Por Reinaldo Paiva, psicólogo e professor da Fritz Müller – Hub de Conhecimento.
Gosto de tratar a Psicologia Positiva como um movimento, porque entendo que é isso o que ela promove. Estudos a seu respeito começaram há cerca de três décadas, tornando esse ramo da ciência cada vez mais importante na sociedade – seja nas relações interpessoais (para muito além da criação de filhos) e, em grande escala, no ambiente de trabalho, diretamente ligado ao papel de líderes e gestores.
Em um mercado competitivo e em constante mudança, no qual a engrenagem humana é exposta à hiper informação – o que a torna mais volátil –, manter um clima corporativo que preze por satisfação e bem-estar é uma necessidade das organizações que buscam prosperar.
Ao invés de se fixar em patologias, apontar erros e identificar problemas, essa abordagem busca compreender e promover os fatores que permitem aos indivíduos e comunidades evoluírem, a colocarem o seu melhor para fora em suas práticas cotidianas. No universo corporativo, é notório que líderes que mudam o foco dos gaps ou das faltas e enxergam seus colaboradores do ponto de vista das suas fortalezas, tiram melhor proveito do seu time. E isso não tem a ver com passar a mão na cabeça, fazer vista grossa ou não cobrar o cumprimento de seus deveres – porque tal postura faz cair por terra o papel de um líder. Pelos princípios da Psicologia Positiva, gestores que se empenham em despertar as virtudes dos integrantes da sua equipe consequentemente geram um ambiente de trabalho que por si só promove segurança psicológica – um benefício individual e coletivo para a corporação.
É por isso que a máxima “Felicidade dá lucro” é tão certeira no seu propósito. Pessoas satisfeitas e despertadas no seu estado mais pleno exercem um maior nível de comprometimento e engajamento, produzem mais, mais rápido e com excelência, faltam menos, sofrem menos acidentes de trabalho. Pessoas felizes consigo mesmas trazem resultados mais consistentes e sustentáveis, estão menos suscetíveis a doenças ocupacionais e geram menor custo à empresa.
Na prática, são vários os métodos que possibilitam trazer a Psicologia Positiva para o dia a dia corporativo. Um primeiro passo essencial ao líder é o autoconhecimento: ao identificar suas próprias forças e virtudes, fica mais fácil fomentar suas habilidades de liderança e exercitar formas de identificar as potencialidades que cada integrante da equipe carrega. A Psicologia Positiva também enfatiza a importância das habilidades emocionais dos líderes, como empatia, resiliência e inteligência emocional, para lidar com situações adversas de forma salutar.
Reconhecer e valorizar as conquistas e esforços dos colaboradores é fundamental para motivá-los e aumentar sua autoestima; assim como oferecer oportunidades para que eles desenvolvam suas forças e aprendam novas habilidades cria um ciclo de crescimento e aperfeiçoamento contínuo no qual os ganhos são mútuos.
Líderes que comunicam claramente a missão e os valores da empresa – e incentivam o alinhamento desses com os valores pessoais dos funcionários – promovem um sentimento de pertencimento e significado. Além disso, mostrar o impacto do trabalho de cada um na organização e na sociedade pode aumentar o senso de propósito e realização.
Aliado a todos esses fatores, a valorização e cultivo de relações saudáveis criam um ambiente de confiança e apoio. Uma comunicação aberta e honesta, juntamente com a escuta ativa, fortalece as conexões entre os membros da equipe e resolve conflitos de maneira construtiva.
A prática da Psicologia Positiva no meio corporativo é um achado que contribui para a inovação e a criatividade, essenciais para o sucesso no longo prazo. No mundo dos negócios, equipe com moral elevado se traduz em saúde financeira e mental.