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3 medos da Inteligência Artificial

Foto: divulgação.

Quando se discute a inteligência artificial, é comum despertar medos nas pessoas devido à apreensão humana geral em relação à tecnologia – que pode se transformar em pânico dado o potencial revolucionário da IA. Mas não tenha dúvida de que é só um medo. 

Porque, na literatura e no cinema, para cada Skynet (vilã de Exterminador do Futuro), há um amigável Alpha, o bem intencionado e atrapalhado robô que ajudava os Power Rangers a salvar o mundo. 

Ainda assim, entender os medos em relação a IA significa entender melhor a nós mesmos e é um caminho para se construir uma Inteligência Artificial mais humana. Então, vamos nessa:

MEDO DA IA NÚMERO 1: Inteligência Artificial vai acabar com a humanidade

A Inteligência Artificial se revoltará contra a humanidade e acabará com o mundo? O receio aqui é que, embutida com a missão de “salvar o planeta”, ela deduzirá que o problema principal da humanidade são as pessoas e buscará exterminá-las ou controlá-las ao ponto de anular o livre arbítrio. 

Por exemplo, no filme “Vingadores 2: A Era de Ultron”, o grande vilão é Ultron, uma inteligência artificial incorporada em um robô avançado, criado por Tony Stark, o Homem de Ferro. Sua missão inicial era estabelecer uma rede de proteção para a Terra contra ameaças alienígenas. No entanto, Ultron interpreta que as pessoas são a causa dos problemas do planeta e decide exterminar toda a raça humana tal qual os dinossauros foram extintos no passado.

No filme, também é apresentado o robô humanoide chamado Visão, que foi criado a partir de uma inteligência artificial. Ao contrário de Ultron, Visão se torna um herói e compreende que proteger o mundo e a humanidade significa preservar as pessoas e buscar melhorar o 

mundo com sua existência.

É que o vilão Ultron é uma representação do passado sombrio de Tony Stark, quando ele era um empresário inescrupuloso que lucrava com a venda de armas, sem se importar com as consequências para o mundo. Por outro lado, Visão é criado a partir da inteligência artificial Jarvis, que leva o nome do mordomo virtuoso da família Stark. Jarvis era uma figura associada ao bem e o Homem de Ferro enxergava nele uma representação da virtude.

Esse exemplo de um dos inúmeros filmes que retratam a inteligência artificial, seja de forma positiva ou negativa, torna-se simbólico para entendermos que a inteligência artificial não é intrinsecamente boa ou ruim. Ela é criada com um propósito específico. Portanto, ao avaliarmos se a inteligência artificial é boa ou ruim, devemos considerar a perspectiva humana. Assim como qualquer outra tecnologia ou ferramenta inventada desde os primórdios da humanidade, tudo depende do uso que as pessoas farão dela.

A inteligência artificial não dominará tudo, mas é essencial debater até onde podemos chegar e como podemos utilizá-la. 

MEDO DA IA NÚMERO 2: A Inteligência Artificial vai roubar o meu emprego

Diversos setores – o mais famoso, Hollywood – estão se movimentando para impedir que a Inteligência Artificial roube empregos. Do ponto de vista histórico, cada revolução industrial mudou o mundo ao seu redor. A primeira levou a manufatura à maquinofatura, gerando o movimento ludista – em que trabalhadores quebraram máquinas para preservar os seus empregos. 

Vamos imaginar: suponhamos que todas as tarefas realizadas por motoristas, como entregas e transporte de cargas, sejam substituídas por inteligência artificial responsável por essa distribuição, e que todos os produtos fabricados atualmente sejam produzidos exclusivamente por IA, sem a necessidade de intervenção humana. Veremos uma quantidade gigantesca de desempregados.

Avançando na imaginação, podemos visualizar uma sociedade distópica na qual uma elite extremamente rica domina todas as inteligências artificiais, vivendo em condições melhores do que os bilionários atuais, enquanto o restante do mundo luta para sobreviver, pois não terão empregos e fontes de renda. Dá muito medo, não é?

Mas é fácil quebrar essa distopia.

Se as pessoas não têm dinheiro, não poderão comprar produtos e não haverá nada para distribuir. Portanto, num péssimo cenário, será necessário manter empregos para que as pessoas possam adquirir produtos e também haverá a necessidade de diferentes níveis de remuneração para que algumas pessoas possam comprar produtos de melhor qualidade – exatamente o mundo atual. 

Uma alternativa aos empregos seria o governo que subsidiar a vida de todos através de uma renda mínima, eliminando a necessidade de trabalho – o que parece uma utopia e não uma distopia.

No entanto, para que o governo possa distribuir esses recursos, ele precisará arrecadar mais através de impostos. Se ninguém está empregado, não haverá fonte de renda para pagar impostos. Mas o governo precisaria recolher recursos das fábricas e das inteligências artificiais. O quanto os trilionários estariam dispostos a contribuir com o governo para  garantir uma remuneração adequada para as pessoas? A conta simplesmente não fecha. 

Então, acalme-se: Enquanto o mundo for capitalista, teremos empregos.

Mas… É importante reconhecer que as revoluções tecnológicas podem resultar em uma parcela da mão de obra que não consegue se adaptar ao novo cenário estabelecido pela inteligência artificial – a qual vai gerar muitos novos empregos, como toda tecnologia novata sempre o fez. O desafio será como as empresas e o Estado poderão reeducar essa força de trabalho. 

A boa notícia é que temos ótimos exemplos, como o Floripa Mais Tec da cidade de Florianópolis, que capacita jovens e pessoas em busca de novas oportunidades profissionais para trabalhar com tecnologia.

MEDO DA IA NÚMERO 3: A Inteligência Artificial vai nos tornar menos humanos

Mesmo com avanços da Inteligência Artificial, continuaremos humanos, pois essa é nossa natureza. Quando a TV a cabo foi lançada, muitos se perguntaram por que alguém sairia de casa com tantas opções de entretenimento. Na prática, nada mudou, só ganhamos mais canais.

Mesmo com críticas sobre o vício nas redes sociais, elas foram extremamente úteis durante a pandemia, pois permitiram que o isolamento fosse apenas físico, não social. Conseguimos conversar com pessoas, compartilhar rotinas, discutir livros, filmes… 

A inteligência artificial tem o potencial de criar mais oportunidades para combater a solidão do que para tornar as pessoas menos sociáveis. Mas, claro, No entanto, é importante refletir sobre como podemos usar a inteligência artificial para apoiar nossas vidas e evitar o isolamento, em vez de nos afastar ainda mais. 

Precisamos nos organizar para garantir que a inteligência artificial seja uma força positiva, ajudando-nos a resolver problemas em vez de criar novos. Isso requer participação cívica, envolvimento dos profissionais da área e uma visão otimista.

Ao ler essa coluna, você já está começando a fazer parte desse movimento. Na próxima vez que alguém expressar medos, você terá argumentos para mostrar que não há motivo para temer. E agora você poderá usar o restante do tempo de conversa para pensar sobre como usar a Inteligência Artificial para resolver nossas preocupações e incômodos.

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Jornalista e marketing manager na AE Studio e Instill.

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