Por Artur de Castro Frischenbruder, sócio da Evermonte Executive Search e líder da operação da empresa em Florianópolis e Joinville.
Lançado em abril pela Evermonte Executive Search, o estudo Executive Market Outlook 2024 destacou as quatro metodologias orçamentárias mais utilizadas pelo mercado: Orçamento Base Zero (OBZ), Orçamento Base Histórico (OBH), Gerenciamento Matricial de Despesas (GMD) e Rolling Forecast. O levantamento mostrou uma preferência pelo OBH, especialmente em empresas menores (faturamento de até R$ 500 milhões), e uma percepção de que o GMD ainda enfrenta desafios de implementação devido à sua complexidade.
O Orçamento Base Zero se inicia como uma folha em branco, desafiando a empresa a justificar cada despesa como se fosse um novo negócio. Essa abordagem elimina desperdícios e otimiza recursos, promovendo uma cultura de economia e gerando maior controle sobre os gastos. Apesar de ter crescido em 2023, o OBZ apresenta menor adesão em 2024, concentrando-se em empresas maiores – sua complexa implementação e o tempo de análise aprofundada podem ser fatores que o tornam menos atraente quando há necessidade de respostas rápidas. No estudo da Evermonte, 24,52% das companhias com faturamento acima de R$ 2 milhões afirmaram utilizar o OBZ. Este percentual cai para 13,4% em empresas que faturam entre R$ 500 milhões e R$ 2 bilhões e para 14,9% em companhias com faturamento de até R$ 500 milhões.
Em contraste ao OBZ, o Orçamento Base Histórico navega por águas mais familiares, uma vez que utiliza o orçamento do ano anterior como base e o ajusta de acordo com as mudanças previstas. Essa metodologia rápida e simples é vantajosa para empresas com histórico de despesas estável, servindo como ponto de partida para negociações e facilitando a comparação com resultados anteriores. No entanto, sua simplicidade pode perpetuar ineficiências e se mostrar menos precisa em ambientes dinâmicos. Em 2024, segundo o estudo Executive Market Outlook, há uma maior adesão ao OBH – 37,5% do total de respondentes sinalizou que irá utilizar essa metodologia, enquanto 25% aplicarão o OBZ, 20,8% o GMD e 16,7% o Rolling Forecast.
O Gerenciamento Matricial de Despesas, por sua vez, expande a visão orçamentária, combinando dois tipos de análises: vertical (por departamento) e horizontal (por tipo de despesa). Essa matriz detalhada revela áreas com alto potencial de economia, facilita a comparação de gastos entre departamentos e auxilia na identificação de oportunidades de cross selling. Apesar de oferecer uma visão abrangente e auxiliar na alocação eficiente dos recursos, o GMD pode gerar uma maior complexidade de implementação e manutenção, exigindo a integração entre diferentes departamentos, bem como dados precisos e bem-organizados. Outro ponto de destaque é que, com sua visão abrangente e detalhada dos gastos, apresenta baixa utilização, especialmente em empresas menores – na pesquisa da Evermonte, a utilização dessa metodologia foi informada por 18,27% dos respondentes com faturamento até R$ 500 milhões; 9% com faturamento entre R$ 500 milhões e R$ 2 bilhões e 25,86% acima de R$ 2 bi.
O Rolling Forecast, por sua vez, está relacionado à flexibilidade, atualizando o orçamento periodicamente à medida que novas informações são disponibilizadas. Essa abordagem dinâmica permite que as empresas acompanhem as mudanças no negócio em tempo real, adaptando-se rapidamente a novas oportunidades e desafios. Ideal para ambientes em constante mutação, o Rolling Forecast reduz o risco de obsolescência do orçamento e facilita decisões mais ágeis e assertivas. No entanto, carece de um processo contínuo de coleta e análise de dados, além de uma cultura organizacional que valorize a flexibilidade. Por ser mais trabalhoso e exigir um acompanhamento mais regular, é o menos utilizado entre os quatro.
Seja qual for a metodologia utilizada, o planejamento orçamentário é vital para a saúde financeira de todo e qualquer negócio. Sem ele, os resultados tendem a ser negativamente impactados, posto que, na ausência de uma base comparativa, não há como saber se estão abaixo ou acima do esperado. Embora em algumas companhias o feeling ainda seja o maior norteador e a análise empírica o principal mecanismo de validação, é essencial que as empresas busquem a profissionalização por meio de uma gestão orçamentária mais efetiva e transparente, utilizando uma metodologia orçamentária adequada às suas especificidades organizacionais.