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Datena, Marçal e a ‘comunicação não violenta’

Foto: Junior Garcia.

O episódio recente envolvendo os candidatos à prefeitura de São Paulo, Datena e Pablo Marçal, nos leva a refletir sobre algumas perspectivas, sobretudo nas áreas da comunicação, comportamento e o impacto que tal ato pode ser atribuído a duas pessoas públicas. Mas quero ficar com as lições que o ato pode nos remeter ao campo, apenas, da comunicação.

Quando um candidato arremessa uma cadeira em seu concorrente político, é fato que houve uma reação impulsiva e total perda de controle emocional, mesmo sendo provocado pelo seu rival.

Segundo a comunicação não verbal, conceito criado por Marshall Rosenberg, a agressividade verbal e física só intensifica os conflitos e afasta a possibilidade de diálogo aberto e respeito entre duas ou mais pessoas.

A falta de empatia também é uma expressão clara de que não houve tentativa de entender a perspectiva do outro, e por isso, a troca de farpas e a cadeirada ao vivo e em rede de televisão.

O caso envolvendo Datena e Marçal cai como uma luva para lembrarmos das consequências do descontrole emocional e da comunicação – que nem sempre é só de agressão física, em ambientes empresariais. A CNV não evita apenas a escalada de conflitos em locais políticos e sim no relacionamento interno de qualquer organização.

A comunicação não violenta deve ser regra, e não exceção para a verdadeira promoção de um ambiente de trabalho mais colaborativo e empático.

Mas como fazer isso, no dia-a-dia? Me perguntaram na última palestra que fiz sobre comunicação empresarial. Listo aqui algumas estratégias:

1- Treinamento de equipe. Seminários, palestras, workshops precisam fazer parte da rotina semestral ou anual das empresas. Só assim funcionários, líderes e liderados poderão compreender os conceitos básicos da CNV.

2- Escuta Ativa. Quem não sabe escutar direito, não tem o que dizer. E existe diferença entre ouvir e escutar. Ouvir é patologia, enquanto que escutar é processar o que outro está dizendo. Escuta Ativa é atenção plena, sem necessidade imediata de responder.

3- Valores. Os princípios da comunicação não violenta podem ser incluídos nos valores da empresa e nas políticas de RH. Essa ação mostra o compromisso da empresa em desmistificar ainda mais a cultura de empatia e respeito.

4- Liderança. O exemplo precisa ser copiado e os líderes e gestores devem modelar a CNV em sua rotina diária para incentivar os colaboradores.

Estudos demonstram que essas práticas melhoram o clima organizacional, retém talentos, motivam as equipes e potencializam a resolução de conflitos de forma menos dramática e com soluções mais duradouras nas empresas.

Treine seu time para, ao ser confrontado, não responder de forma imediata e irracional. Treine-o para que a cadeira sirva – apenas – como apoio para um diálogo respeitoso, como deveria ser entre os candidatos à prefeitura da maior cidade do país. 

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Especialista em comunicação, mentor, professor de oratória, assessor de imprensa e palestrante.

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