Queria saber o que passou pela sua cabeça ao ver o título deste texto e clicar nele. Se foi alguma palavra que despertou o interesse ou agressivo desinteresse – quando você é tão desinteressado que acaba vendo e pensando muito sobre um assunto -, se foi a pura curiosidade ou se foi o destino.
Deus é um assunto muito importante na minha vida e também na de muitas e muitas pessoas. Só não digo que é na de todas porque aí entraria na seara da minha fé e não queria que esse fosse o debate aqui – embora não tenha problema em conversar sobre.
No que tange muitos que acreditam, Deus é bom, Deus nos ilumina, guarda e protege mesmo nos tempos mais difíceis. E aí entra o paradoxo que não escapa: Se Deus é Deus, por que há fome no mundo?
Se Deus tem um plano, como fica o livre arbítrio?
E o livre arbítrio configura apenas a ausência de uma regência superior e controladora ou realmente as pessoas são agentes que têm poder para moldar o mundo ao seu redor?
(Vale a pesquisa sobre “agência” no âmbito da Filosofia)
E o mundo atual seria reflexo de como as pessoas o moldaram? Para termos ajuda divina, devemos rezar, agir ou ambos?
Encontro respostas para essas dúvidas na minha fé e elas são acalentadoras. E se você também encontra na sua, eu acho ótimo! Independente de qual seja.
Talvez, tudo que foi dito até agora não mexa com você porque, olha, só não mexe. Tudo bem também.
Uma coisa, porém, que não pode jamais passar despercebida, que é no que Deus se baseia, que nós deveríamos nos basear também, com ou sem livre-arbítrio: O mundo tem problemas e cabe a todos nós fazermos algo a respeito.
We Are The World
Não sei se é o maior lançamento da Netflix de janeiro, mas você não pode deixar de ver: “A Noite que Mudou o Pop”, documentário sobre os bastidores da gravação de “We Are The World”. É um barato. As dificuldades, as interações, as inseguranças, quem precisava gravar rápido antes que ficasse muito bêbado, as outras versões que a música quase teve, a gravação do Sha-La e a revolta ao saber que Prince e Madonna poderiam ter participado também.
Não que não fosse um elenco super estrelado: Lionel Richie, Stevie Wonder, Diana Ross, Bruce Springsteen, Bob Dylan, Ray Charles, Billie Joel, Harry Bellafonte, Cindy Lauper, Paul Simon, Tina Turner, Kenny Rodgers…E mais!
Todos se encontraram na noite depois da edição do American Music Awards de 1985. Michael Jackson, na verdade, foi quem chegou primeiro para fazer as gravações. Mesmo indicado a 3 categorias, não foi a premiação. Não levou nenhuma também – curioso, dado que tratava-se da era Thriller. Ainda não havia chegado a época em que Michael não participava desses eventos quando não ganhasse algum prêmio – isso veio depois do Grammy de 1988, quando deu um show incrível de abertura e viu Bad sair sem o prêmio de melhor álbum, que perdeu para The Joshua Tree do U2.
We Are The World arrecadou cerca de 80 milhões de dólares (214 milhões nos dias de hoje) e beneficiou instituições de caridade na África e Estados Unidos. Consegue pensar no número de almas que foram impactadas?
A iniciativa respingou aqui no Brasil. Foi lançado um álbum chamado “Nordeste Já”, com duas canções, que trouxeram nomes como Milton Nascimento, Gilberto Gil, Djavan, Rita Lee, Gonzaguinha, Tim Maia, Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Chico Buarque, Gal Costa, Caetano e mais. O disco era parte da campanha S.O.S. Nordeste, que seria rebatizada no ano seguinte como “Criança Esperança”.
Também foi lançada a música “Viver Outra Vez”, para o combate à AIDS, também reunindo uma constelação de estrelas como Guilherme Arantes, Erasmo Carlos, Tim Maia, Elza Soares e outros.
Boas ações
A vida é difícil. Alguns dias, mais fácil. Para algumas pessoas, mais simples. Mas, naturalmente, é complicada. E em meio a dar conta de todas as variáveis e preponderâncias, pensar em como manejá-las e ainda lançar um caminho para que os outros possam trilhar, parece algo muito cansativo. De um esforço sobrehumano.
Mas não precisa ser. No gigante espectro de “boas ações”, estão as mais grandiosas e as mais singelas. Cada dia em que você acorda disposto a fazer com que o dia de outra pessoa seja um pouco melhor, seja por uma risada, um sorriso, um abraço ou um carinho, já é uma vitória para todos. Não importa.
Bondade pode gerar bondade.
Gentileza é uma virtude, não uma fraqueza.
E talvez tenha sido Millôr Fernandes quem disse que: “Se você sempre agir com dignidade, pode não melhorar o mundo, mas uma coisa é certa, haverá na Terra um canalha a menos.”
Talvez não tenha sido ele, afinal, é mais difícil do que deveria ser, achar a autoria de uma frase na Internet.
Mas o ponto é: Um mundo com um babaca a menos já é um mundo melhor.
Negócios
Tem um momento no documentário em que a Cyndi Lauper, agora com seus 70 anos, fala em entrevista que realmente acredita, até hoje, que o Rock N’ Roll pode mudar o mundo. E eu também acho isso.
Mas não é só o Rock. E não é só a música. Como não é só a Arte.
Claro, a gente sabe do poder transformador que a Arte tem de proporcionar escapismo e conexão, mostrando as mazelas do mundo de uma forma nunca antes feita e com um potencial enorme de tocar a alma das pessoas. É claro!
Mas não cabe apenas aos artistas a responsabilidade de mudar o mundo.
Uma das coisas que eu mais amo em pertencer ao ecossistema da tecnologia e das startups é a sensação, dentre os verdadeiramente engajados, das lideranças mais inspiradoras, de que a Tecnologia pode fazer do mundo um lugar melhor.
É na inovação, na tecnologia, que residem vários dos alicerces que ajudaram a mudar a história. A agricultura, a imprensa, a internet e por aí vai.
Mas o Rock N’ Roll e a Tecnologia, no final das contas, só vão poder mudar o mundo por conta de uma coisa: Pessoas. Como eu e você.
“Eles” não vão resolver. Nós vamos.
Eu rezo a Deus todas as noites por vida e saúde para a minha Vó e Mamis, que os que se foram estejam bem e que o nosso caminho seja iluminado.
No dia a dia, não vejo como da incumbência de Deus, mudar tudo. Porque Ele – ou o universo, se você se sentir mais confortável com essa palavra – já nos entrega algo importante: A possibilidade.
Nada pode parar um grupo de pessoas dedicadas com um ideal em comum.
Nada pode parar um grupo de pessoas dedicadas com um ideal em comum.
Releia a frase quantas vezes quiser para fixar melhor.
Na sua profissão, no seu negócio, também reside a possibilidade e responsabilidade que um dia movimentaram um grupo dos maiores artistas pop do planeta.
Se você é uma médica, acredite que a Medicina pode mudar o mundo. Se você é nutricionista, pode encarar que uma vida mais saudável pode influenciar o mundo. Isso se aplica para a Arquitetura, Engenharia, Sociologia… Todas as áreas.
Não é sobre se reunir com concorrentes e lançarem um videoclipe juntos – embora também seja uma hipótese interessante, vai que…
Apropriando-me da própria letra do hit: “Chega uma hora em que ouvimos uma certo chamado.”
Talvez seja a leitura deste texto agora. Como o seu negócio e o seu trabalho podem ajudar na construção de um mundo melhor? Saber a resposta disso e fazer o que for correto para alcançá-lo devem ser um foco.
Propósito é um verbo.
E você pode encarar a realização dele como o seu palco e holofote. Nem toda noite é “A Noite que Mudou o Pop”, mas nada impede que hoje seja o dia em que você vai mudar o mundo.