Abril de 1998. A fila enorme era para alistamento no Exército Brasileiro em Santa Catarina. Chovia, e após os exames necessários fomos levados para uma sala – anexo ao quartel – para aguardar o resultado. Eu, assim como dezenas de ‘recrutas’ fomos dispensados por excesso de contingente”.
Mas antes de ir embora – ainda no mesmo ambiente – uma equipe de TV chegou para registrar aquela grande procura de jovens pelo serviço militar. Lembro até hoje da manchete: “Sinais dos tempos”. Tem mais candidatos do que vagas no 62 BI (Batalhão de Infantaria de Joinville)”.
Assim que a equipe de reportagem gravou com o Tenente responsável pela operação no momento, a repórter disse: “preciso ouvir alguns jovens que queiram falar, fazer uma entrevista”. Não deu outra. Naquele ‘bando’ de adolescentes tímidos, ninguém se habilitou para dar qualquer declaração para a televisão – mesmo sendo gravada.
O oficial do exército perguntou novamente e nada de alguém levantar as mãos. Pensei, relutei, pensei novamente e decidi erguer o braço. Para quê? O coração disparou, o suor aumentou e o medo tomou conta de mim. Mas como já havia sinalizado o ‘sim’ encarei o desafio.
Quando aquela luz da câmera acendeu, foi como se um caminhão viesse para cima de mim com uma luz forte que me cegou. Não respondi nada com nada, gaguejei, titubeei e não tinha consciência mental e corporal suficiente para passar a mensagem e responder a pergunta da repórter que parecia simples: por que eu queria servir o exército?
O medo de falar em público – já que além das câmeras eu estava também diante de uma grande plateia – supera o temor da morte, por exemplo.
É o que diz um levantamento feito pelo jornal britânico Sunday Times que ouviu três mil pessoas no Reino Unido. Os entrevistados disseram que têm mais medo de falar em frente às pessoas, do que da morte, ter uma doença grave ou problemas financeiros.
Sinceramente eu também achei que iria morrer naquele instante por não dominar as técnicas da oratória.
Falo sempre em meus treinamentos. O corpo não mente e se você está com pensamentos negativos antes de subir ao palco, tua resposta corporal vai te entregar. Afinal, somos mente e corpo e um não dá para separar do outro.
Uma dica para dominar ‘os nervos à flor da pele’ é saber controlar os pensamentos. Se o orador pegar um microfone já pensando que ‘vai dar branco, vai esquecer, não vai conseguir’, como a mente não distingue o que é real e o que é imaginário – certamente ele vai falhar.
Mude a postura. Diga para você mesmo: “Eu me preparei para este momento e estou aqui cem por cento para me conectar e comunicar com minha plateia”.
Te provo: você não tem medo de FALAR em público. Você tem medo de ERRAR e isso acontece quando desconhecemos os pilares da comunicação.