Por Guilherme Abdala, sócio da Evermonte Executive Search.
Para chegar ao cargo de Chief Executive Officer, há um longo caminho a ser percorrido, envolvendo atuação e conhecimento multidisciplinares.
Entre muitas outras habilidades, o CEO precisa saber avaliar e mensurar resultados, estar em contato constante com distintas áreas e construir uma rede sólida de networking.
Por isso, empresas de diferentes segmentos vêm ampliando seus olhares, principalmente no que se refere às skills de suas diretorias, buscando profissionais que se encaixem na perspectiva multissetorial requerida para a cadeira de CEO.
Uma das movimentações possíveis neste contexto é a promoção das lideranças que estão na diretoria comercial.
Nesse sentido, os profissionais que desejam fazer essa transição devem pavimentar o caminho para o cargo de CEO por meio de cinco ações essenciais.
A primeira é iniciar um processo de expansão de sua área de influência, sobretudo na área de operações, que geralmente é a mais próxima de vendas e, por conseguinte, facilitaria um primeiro passo para fora da zona de conforto.
Para além de se posicionar como referência em sua expertise, a liderança deve buscar ser um exemplo de interdisciplinaridade e conhecer as particularidades do negócio.
Por meio de estratégias integradas entre as áreas comercial e de operações, por exemplo, ela passará a ganhar a confiança, legitimação e reconhecimento de outras equipes, aumentando a reputação frente ao público interno e à alta administração.
Uma segunda ação imprescindível para quem quer sair da diretoria comercial e chegar ao cargo de CEO é aprofundar os conhecimentos sobre finanças.
Embora a formação acadêmica na área não seja obrigatória, é crucial que a liderança número um da empresa tenha um vasto entendimento sobre finanças corporativas, uma vez que existe uma demanda crescente por noções de orçamento, estrutura de capital e administração intersetorial, principalmente com a área de Crédito, que reivindica conhecimento técnico para resolução de conflitos.
Um terceiro movimento é a quebra do “estigma histórico” da área comercial já que, em alguns contextos, ela é percebida como altamente voltada para tarefas de execução.
Para fomentar um posicionamento autêntico e estruturar uma imagem verdadeiramente consistente, é essencial demonstrar, de maneira integralizada, que seus resultados não dependem apenas da ação de sua equipe direta, em geral, o diretor comercial é descrito como alguém cujo foco são seus próprios resultados e que nem sempre possui uma boa relação interna, é essa a percepção que deve ser “quebrada” pelos diretores comerciais que desejam chegar ao cargo de CEO.
Nesse contexto, ser responsável por projetos de impacto também contribui para pavimentar o caminho da transição, já que uma das principais características dos executivos que ascendem ao cargo de CEO é que, antes de chegarem à função, foram responsáveis por cases de sucesso nas empresas em que atuaram.
Por isso, é fundamental transcender a atividade de sua área do ponto de vista de geração de valor, seja por meio da inovação nos processos organizacionais ou da criação de uma nova linha de negócios. Sair do status quo da companhia é a virada de chave para comprovar sua competência e destacar-se dos demais.
Uma última e quinta ação recomendada para profissionais que desejam fazer esse movimento de carreira é assumir uma Diretoria de Business Unit que, em termos gerais, funciona como um primeiro teste de qualificação.
Essa avaliação inicial tem como propósito ratificar o amadurecimento profissional e a visão integrada das múltiplas áreas que compõem a organização. Além disso, enquanto uma ferramenta voltada à gestão competitiva, proporciona a oportunidade de mostrar, na prática, como seria administrar a totalidade do negócio.
Essas cinco ações contribuem para a transição de cargo em um cenário de constante mudança nos fluxos de movimentação de carreira, que já não seguem mais a mesma lógica do passado.
São movimentos essenciais para quem, mais do que sair de uma diretoria comercial e chegar ao cargo de CEO, deseja adaptar-se às novas dinâmicas de projeção de carreira permeadas pela digitalização e pela inovação contínua.
