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Como esse casal de SC está liderando a pauta de D&I nas empresas

Foto: divulgação.

A morte de George Floyd no Estados Unidos em 2020 mostrou a urgência do debate racial nas Américas. Nas ruas e na internet, multidões de pessoas se manifestaram contra o racismo estrutural e a violência daquele episódio.

Logo, as marcas também passaram a ser cobradas pelos consumidores por um posicionamento efetivo quanto à presença tímida de pessoas negras em espaços de liderança.

É neste contexto que nasce a Singuê, consultoria especializada em estratégias de diversidade e inclusão, fundada por Talita Matos e Eliezer Leal

A empresa começa sua história com nomes de empresas e resultados que chamam atenção, tendo como um dos primeiros clientes o Nubank em 2021. Pouco tempo depois, chegou a outras grandes corporações.

No ano passado, quando completou três anos de mercado, a empresa cresceu em 30% seu faturamento, que já ultrapassa os R$ 2,5 milhões anuais.  

Esse sucesso nasce a partir de 15 anos de dedicação a programas de impacto social, consultorias para institutos de responsabilidade social e governos, além dos  muitos sonhos e da vivência da fundadora como uma mulher negra.

Natural de Itajaí, ela desde cedo desejou fazer a diferença para que mais pessoas negras e de outros grupos minorizados pudessem ter acesso às oportunidades e espaços de decisão.

Foi assim que ela optou pelo curso de Ciências Sociais na Universidade Federal de Santa Catarina, já atuando, nessa época, em projetos sociais, área na qual estruturou sua base de conhecimento, trabalhando posteriormente para educação e desenvolvimento de carreiras de jovens em todas as regiões do país. Em 2018, concluiu um mestrado em educação inclusiva.

O caminho até a criação da Singuê

Foi quando participou de um intercâmbio na Índia que ela teve o primeiro contato com o modelo de negócios de impacto social, um passo essencial para chegar até a criação da empresa.

Alguns anos depois, a empreendedora atuou no segmento de inovação, quando foi CEO do Impact Hub, rede de negócios de impacto, na qual ainda é sócia.

Mergulhando no mundo corporativo e percebendo a falta de diversidade nesses ambientes, em especial nos cargos de liderança, ela conquistou autoridade e passou a ser chamada para oferecer consultoria e criar estratégias para outras empresas e instituições.

A diversidade é um atributo humano, isso é um fato. No entanto, à  depender das características que você carrega, elas são utilizadas como atributos de discriminação. Essa é uma realidade na sociedade e se repete no mundo corporativo. Ser uma pessoa negra, por exemplo, pode ser usado como um critério de discriminação na seleção de um sucessor para uma vaga gerencial. Essa distorção provocada pela discriminação faz com que muitos talentos sejam desperdiçados afetando diretamente o sucesso dos negócios.Por isso desenvolvemos programas de educação corporativa e desenvolvimento de carreira e endereçamos esses desafios”, observa.

O caminho da cientista social até o empreendedorismo foi trilhado em parceria com seu esposo Eliezer Leal, também fundador e diretor executivo da Singuê.

Com o crescimento da demanda e necessidade das marcas olharem para as questões de inclusão, ele propôs a ideia de criar a empresa. Com longa experiência no mercado de tecnologia, ele percebeu que poderiam juntos construir e oferecer soluções para as novas dores das empresas que abraçavam o tema da diversidade.

Então, criaram um modelo de negócio, estabeleceram os produtos e visões da empresa, e contrataram pessoas especializadas em educação, comunicação, desenvolvimento de pessoas e recursos humanos e outros temas ligados à diversidade, em especial a pauta etnico-racial.

Toda a equipe é remota, com pessoas que constroem estratégias de diversidade, gerenciam projetos  baseados em todos os estados do Brasil e no exterior  sem precisar sair de seus estados, trazendo também esta diversidade cultural para as ações. A equipe está em cidades como Florianópolis, Salvador (BA) e Recife (PE), além de São Paulo.

Hoje, são muitos olhares e experiências que compõem a Singuê. Somos uma consultoria 100% formada por pessoas negras com experiências distintas que nos ajudam a desenhar soluções inteligentes absolutamente customizadas para os nossos clientes”, explica a empreendedora.

Com a empresa cada vez mais consolidada no mercado, os empreendedores celebram não apenas esse crescimento, mas principalmente a ampliação de iniciativas que podem gerar grandes mudanças sociais.

Estamos nos consolidando como principal consultoria das maiores e melhores instituições brasileiras no que diz respeito a projetos complexos de diversidade e a estratégia social dessas organizações. A maior parte dos projetos estão conectados ao tema da equidade racial, que vem sendo transversal em diversas iniciativas destas organizações e que em geral deve liderar a transformação cultural e a estratégia no que diz respeito à inclusão e equidade”, complementa Eliezer.

Entrelaçando vidas

Para a empresa, diversidade é todo o espectro das diferenças demográficas humanas e também as diferentes idéias, experiências e opiniões que as pessoas trazem.

Para a inclusão, consideram o sentimento cultural e ambiente de pertencimento que possibilita a sensação de singularidade entre as pessoas.

Representa o quanto se sentem valorizadas, respeitadas, encorajadas a participar plenamente e capazes de serem autênticas nos grupos em que estão.

No caso da equidade, a Singuê lê como o tratamento justo para todos e o esforço para identificar e eliminar as desigualdades e barreiras, bem como as ações para eliminar disparidades e desproporcionalidades.

Além de estarem no pilar da empresa, a diversidade, inclusão e equidade são os objetivos sobre os quais a empresa cria estratégias palpáveis para alcançá-los dentro das empresas que contratam o serviço e desejam se adequar à pauta.

O nome, Singuê, é uma palavra em banto, um tronco linguístico de matriz africana, que significa entrelace. O entrelace tem a ver com nossa forma de fazer, que precisa envolver e entregar muito valor a todos em cada iniciativa. Com entregas consistentes que mudam a vida dos indivíduos e a cultura das organizações e cria uma expertise interna e robusta para os gestores aumentarem o impacto de suas ações e lidarem com as crises que possam surgir”, conclui.

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