Por Roberto Vilela, consultor empresarial e estrategista de negócios.
No mundo empresarial é preciso saber manter o equilíbrio entre as diferentes áreas estratégicas do negócio. Com frequência, nos deparamos com desafios decorrentes da falta dele entre os setores e, aqui, quero destacar três dos principais: financeiro, comercial e industrial. Tal falta de consonância é resultado de análises superficiais, falta de empatia e comprometimento parcial, que podem potencializar conflitos e prejuízos.
No âmbito financeiro, é inegável que o foco no controle de custos e na manutenção de um caixa sólido confere uma vantagem competitiva significativa. Contudo, quando a área financeira impera sobre todas as outras, a empresa corre o risco de priorizar exclusivamente o preço na tomada de decisões, ignorando outras variáveis essenciais para o sucesso a longo prazo, como qualidade e sustentabilidade.
Por outro lado, o departamento comercial, guiado pela busca incessante por vendas, pode negligenciar aspectos vitais do negócio, como limitações de tempo, capacidade produtiva e rentabilidade. O apelo emocional e a pressão por resultados imediatos podem levar a promessas exageradas ou não factíveis, criando expectativas que a operação industrial pode não conseguir cumprir.
Já no contexto industrial, a busca pela eficiência e performance pode levar a empresa a trabalhar no limite de suas capacidades, visando maximizar a produção e os resultados. No entanto, nem sempre o que é mais viável do ponto de vista produtivo é o que o mercado demanda, o que pode resultar em produtos ou serviços que não encontram espaço ou aceitação junto aos consumidores.
O desafio das empresas reside, portanto, em encontrar o equilíbrio entre essas forças complementares, potencializando o negócio como um todo frente ao mercado. Isso requer um aprofundamento do conhecimento não apenas teórico, mas também prático, vivenciando e compreendendo as diversas realidades dentro do ambiente e no mercado em que atua.
É essencial adotar uma abordagem holística, considerando o impacto de cada decisão em todas as áreas da empresa. Isso implica em uma atitude proativa de compreender e valorizar as perspectivas e necessidades de cada departamento, mesmo que isso signifique sair da zona de conforto e adotar uma visão mais ampla e integrada do negócio.
Assim, ao invés de permitir que uma única área domine o ponto central de todas as decisões, é fundamental promover um ambiente de colaboração e cooperação entre os setores financeiro, comercial e industrial, tomados aqui como exemplo, e também dos demais setores que sejam estratégicos dentro da empresa. Isso não apenas contribui para uma maior harmonia interna, mas também melhora a performance e a competitividade da do negócio como um todo.
Em última análise, a busca pelo equilíbrio entre as diversas forças dentro de uma empresa não é apenas uma questão de maximizar lucros ou otimizar processos, mas, sim, de garantir sua sustentabilidade e sucesso a longo prazo. É a capacidade de integrar e harmonizar essas diferentes áreas que permite às empresas enfrentar os desafios do mercado com resiliência e adaptabilidade, garantindo sua relevância e sucesso no futuro.