Por Artur de Castro Frischenbruder, sócio na Evermonte Executive Search.
Responsável pela condução e supervisão das finanças corporativas, a pessoa que ocupa a diretoria financeira de uma empresa – o CFO – exerce a sua função em meio a variáveis que, muitas vezes, representam grandes riscos aos negócios. Para além das capacidades técnicas relacionadas ao dia a dia do cargo, essa liderança precisa desenvolver competências específicas para conduzir a companhia em meio a cenários nem sempre favoráveis.
O primeiro grande risco, no contexto das empresas brasileiras, é o que podemos chamar de risco político, embora não se refira a questões partidárias, mas, sim, às reformas legislativas que impactam os negócios. Ainda nesse contexto, as companhias também estão sujeitas ao risco monetário – relacionado à inflação, taxa de juros e às oscilações de moeda – e ao trabalhista, referente às constantes transformações das relações de trabalho, bem como dos seus entendimentos jurídicos. Aliás, em entrevistas realizadas com CFOs, a Evermonte identificou que um dos grandes desafios destes executivos, sobretudo daqueles que atuam em multinacionais, é explicar o funcionamento do sistema tributário e das leis trabalhistas no Brasil.
Mas como saber se um CFO reúne as competências necessárias para guiar as finanças em meio a tantos riscos? O melhor indicativo ainda é a experiência. Vale questionar: este executivo já passou por alguma situação difícil desencadeada por algum risco à saúde financeira da empresa? Se sim, qual foi o plano de ação implementado e que resultados foram obtidos?
A existência de um plano de ação e de uma matriz de riscos bem estruturada já é um ótimo indício de que o CFO tem a habilidade necessária para conduzir a empresa em situações difíceis. Planejar, no entanto, não é suficiente: é fundamental avaliar todos os cenários de forma recorrente, e ajustar a matriz de acordo com as mudanças que estão acontecendo.
Ainda assim, é possível que as finanças corporativas sofram abalos não previstos na matriz de riscos. Nesses casos, é importante contar com um time devidamente preparado, com os treinamentos e direcionamentos necessários para agir sob pressão em situações extremas (ou, em outras palavras, com a competência de critical thinking em dia). Logo, além de uma apurada leitura de cenário, do mapeamento de riscos e do planejamento para situações de crise, é imprescindível que o CFO esteja atento à gestão das pessoas. Afinal, em tempos de turbulência, serão elas os diferenciais mais expressivos para as ações de preservação das finanças corporativas.