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Sob o viés da mudança em processos de M&A

Foto: Alex Miranda.

Mudar, na maioria das vezes, é muito difícil e impõe decisões importantes de quem está passando por uma experiência de mudanças corporativas significativas.

Temos acompanhado uma série de fusões e aquisições de empresas mundiais, unindo forças principalmente de marcas – que, a meu ver, é o maior bem de qualquer negócio.

Esse processo torna marcas ainda mais fortes, com significado, propósito amplo e mais portfólio para o cliente.

Por isso podemos ver que esses movimentos têm sido mais frequentes nos últimos anos, inclusive, colocando-se como tendência.

Desde fundos de investimentos até junção de empresas aderentes em seus mercados, o que é comum nesses cenários, é a certeza de que nada mais será como antes: nem para quem compra nem para quem vende.

Obviamente que em qualquer processo de M&A, como é chamado no mundo corporativo, o grau de complexidade é alto – por isso a mudança nos seus processos e procedimentos internos e a relação com o externo é um fato que precisa ser considerado.

A primeira incerteza é se o negócio deve acontecer – para isso a necessidade de uma boutique de M&A, que são as assessorias especializadas para esse tipo de questão, é imprescritível.

Seria a primeira etapa para a primeira fase: a análise de viabilidade e aderência. Números e mais números e uma lista de relatórios e documentos fiscais, contábeis, tributários, financeiros e mercadológicos darão clareza sobre como está a saúde e sustentabilidade do negócio em questão, além, claro, da confirmação do valuation (valor da empresa).

As demais fases envolverão proposta, aceite, e a due diligence (auditoria dos dados apresentados) para a então assinatura do contrato. Importante ressaltar que o nível de sigilo e a confidencialidade nesses processos são fundamentais para o sucesso da transação.

Por isso, até aí é você uma espécie de campo minado que está a cargo da alta gestão – direção, conselhos, CEO e CFO normalmente são os envolvidos e estão sob um NDA (termo com valor jurídico de confidencialidade), assinado pelos envolvidos.

O nível de confiança é muito importante nessa fase e, por isso, poucos são designados a participar. Além disso, até que se finalize a primeira fase, ainda não é uma realidade definitiva.

Pode não acontecer e se algo vaza, a reputação de ambos os negócios podem sofrer abalos irreparáveis em alguns casos, gerando ruídos desfavoráveis e perigosos numa onda de especulações que estão sempre longe da verdade absoluta.

Por isso, o anúncio da transação concluída ocorre apenas quando o comunicado se torna público, que é quando, de fato, todos possam saber.

Pois bem, depois de um longo processo que pode durar muitos anos – sim, anos! –, partimos para a nova fase que literalmente confrontará uma mudança indescritível em praticamente toda a empresa.

Para a empresa compradora, seus desafios começam anunciando aos seus gestores que, da noite para o dia, passam a contar com a novidade e grande missão de seguir dando resultado em ambos negócios.

São muitos desafios: o cotidiano fica completamente alterado, as equipes mudam, áreas inteiras passam por reestruturação.

Na minha opinião o maior desafio vai muito além dos processos. Para mim, as mudanças gerarão uma crise e a maior responsável são as pessoas.

A questão da cultura choca as diferentes equipes, pelo simples fato de estarem inseridas em cenários que envolvem valores e condutas distintas.

Além de questões muitas vezes geográficas, impondo mudanças de sede.

A linha de reporte também sofrerá alterações, por isso, reestruturação e sinergia são as palavras que mais se escutará nos meses seguintes às junções de operações.

Eu tive o privilégio de vivenciar esse processo desde o início, e posso falar com propriedade: é demasiado complexo, difícil, desgastante e moroso.

O pós-aquisição é dolorido, fatigante e em dados momentos até sufocante, por isso, é importante revisitar o planejamento estratégico, traçar novas ações, adiar outras para sobrepassar essa turbulência.

Outra medida indispensável é a integração. De tudo e para todos.

Para quem chega, os caminhos são desconhecidos e passam a ser mais longos porque há muito o que aprender.

Portanto, mudar – assim como crescer e aprender – oferece grandes oportunidades de desenvolvimento, porém, impõe uma grande decisão: querer e suportar.

Seguramente corpos ficarão pelo caminho, quase que como uma zona de guerra mesmo, mas tem fim, com erros e acertos, mortos e feridos, vivos e vitoriosos. Pelo menos até que a próxima mudança aconteça e tudo comece outra vez.

O que você decidiria se pudesse escolher?

Eu, assim como nosso saudoso, Raul Seixas, “prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”.

Quem aceita vivenciar os vieses da mudança aceita se aperfeiçoar continuamente. Por isso, se a vida te surpreender com algo novo, aproveite.

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Diretora comercial e marketing do Grupo Linear

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