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Panetones, memórias afetivas e valor de marca

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Foto: Daniel Zimmermann/divulgação.

Estamos chegando no Natal, época de celebração, união e sentimentos positivos. As famílias se reúnem para se reencontrar, conviver em harmonia,  trocar presentes e viver o espírito natalino.

E essa também é uma oportunidade para que as marcas reforcem laços com as pessoas, com seus produtos e serviços que são comprados nessa época, que é a mais movimentada do ano no comércio. 

Mas a oportunidade não pode ser tratada como oportunismo. E, em relação a isso, eu gostaria de trazer um exemplo do que não deve ser feito com as marcas, e que está prejudicando um dos símbolos do Natal brasileiro: o panetone.

Esse alimento que é sinônimo de Natal no Brasil, nos últimos anos vem sendo mudado, para pior, a partir das ações das principais marcas do mercado. Mudaram a fórmula, trocaram ingredientes, mudaram nomenclatura de produtos, aplicaram fotos que induzem ao erro na compra, e tentam justificar, com letras miúdas, essas mudanças. E, para completar, neste ano houve uma redução de 20% no peso do produto das principais marcas. 

Sim, o panetone mudou de 500 gramas para 400 gramas. Pode conferir na caixa do produto. Ao mesmo tempo, o preço do produto aumentou quase 30%. Ou seja. Menos produto, mais caro, com pior qualidade. 

A grande questão é: Será que essas mudanças valeram a pena para as marcas? Será que, do ponto de vista do consumidor, essas mudanças todas não fizeram com que as pessoas passassem a considerar outras marcas? 

Pois os dados comprovam: as vendas das principais marcas de panetone do mercado diminuíram. 

Quando se mexe com um produto como o panetone, que desperta tantas memórias afetivas, as marcas acabam quebrando uma relação de confiança. As pessoas se sentem enganadas e traídas.

E esses são os piores sentimentos que uma marca pode despertar em uma pessoa. Uma vez que se quebra a confiança, o relacionamento é prejudicado, e é muito difícil de se restabelecer.

É um erro crasso achar que diluir a fórmula do produto vai ter resultado positivo. Essas ações movidas apenas por cálculos frios, sem considerar os impactos na percepção da marca, pode gerar prejuízos enormes no valor de marca.

Para os fabricantes de panetone, deixo algumas recomendações:

Resgatem as receitas originais, voltem à essência dos produtos e reconectarem com as pessoas, suas memórias e a relação de confiança que existiu. Olhem para o passado da marca com respeito, para compreender a fundo onde está o valor que as pessoas percebem na marca e no relacionamento que foi construído. 

E essas dicas valem para todas as marcas, e todos os negócios, em qualquer setor. Não mude o produto apenas por questões econômicas. Especialmente se for um produto que desperta emoções. E sabe qual é a grande verdade: Todo produto desperta emoções! O ser humano é movido por elas a cada momento. As mudanças tem que ser muito bem pensadas para melhorar o produto, nunca para piorar. 

Senão as pessoas vão procurar outras marcas que ofereçam uma nova relação de confiança. E essa mudança pode ser definitiva. 

Espero que em 2024 os gestores de marcas reflitam sobre essas questões fundamentais, e que corrijam os erros cometidos. É uma questão de respeito com o consumidor. 

E para você, fica uma reflexão: Pense em como mudar os seus produtos e serviços para melhor, para entregar valor de verdade, construir relações de confiança e criar memórias afetivas. Como a lembrança do gosto de uma fatia de panetone na noite de Natal na nossa infância. 

Boas festas!

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Estrategista de marcas, especialista em inovação de marketing e fundador da Nexia Branding.

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