Este ano, o termo ESG completa 20 anos de existência. A sigla, que vem do inglês (Environmental, Social, Governance) foi criada em 2004, em uma publicação do Pacto Global em parceria com o Banco Mundial, chamada “Who Cares Wins” (Quem se importa vence, em tradução livre).
Neste documento, o então secretário-geral da ONU, Kofi Annan, fez um desafio a 50 CEOs de grandes instituições financeiras: integrar fatores sociais, ambientais e de governança ao mercado de capitais até 2030.
O termo, no entanto, levou mais de 15 anos para ganhar prioridade na pauta dos CEOS, como mostram diversas evidências.
O Panorama ESG 2024 da Amcham indicou que para 77% das lideranças empresariais entrevistadas, o chefe da companhia é quem deve conduzir o processo ESG.
A pesquisa foi realizada pela Consultoria Humanizadas a pedido da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham) e ouviu 687 líderes.
Mostrou, também, que 71% das empresas entrevistadas implementaram ou iniciaram boas práticas de sustentabilidade, sendo que destas 45% se consideram nos estágios iniciais de implementação das práticas.
Detalhe importante: houve um aumento de 24 pontos percentuais na curva de adoção de práticas de ESG em relação ao mesmo levantamento, realizado em 2023.
Estudo da consultoria Bain & Company realizado com CEOs em 2024 indicou que cerca de 80% percebiam avanços de suas empresas na agenda ESG, mas estavam insatisfeitos com a velocidade da transformação. Foram 30 entrevistados de diferentes segmentos industriais.
Apesar de o processo ser mais lento do que a expectativa, mais de 50% reconhecem efeitos positivos de ter uma estratégia robusta em sustentabilidade, tais como maior facilidade para atrair capital, amplo acesso a mercados e atração de talentos.
A CVM estabeleceu que, até 2026, as empresas S.A. divulguem relatórios de sustentabilidade como parte de seu processo de governança.
Embora a definição não se aplique diretamente aos pequenos negócios, as empresas de sociedade anônima vão trazer consigo fornecedores e toda a cadeia de valor, o que fará com que esta exigência também se estenda às empresas de menor porte ou de capital fechado.
Mas como o ESG passou de um diferencial competitivo para um pré-requisito nas organizações?
O ESG ganhou prioridade na agenda dos executivos C-Level – e na pauta econômica dos veículos de comunicação, a partir de janeiro de 2020, quando um dos capitalistas mais influentes do mundo, o CEO da BlackRock Larry Fink, afirmou que a sustentabilidade se tornaria o novo padrão de investimento da empresa (maior gestora de fundos de investimento).
O recado foi dado na tradicional carta que o chefe da BlackRock escreve anualmente para as lideranças empresariais no início de cada ano. Desde então o mercado financeiro passou a considerar as questões ambientais, sociais e de governança como essenciais nas análises de riscos e nas decisões de investimentos, e este movimento alavancou a inserção da sustentabilidade na estratégia empresarial.
Para as empresas que ainda não colocaram a sustentabilidade empresarial na sua estratégia, não é preciso esperar uma demanda específica para se adaptar.
Mais do que uma tendência, o ESG é uma grande oportunidade de preparar os negócios para uma nova realidade em que as empresas, para se perpetuar, precisam definir qual é a sua contribuição para um mundo mais humano e sustentável.
O primeiro passo na trilha ESG é identificar quais os impactos que a empresa traz para a sociedade e quais ações já realiza nos pilares de Governança, Social e Ambiental.
A formação de um comitê de sustentabilidade multidisciplinar, com representantes de vários segmentos da empresa, e a escuta dos públicos interessados são fundamentais para mapear os impactos e desenvolver uma agenda ESG.
Depois disso, é importante preparar o primeiro Relatório de Sustentabilidade, seguindo indicadores de padrão internacional, como o GRI (Global Reporting Initiative), e propor metas factíveis de evolução, que devem ser relatadas periodicamente com alto grau de transparência.