Por Ana Paula Ruschel e Ricardo Ruas, jornalistas e empresários.
Não está nada fácil a vida do profissional de comunicação. Temos que estar não apenas por dentro, mas à frente de tantas tendências que viver o presente é um desafio. Estamos tão preocupados com o que virá, analisando dados, estatísticas e comportamentos, que nossa vivência está literalmente algoritimizada. Deixamos que números e tecnologia nos ditem o que ver, como viver e até o que pensar. Aliás, se não ficarmos atentos, daqui a pouco apenas planejaremos numa realidade que nem é nossa, foi criada e instigada por alguma Inteligência Artificial.
Pois bem, não somos nós quem afirmamos tudo isso. Mas profissionais/estudiosos de diferentes painéis na edição 2024 do Rio2C, o maior evento de criatividade da América Latina. Nesse ano, recorde de público com mais de 50 mil participantes reunidos com 1.663 palestrantes em 14 palcos e sete espaços de conteúdo.
Por que o Rio2C atrai tanto? Porque consegue oferecer discussões e análises de alto nível em diferentes áreas: marketing, música, audiovisual, saúde mental, biodiversidade, design, arquitetura tv, internet e por aí segue. Desfrutar da programação é ter a possibilidade de orbitar (e se abrir) para realidades bem diferentes da que estamos habituados. É se permitir “sair da bolha”, etapa inicial para a tão visada criatividade.
Falando em criatividade, ela vem expressa na fala de renomados painelistas e nas áreas de interação das marcas patrocinadoras. Tudo reflete o mote central, que em 2024 veio alinhado fortemente com a Inteligência Artificial. Sim, a IA veio para ficar, vai alterar a maneira de atuar de muitos profissionais, acabar com postos de trabalho, mas gerará outros. Mas atenção, ninguém ainda sabe tudo sobre, quase a grande maioria de nós está no mesmo barco da descoberta e ainda há muito a evoluir. Ouvimos por lá que em 2030 teremos a entrada massiva da IA em nossas vidas. Mas não podemos esperar, temos que começar a “domar” essa nossa nova companhia de vida agora.
Enquanto isso, foco em como vivemos. Temos sido multitarefas, embora já é sabido que nosso cérebro foi feito para focar uma coisa por vez. Atenção plena não sai de moda e é essencial para nossa saúde mental e para o sucesso na realização dos nossos objetivos diários. Se você se enquadra no time da “nomofobia”, que é o medo de ficar sem celular, cuidado! Precisamos desenvolver a habilidade de atenção focada. Afinal, a nossa realidade está onde estamos naquele momento. Não adianta viver sem focar. Isso é deixar de construir uma realidade nossa para viver uma realidade em telas.
E para finalizar, um conselho que veio como tópico de um painel sobre Macrotendências: necessitamos de uma política da pausa, momentos de desconexão e descanso.