Recentemente, um dos livros que mais me marcou foi Como Falar dos Livros que Não Lemos, de Pierre Bayard. É uma obra que provoca, instiga, e faz a gente pensar sobre nossa relação com os livros de uma maneira diferente.
Muitas vezes, sinto que os livros que ainda não li parecem me julgar, como se estivessem ali, empilhados, me lembrando de tudo o que ainda não vivi através de suas páginas. Sei que não sou a única a sentir isso. Muitos leitores já experimentaram essa sensação de culpa ao olhar para uma pilha de livros não lidos, como se estivessem deixando algo importante passar.
Mas, com o tempo, comecei a enxergar esses livros de uma maneira diferente. Para mim, eles representam liberdade. Ter vários livros ainda por ler significa que não estou presa a uma única narrativa, a uma única história.
Cada um deles é uma porta aberta para uma nova experiência, e essa diversidade me dá a chance de escolher conforme o meu momento, conforme o que estou sentindo ou precisando.
Essa variedade de opções, longe de ser opressiva, é, na verdade, libertadora. Ela me traz uma sensação de leveza, uma possibilidade constante de me surpreender, de me encantar com algo novo a cada escolha. Não é sobre o peso do que ainda não foi lido, mas sobre a alegria de saber que há sempre algo à espera, pronto para ser descoberto quando for o momento certo.
Pierre Bayard menciona uma citação de Jules Renard que ressoa profundamente comigo. Renard, em Notas Sobre o Ofício de Escrever, disse: “Quando penso em todos os livros que tenho para ler, tenho certeza de que ainda serei feliz”. Essa frase captura perfeitamente o que sinto ao olhar para os livros que ainda não li.
Também concordo com Jules. Saber que ainda há tanto por descobrir, tantas histórias esperando para serem vividas, é um pensamento que me traz conforto e uma felicidade tranquila.
Afinal, é bom saber que a próxima aventura está sempre ao nosso alcance, esperando apenas que a gente vire a primeira página.
