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40 anos da revolução do computador pessoal

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Foto: Daniel Zimmermann/divulgação.

Quem poderia imaginar que as pessoas se apaixonariam por um computador? Pois, em 1984, a Apple provou para o mundo que isso era possível. 

O Macintosh completou 40 anos. O computador que revolucionou o mercado, inaugurando a era da computação pessoal. Uma série de inovações convergiram no Mac, como a interface gráfica e o Mouse. Um produto verdadeiramente inovador que serviu de inspiração para tudo que veio depois no mercado. 

Mas vale lembrar que, ao mesmo tempo em que o Mac foi revolucionário, surgiu com uma série de limitações. Preço elevado de 2500 dólares naquela época (imagine algo como 10.000 dólares hoje), processador lento e apenas um leitor de disquetes. 

E vale lembrar que, naquela época, não existia internet… A conexão entre computadores era algo que ainda estava confinado aos laboratórios da DARPA, estruturas militares e universidades. 

Depois do lançamento do Mac e da saída de Steve Jobs da Apple em 1985, a Apple passou por altos e baixos, e chegou perto da falência. Em 1996, Jobs retornou à empresa e começou o processo de recuperação que hoje é considerado o grande caso de resgate de uma empresa. A Apple se tornou uma das maiores empresas do planeta ultrapassando 3 trilhões de dólares de valor de mercado. Mas isso só aconteceu porque a empresa conseguiu fazer uma reflexão profunda, uma volta à sua essência, e teve capacidade de, a partir da liderança de Jobs, ter um foco total no que era realmente necessário fazer.

Um pouco da minha experiência pessoal com o Macintosh… Eu comprei o meu primeiro Mac em 1995, quando estava na faculdade de Publicidade. Os Macs eram as ferramentas padrão das agências de propaganda em São Paulo e quem queria trabalhar na área de criação, que era o meu caso, tinha que aprender a usar o Mac e suas ferramentas gráficas. E, antes de trabalhar em agências de Marketing em São Paulo, eu cheguei a trabalhar na Macmania, revista especializada em Macs. 

A Apple lançou uma série de produtos de grande sucesso desde a volta de Jobs. O iMac, que retornou ao formato original do Mac e foi o primeiro computador totalmente pensado  para a Internet em 1998, o iPod, que simplificou o acesso às músicas digitais, o iPhone, que definiu o conceito de Smartphone como conhecemos hoje, o iPad, que foi o primeiro Tablet que realmente funcionava, o Apple Watch, que se tornou o relógio mais vendido do mundo, e os Airpods, fones sem fio que mudaram os hábitos das pessoas.  

E, depois de 40 anos do lançamento do Mac, coincidentemente, chega ao mercado o novo computador da Apple: O Apple Vision Pro. Mais do que um óculos de realidade virtual extremamente inovador, uma nova plataforma, segundo a Apple. É uma grande aposta da empresa para o futuro da computação espacial, o novo paradigma que a Apple quer colocar no mercado, repetindo o que foi feito no Mac. É onde o CEO Tim Cook está apostando todas as fichas, apesar do ceticismo do mercado com o alto preço do produto e com o fraco desempenho dos concorrentes até agora. O fato é que há dúvida se esse mercado é realmente viável. 

Mas, assim como o Mac de 1984, o Apple Vision Pro tem aspectos revolucionários ao mesmo tempo em que tem muitas limitações. É um produto que aponta uma visão de futuro, mas que foi feito com a tecnologia que existe hoje. Preço alto, curta duração da bateria, peso elevado e outros problemas inerentes a uma primeira versão de produto.  

Mas é importante entender que as empresas realmente inovadoras como a Apple não param na primeira versão. O primeiro modelo é apenas o começo da evolução. Ele serve para ocupar espaço no mercado, apontar o caminho e mostrar o que é possível. A estratégia da Apple, lançando um produto no topo de valor do mercado, foi empacotar o máximo de tecnologia possível, e atrair os compradores mais arrojados, que querem ter a última tecnologia independente do preço. E a ideia também é criar bases para o desenvolvimento dos aplicativos que realmente fazem uso do potencial da nova plataforma em um ritmo que o mercado vai absorvendo. 

O primeiro iPhone também não era perfeito, mas foi revolucionário. E, se traçarmos um paralelo com o iPhone, ele só foi ficar realmente bom a partir da versão 4. E realmente conquistou o mercado na Versão 6, e depois com linhas diferentes. O Apple Vision Pro deverá ter versões “Não-Pro”, mais acessíveis. E prevejo também que, como é um dispositivo totalmente pessoal que precisa ter uma processo de medição da cabeça das pessoas para dimensionar os acessórios para caber perfeitamente, uma versão KIDS deve estar nos planos da Apple. As novas gerações de crianças deverão se adaptar muito melhor ao novo paradigma da computação espacial.

Além de toda a análise de mercado, o que vale levar em conta é o processo constante de inovação da Apple, aprimorando o produto e oferecendo para o mercado o que é novo, a nova novidade que faz a diferença na vida das pessoas. E esse processo não acontece de um dia para o outro. A Apple tem desde 2007 patentes relacionadas a este dispositivo. Steve Jobs, enquanto era vivo (ele faleceu em 2011) chegou a participar do desenvolvimento inicial deste produto. E a Apple afirma que registrou mais de 5.000 patentes para o Apple Vision Pro. Ou seja: Inovação leva tempo, demanda investimento e o envolvimento de muita gente competente por muito tempo. 

O propósito da Apple é aprimorar a vida das pessoas através da tecnologia. O Mac, há 40 anos, é um exemplo de realização desse propósito. E os novos produtos da empresa apontam que ele continua a ser praticado, no dia-a-dia. 

Um belo exemplo a ser seguido por todas as marcas que querem revolucionar seus mercados. 

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Estrategista de marcas, especialista em inovação de marketing, fundador da Nexia Branding e sócio-fundador do Fluxo.

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