendedora e qual foi a motivação por trás disso?
Camila: Empreender é uma jornada. E como em toda jornada, os primeiros passos tendem a ser os mais desafiadores. Eu tinha muito desejo de empreender, mas também muito medo. Mas havia identificado uma lacuna de mercado no qual um serviço de consultoria caberia muito bem. Um elo entre agências e clientes. Eu já atuava em uma agência digital e via na prática essa dor, a necessidade da empresa organizar processos, rotinas, ter clareza de seus pontos fracos e fortes, de toda estratégia do negócio para aí sim aproveitar o máximo dos serviços prestados por uma agência de comunicação. Mas os consultores de Marketing não tinham a expertise do Digital, aquele era um mundo novo e inexplorado, em constante mudança, especialmente quando empreendi, há 13 anos. E eu amava estratégia, amava Digital, amava (e ainda amo) construir os momentos de clareza, de direção. Aquela hora do “ahá!”, onde tudo faz sentido e a empresa sabe por onde seguir e faz isso mais tranquila, mais confiante, com equipes mais engajadas. Unir essa paixão com uma oportunidade foi o estalo. Eu precisava estruturar isso que eu acreditava e a partir dali, me joguei!
Como você vê o papel das mulheres no mundo dos negócios e como isso evoluiu ao longo do tempo?
Camila: Luto por um mundo no qual nenhuma mulher precisará responder perguntas como “como é ser mulher no mercado de games?”, “como é ser mulher nos mundos dos negócios?”. Nunca fazem perguntas assim aos homens. Isso reflete o quanto ainda precisamos nos provar, fazer a mais, mostrar serviço. Mulheres tão competentes quanto homens, em mesmo cargo e posição de liderança terão percepções diferentes e até mesmo salários discrepantes – e isso é dado de mercado, pesquisado e aferido. De forma geral, precisamos de pluralidade, diversidade e de comunicação. Esses são fatores essenciais para frutificar a inteligência coletiva e isso será essencial para lidar com um mundo populado por inteligência artificial.
Qual é a importância do networking e do apoio entre empreendedoras para o sucesso nos negócios?
Camila: É total. A falta de apoio torna a jornada empreendedora muito mais pesada e solitária e isso aumenta as taxas de desistência e afeta até mesmo a qualidade dos serviços prestados. Isso porque, sem apoio, uma empreendedora não dará conta da jornada de trabalho estendida, do empilhamento de tarefas, da questão que ao empreender acumulamos funções e processos. Delegar, contratar, ter apoio para as tarefas da empresa e também da casa e da família é ponto crítico do empreendedorismo feminino. Uma excelente profissional, se exausta, não conseguirá cumprir nem exercer sua excelência. E quanto à rede de contatos, ela é vital para quem empreende. Não precisamos saber tudo, e sim conhecer quem sabe! Ser vista, ser lembrada, ser indicada. É sobre isso!
Quais são os principais obstáculos que as mulheres empreendedoras ainda enfrentam atualmente?
Camila: Para mim, múltiplas jornadas de trabalho e empilhamento de tarefas. Ser profissional, mãe, esposa, filha, cuidar do corpo, da mente. Farei aqui uma analogia comum com meu dia a dia como palestrante. Aproximadamente 85% da nossa comunicação é não verbal, por isso, sua imagem fala antes de você poder abrir a boca para pronunciar a primeira palavra. E as expectativas do público em relação à imagem de uma mulher são totalmente diferentes das de um homem. Isso envolve uma jornada longa de roupas, unhas, cabelo, maquiagem, postura, linguagem corporal e notem, ainda não falamos da entrega em si, do conteúdo, da exposição, da narrativa. É muita coisa. Para palestrar realizo viagens e como mãe preciso conciliar isso também. Não é só o apoio, ter alguém. É a culpa. Porque sim, mães se sentem culpadas por renúncias necessárias para cumprir esses papéis.
Como você vê a representatividade das mulheres em posições de liderança e como isso influencia o empreendedorismo feminino?
Camila: Mulheres são mais suscetíveis à inseguranças e à síndrome do impostor, novamente aqui falando de dados de mercado, estatísticas que mostram que empreender e liderar ainda são desafios para as profissionais. Quanto maior a representatividade, maior a diversidade, o exemplo, a exposição e por consequência, mais pessoas serão inspiradas a trilhar caminhos semelhantes. Mulheres, somos capazes. Duvidar de si é efeito colateral da competência. Toda essa jornada é difícil, mas compensa.
Quais são suas fontes de inspiração no mundo dos negócios?
Camila: As mulheres reais. Aquelas dos bastidores, que não construíram suas marcas pessoais ainda, que não escreveram livros ou estampam publicações de negócios, muitas vezes nem perfil profissional nas redes sociais possuem, mas fazem acontecer, lideram, entregam resultados e por consequência, me inspiram. Pela garra, pelo propósito, por fazerem acontecer. Também sou uma profissional dos bastidores, mas cada vez mais ciente que construir minha marca pessoal é essencial, que me expor é necessário. É nessa troca que acontece minha maior fonte de inspiração!
Quais são seus próximos planos e objetivos?
Camila: Recentemente me questionaram sobre minha trajetória de tantos anos, como era ver tudo que havia sido trilhado. Honro minha jornada, mas com toda sinceridade, ainda estou no começo, longe de tudo que ainda está por vir, que quero conquistar. Sou grata pelo caminho percorrido e seus ensinamentos, mas há tanto por alcançar! Esse desafio me motiva muito! Saber que não há jogo ganho e que todo novo dia pode ser um recomeço, uma nova oportunidade, mais um passo nesse caminho consistente que toda empreendedora trilha no dia a dia.