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Liderança humanizada: o segredo por trás das equipes de alta performance

Foto: divulgação.

Por Marcela Quint, CEO da Aurum.

Em um mercado de trabalho cada vez mais acirrado, cada detalhe faz a diferença para assegurar a alta performance. Tão essencial quanto a escolha por profissionais qualificados ou o uso da tecnologia de ponta, a gestão equilibrada se consolidou como pilar fundamental para que as empresas garantam a eficiência e a produtividade de seus times.

Neste contexto, a liderança humanizada se destaca como uma escolha indispensável para instituições que desejam assegurar o comprometimento dos colaboradores. Apostando numa abordagem que define as pessoas como o centro das decisões, valorizando suas necessidades e potencialidades, a estratégia tende a resultar em um time mais engajado, satisfeito e produtivo, capaz de contribuir ativamente para o sucesso do negócio.

A importância do modelo está justamente atrelada ao cenário atual. Os números não mentem: estamos diante de uma era de estresse recorde. De acordo com uma pesquisa da Gallup realizada no ano passado, 44% dos profissionais ouvidos relataram ter enfrentado altos níveis de estresse no dia anterior. O resultado da pressão e estresse rotineiros é percebido na própria saúde dos trabalhadores. Para se ter uma ideia, dados da Associação Nacional de Medicina do Trabalho revelam que aproximadamente 30% dos brasileiros sofrem com a síndrome de burnout.

Esses índices são um sinal claro de que a gestão tradicional, muitas vezes focada apenas nos resultados em si, está falhando em cuidar do bem-estar dos colaboradores e fadada ao fracasso.

Até porque, o burnout é apenas uma das consequências dessa realidade, mas não a única. A falta de engajamento, exemplificada pela prática do “quiet quitting”, também é um problema crescente. A tendência, que descreve os profissionais que apenas cumprem o mínimo necessário em suas atribuições, sem envolvimento real com a empresa ou com suas metas, representa um gigantesco desperdício de potencial.

Segundo dados globais também publicados pela Gallup, 59% dos funcionários se sentem desengajados em suas funções. Ou seja, praticamente dois em cada três trabalhadores estão mais suscetíveis ao estresse e ao esgotamento e se sentem desconectados e desvalorizados em seus locais de trabalho.

Como consequência, essa desconexão e falta de propósito não apenas diminui a produtividade, mas também afeta a saúde mental e física dos talentos. Quando funcionários estão desengajados, a empresa enfrenta desafios maiores, desde baixa produtividade até altas taxas de rotatividade.

É justamente aí que a liderança humanizada pode fazer toda a diferença. Ao focar no bem-estar e no desenvolvimento pessoal dos colaboradores, os líderes tendem a transformar o ambiente de trabalho, tornando-o mais acolhedor e propício ao crescimento e produtividade.

Transformação de cenário

Atualmente, não há dúvidas de que a responsabilidade de manter os colaboradores engajados recai, principalmente, sobre os líderes. Utilizando novamente um estudo da Gallup como base, 70% do engajamento da equipe é atribuído ao gestor. Sendo assim, é evidente que a relação entre liderança, bem-estar e, consequentemente, lucro e sustentabilidade do negócio, é direta.

Mas como adotar o modelo humanizado? Por incrível que pareça, a resposta não exige grande elaboração ou mudanças. Pequenos gestos representam grandes impactos. Ouvir os funcionários é o primeiro passo. Muitas vezes, os líderes tentam resolver contratempos sem realmente entender as necessidades da equipe. Conscientizar as lideranças sobre seu papel na construção de soluções colaborativas é uma estratégia que gera senso de pertencimento. Além de promoverem um ambiente mais inclusivo, essas ações também aumentam o engajamento e a satisfação dos colaboradores.

Para se ter uma ideia desse impacto, a Organização Mundial da Saúde aponta que para cada dólar investido em programas de bem-estar, as empresas podem esperar um retorno de aproximadamente 4 a 6 dólares. Isso se deve à melhoria da produtividade e à redução nos problemas e custos atrelados à saúde da equipe. Investir no bem-estar dos colaboradores não é apenas uma questão de responsabilidade social, mas uma estratégia financeira inteligente.

Sendo assim, promover a transparência e a abertura nas relações de trabalho cria um ambiente de segurança. Quando os colaboradores se sentem protegidos, a confiança aumenta, potencializando a criatividade e inovação. Além disso, nunca é demais ressaltar que ações falam mais do que palavras; líderes que praticam o que pregam, inspiram as equipes a seguir o exemplo. Relações próximas entre gestor e time fomentam um ambiente de trabalho positivo, engajado e produtivo.

Em resumo, a humanização da gestão é fundamental para assegurar o engajamento e a motivação dos colaboradores. Sem exigir grandes investimentos ou mudanças mirabolantes, a abordagem humanizada cria ecossistemas em que o talento é potencializado, não enfraquecido. Como disse a psicóloga social Christina Maslach, sempre fomos ótimos em nos adequar ao trabalho, porém, agora é hora de tornar o trabalho mais adequado às pessoas.

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