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As varejistas devem temer a chegada da Temu?

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Foto: divulgação.

Por Rafael da Cunha, CEO da Climba Commerce.

A chegada da Temu ao Brasil é um marco significativo no cenário do varejo, trazendo questões cruciais sobre a competitividade e a capacidade de adaptação das varejistas brasileiras. Observando os históricos de empresas como Shein e AliExpress, que entraram agressivamente no mercado brasileiro, é compreensível que as empresas locais estejam em alerta.

A Temu, com sua política de preços agressiva, promete uma nova dinâmica competitiva. No entanto, é essencial analisar se as varejistas locais realmente têm motivos para temer essa nova concorrente ou se possuem vantagens estratégicas que lhes permitem manter-se relevantes e competitivas.

Em primeiro lugar, embora a Temu traga consigo a promessa de preços baixos, é importante considerar seu histórico em outros mercados. Em países como os Estados Unidos, a empresa enfrenta críticas significativas relacionadas a atrasos na entrega e questões de qualidade no atendimento ao cliente.

No Better Business Bureau, uma espécie de Reclame Aqui americano, a Temu possui uma classificação C+, em uma escala que vai até A+. Isso levanta dúvidas sobre sua capacidade de oferecer uma experiência de compra confiável e satisfatória para os consumidores brasileiros, que são notoriamente exigentes quanto à qualidade do serviço.

Além disso, as empresas brasileiras têm vantagens consideráveis que podem ser decisivas na disputa pelo mercado. O profundo entendimento da cultura local e uma conexão emocional forte com os consumidores são diferenciais importantes.

As varejistas locais conhecem bem as particularidades dos impostos, das preferências e das exigências dos consumidores brasileiros. Essa proximidade e compreensão permitem uma adaptação mais precisa e rápida às demandas do mercado, algo que as grandes corporações internacionais, apesar de seus recursos substanciais, podem ter dificuldades em igualar.

Sendo assim, para enfrentar a chegada de gigantes internacionais como a Temu, as varejistas brasileiras devem investir em estratégias que fortaleçam sua posição no mercado.

A experiência de compra personalizada tem sido, por exemplo, um fator crucial.

Segundo a pesquisa CX Trends 2024 da Octadesk e Opinion Box, 65% dos consumidores consideram que uma experiência de compra personalizada influencia significativamente sua decisão de compra.

Isso significa que as empresas devem focar em oferecer um atendimento diferenciado, ágil e personalizado, garantindo a satisfação do cliente em cada etapa do processo de compra.

Por outro lado, a omnicanalidade é uma estratégia vital para a adaptação ao mercado atual.

Isso implica estar presente em todos os canais onde o consumidor se encontra: marketplaces, e-commerce, redes sociais, WhatsApp, e integrar essas plataformas de forma coesa e eficaz. Essa abordagem permite não apenas uma maior abrangência de mercado, mas também uma consistência na experiência de compra, fortalecendo o relacionamento com o cliente e promovendo a fidelidade à marca.

Outro ponto é que o varejo digital tem testemunhado mudanças significativas no comportamento do consumidor. A lealdade à marca, que antes era uma característica marcante, está diminuindo.

Os consumidores estão mais focados na experiência de compra e na conveniência. Eles esperam uma experiência personalizada, fácil e acessível. As empresas que conseguem adaptar-se rapidamente a essas novas expectativas têm uma vantagem competitiva clara.

Desta forma, as varejistas brasileiras têm uma oportunidade única de capitalizar suas vantagens locais, ajustando suas estratégias para refletir as necessidades e preferências dos consumidores.

Isso inclui não apenas uma adaptação às novas tecnologias e canais de venda, mas também uma valorização da cultura e das expectativas locais. Assim, apesar da chegada de concorrentes internacionais, as empresas brasileiras têm todas as condições de se manterem competitivas e até de liderarem o mercado, desde que estejam dispostas a inovar e a se adaptar constantemente às mudanças do ambiente de negócios.

Portanto, enquanto a Temu tem capacidade para fazer barulho, as varejistas brasileiras também têm um caminho claro para não só resistirem à concorrência, mas também para prosperarem em um mercado cada vez mais dinâmico e exigente.

A chave está na adaptação estratégica, na agilidade de resposta e na valorização das suas vantagens locais, aspectos nos quais as empresas brasileiras têm mostrado uma capacidade impressionante ao longo dos anos.

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