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Os impactos do empreendedorismo feminino na economia brasileira

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Foto: Divulgação

O empreendedorismo feminino é uma tendência crescente no Brasil e no mundo. Segundo dados do Sebrae, as mulheres empreendedoras representam 34,4% dos negócios formais do país, o que equivale a mais de 10 milhões de empresas.

O crescimento do empreendedorismo feminino tem um impacto significativo na economia brasileira, contribuindo para o aumento da produtividade, da geração de emprego e da renda.

Para entender melhor os impactos do empreendedorismo feminino na economia brasileira e as tendências de mercado, conversamos com Marina Barbieri, Coordenadora Sebrae Delas Mulher de Negócios Santa Catarina. Confira no Economia SC Drops abaixo:

Qual é a importância do empreendedorismo feminino no cenário econômico atual?

Marina: As mulheres veem no empreendedorismo uma oportunidade de transformação, independência financeira e realização pessoal. Diante de um mercado de trabalho com poucas oportunidades de ascensão e salários mais baixos para mulheres, ser empreendedora se torna uma alternativa interessante para elas. Além da geração de renda, as mulheres são responsáveis pela maior parte do trabalho doméstico e de cuidados, ter um negócio próprio é uma alternativa para muitas conseguirem conciliar o trabalho e a família.

Quais são os setores mais populares entre as empreendedoras no Brasil?

Marina: As mulheres se destacam nos setores de serviços, comércio e indústria. De acordo com pesquisa do Sebrae, a partir de dados do IBGE, no terceiro trimestre de 2022, o percentual de mulheres nesses setores é:

  • Serviços (53% de mulheres e 36% de homens) 
  • Comércio (27% de mulheres e 20% de homens)  
  • Indústria (13% de mulheres contra 6% dos homens) 

As atividades em que as empreendedoras mais atuam são: 

1. Cabeleireiros e tratamento de beleza  

2. Comércio de vestuário  

3. Serviços de catering, bufê e serviços de comida preparada  

4. Comércio de produtos farmacêuticos, cosméticos e perfumaria  

5. Confecção sob medida  

6. Profissionais de saúde (exceto médicos e odontólogos) 

7. Confecção (vestuário)  

8. Outras atividades de serviços pessoais  

9. Outras atividades de ensino  

10. Fabricação de artefatos têxteis 

Isso gera um desafio a mais para o empreendedorismo feminino, porque as atividades com as quais têm mais familiaridade, como beleza, moda e alimentação são atividades que costumam ter um valor agregado menor. Muitas delas atuam como MEI, 45% do total de microempreendedores individuais no Brasil são mulheres. Algumas costumam empreender por necessidade e outras por sonho ou vocação. Mas independentemente da motivação, o MEI é um facilitador para a implementação, o desenvolvimento e a alavancagem de pequenos negócios.

Qual é o perfil da mulher empreendedora hoje?

Marina: Segundo o estudo citado anteriormente, Santa Catarina possui 404.659 empreendedoras, o que corresponde a 35% do total de pessoas donas de negócio no estado. No Brasil, esse número é de 10,3 milhões de mulheres, o que representa 34,4% do total de negócios. Uma pesquisa realizada pelo Sebrae Delas, em parceria com o Observatório de Negócios do Sebrae/SC, mapeou o perfil da participante do programa. De acordo com o estudo, a média de idade entre as empreendedoras é de 42 anos e a maioria, 67,8%, tem ensino superior. Cerca de metade das 400 entrevistadas na pesquisa são mães e 53% são casadas. A renda mensal familiar e de R$ 5.470,43 e 4 em cada 10 respondem sozinha pelo sustento da família. A grande maioria era funcionária antes de empreender, 80%, e apenas 4,8% das mulheres já tiveram outras empresas. Para 73,5% delas, essa é a primeira experiência como empreendedora.

Qual é o impacto do empreendedorismo feminino na sociedade e na economia em geral?

Marina: O empreendedorismo feminino é importante para gerar exemplo. Uma mulher que empreende torna-se uma inspiração para outras mulheres seguirem os mesmos passos. Outro forte impacto proporcionado pelo empreendedorismo feminino é que a renda gerada pela mulher não é investida apenas em benefício próprio, as mulheres revertem muito mais na família e na comunidade. Quando uma mulher empreende, ela gera a sua volta um ciclo de prosperidade com relação à sua comunidade, à sua família e a outras mulheres. Elas tendem a investir mais na educação dos filhos, no suporte à comunidade e na assistência aos parentes. Criando uma rede de apoio fortalecida e com melhores possibilidades financeiras. Elas também empregam mais mulheres, preferindo contratar mão de obra feminina para os seus negócios. É importante destacar que todos esses impactos estão alinhados com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030 das Nações Unidas. Entre os 17 objetivos, o ODS 5 é voltado especificamente para a igualdade de gênero. Por mais que mulheres tenham avançado no mercado de trabalho, na carreira, na liderança e no comando dos seus próprios negócios, existem diferenças culturais e de socialização que dificultam a dinâmica de oportunidades para a mulher empreendedora. O empreendedorismo, a valorização e independência financeira de mulheres pode contribuir para questões como a diminuição da violência contra mulheres e da discriminação por gênero e também para o reconhecimento e remuneração do trabalho não pago (como as atividades doméstica e de cuidados), gerando uma sociedade mais igualitária.

Quais são as tendências emergentes no empreendedorismo feminino no Brasil?

Marina: A tendência que a gente mais percebe hoje é a valorização das soft skills como uma ferramenta e um diferencial importante para o empreendedorismo feminino. Também conhecidas como competências socioemocionais, essas habilidades são indispensáveis para empreendedoras superarem desafios e obstáculos que vêm da socialização feminina. Basicamente, as soft skills são ferramentas que proporcionam uma maneira de lidar melhor consigo mesma, com as suas emoções e com a interação com os outros. Algumas dessas tendências são: a inteligência relacional, a inteligência emocional, a autogestão, a resiliência, a autoconfiança, motivação, trabalho em equipe, empatia, gestão de pessoas, entre outras. Até mesmo, a felicidade pode ser considerada como uma dessas habilidades. Também percebemos uma tendência com relação a maior capacitação. As mulheres costumam ser mais escolarizadas e dedicar mais horas à capacitação do que os homens. Temas como o lifelong learning, que quer dizer o aprendizado constante ao longo da vida, fazem parte do dia a dia da empreendedora.

Como o SEBRAE apoia empreendedoras e mulheres que desejam iniciar seus próprios negócios?

Marina: O Sebrae tem um programa específico dedicado ao empreendedorismo feminino. O Sebrae Delas Mulher de Negócios atua para fomentar a cultura empreendedora entre mulheres. Desenvolvemos a metodologia “Eu, Meu e Nós” para abranger todos os pilares do cotidiano da empreendedora. O “Eu” fala de desenvolvimento e crescimento pessoal. O “Meu” é sobre as habilidades específicas relacionadas a empreender e gerir o negócio. E o “Nós” aborda a questão de formação de rede e conexão, consolidando comunidade e networking. A partir desses pilares, criamos soluções específicas para mulheres em diferentes maturidades empreendedoras. O ciclo online de palestras Encontro entre Elas traz palestrantes de renome nacional todo o mês para falar de temas como autoconhecimento, propósito, mindfulness, aprendizado para a vida, resiliência, gestão do tempo, comunicação não violenta, imagem pessoal e outras soft skills. Ainda para a capacitação mais rápida e agilizada, ofertamos o Conexão entre Elas, que são encontros presenciais de conteúdo e networking. Temos também as trilhas, que são percursos completos de aprendizagem para desenvolver o potencial empreendedor de cada mulher de acordo com o seu perfil. As trilhas são cursos focados nas necessidades específicas das empreendedoras, com encontros semanais e duração de aproximadamente dois meses. Uma oportunidade de aprender sobre hard skills importantes para o planejamento, como OKRs e Canvas, mas também para desenvolver suas soft skills e construir rede de relacionamento profissional entre empreendedoras. Além disso, em 2023, realizamos muitas ações pioneiras, como o Delas Summit, evento que reuniu mais de 3 mil mulheres para um dia de palestras, conteúdo e networking exclusivamente dedicado ao empreendedorismo feminino. Também marcamos presença no Startup Summit, evento de tecnologia e inovação, em que o Sebrae Delas teve um lounge exclusivo para fomentar e discutir a participação feminina no segmento. Ainda este ano, também vamos realizar a primeira missão internacional com um grupo formado só por empresárias participantes do Sebrae Delas. A missão acontece entre 11 e 19 de novembro para o Web Summit em Lisboa e conta com uma programação exclusiva para mulheres antes do evento. Já estamos planejando o ano de 2024 e vem muitas novidades por aí para continuar atendendo as mulheres empreendedoras e as que querem empreender.

Quais são os passos práticos que as empreendedoras devem seguir para obter orientação e assistência do SEBRAE?

Marina: A grande maioria das soluções oferecidas pelo Sebrae Delas é inteiramente gratuita. As interessadas podem se informar pelo portal, onde é possível acessar todas as soluções disponíveis e assinar a newsletter Delas para Elas para receber mensalmente as oportunidades, lançamentos, eventos e novidades do programa. O Sebrae Delas também produz conteúdo especial sobre empreendedorismo feminino. São e-books, vídeos, posts e artigos diversos sobre o tema. Basta acessar o portal e seguir as redes sociais e o blog do Sebrae. As empreendedoras também podem procurar o Sebrae mais próximo, temos funcionárias embaixadoras do Sebrae Delas nas sedes das regionais de Santa Catarina.

O que as empreendedoras podem fazer para superar o medo do fracasso e persistir em seus empreendimentos?

Marina: A falta de coragem para correr riscos é um fator que atrapalha e desestimula o sucesso de muitas empreendedoras. O medo de falhar é uma preocupação apontada por 17% das mulheres, só 5% dos homens têm essa preocupação. Outros fatores relacionados são a insegurança emocional, as críticas e o pouco apoio familiar. Tudo isso reforça a importância do desenvolvimento das soft skills para alavancar empreendimentos femininos. Acredito que a principal maneira de superar esse medo é investir em capacitação, tanto técnica em gestão e empreendedorismo, quanto socioemocional. Outra dica importante é reforçar seu networking, sua rede de contatos e suas conexões de negócios com outras mulheres. Contar com o apoio e a troca entre empreendedoras gera uma força muito grande que traz benefícios para todos. E claro, pode contar com o Sebrae Delas, que oferece soluções diversas para apoiar a empreendedora em todas as suas demandas!

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