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Com a IA, viveremos uma nova corrida nuclear

Foto: distelAPPArath/Pixabay

O mundo está entrando em uma nova corrida nuclear, mas, não é nenhuma reprise da Guerra Fria ou ambição explosiva e sim a Inteligência Artificial e a necessidade de uma grande fonte energética para que ela exista. Essa afirmação pode soar exagerada, mas garanto que não é.

Para começo de conversa, já estamos começando a ver o poder único da IA de direcionar a economia global, afinal, grandes potências têm se posicionado de todas as formas no desenvolvimento desse mercado, e as discussões estão invadindo áreas jurídicas, legislativas e econômicas – fora que praticamente todos os setores querem se colocar corretamente nessa revolução tecnológica.

Mas para resumir uma longa cadeia de necessidades que vai resultar na energia nuclear abastecendo a Inteligência Artificial, é o seguinte: Para que as IAs existam e se desenvolvam, precisamos de mais computação e de mais data centers. Ou, colocando de forma simples, necessitamos de mais computadores. E mais compiuters ligados demandam mais eletricidade.

Já vivemos em um mundo onde precisamos de mais energia, e a coisa só vai piorar. Nossa vida está cada vez mais eletrônica e, com o planeta esquentando, vamos precisar de muito mais ar condicionado para manter a calma – literalmente e figurativamente.

Inteligência Artificial e a corrida por energia nuclear

Atrelar o desenvolvimento da inteligência artificial a uma guinada em direção a um setor energético mais renovável ou a um novo momento para a energia nuclear mundial não é nenhum exagero. Eu sei, você deve estar cansado de ouvir que “a IA vai mudar o mundo”, mas precisamos levar isso a sério. A Revolução Industrial mudou a geopolítica, a eletricidade transformou a forma como vivemos e, mais recentemente, a computação é a responsável por cinco das marcas mais valiosas do mundo. E, na era dos Dados, não precisamos ir muito longe: basta lembrar do escândalo da Cambridge Analytica e como ele nos fez repensar a política moderna.

Só que com a IA, a mudança será ainda mais profunda. Para sustentar essa transformação, precisaremos de muita, mas muita energia.

Como sabemos, os combustíveis fósseis são escassos – vão acabar, não adianta espernear. Por isso, o mundo tem olhado para as energias renováveis como solução. Para algumas pessoas, por pareça que incrível, esse papo ainda soa como “conversa de ativista” – em pleno 2024. Mesmo com todas as grandes potências do mundo se preocupando ativamente com isso.

As fontes renováveis oferecem grandes vantagens, mas também têm seus desafios. As energias solar e eólica, por exemplo, ainda dependem de condições climáticas. Em termos leigos, não adianta ter um painel solar em dia de chuva e a tecnologia de estocar vento ainda está para ser desenvolvida. É aí que entra a energia nuclear, que não emite gás carbônico, funciona com qualquer tempo lá fora e até de noite – mas que traz uma outra leva de preocupações.

O nuclear já voltou a ser moda, só você não viu

Os Estados Unidos, que têm uma tradição nuclear, viu muita usina de suas terras fechar por conta dos custos de manutenção envolvidos – que ultrapassaram bastante as expectativas iniciais – e da resistência das pessoas originada pelo medo. Isso é algo plenamente compreensível. Para muita gente, falar neste tema é quase sinônimo de Chernobyl – e ninguém quer essa tragédia novamente, muito menos perto de si.

Só que não é bem assim no resto do mundo. Apesar do medo, muitos reatores nucleares já estão em produção – só a China tem 30 e a Índia, 7. Esses números fazem sentido, considerando que esses países possuem populações gigantescas que demandam uma quantidade imensa de energia. Nosso Brasilzão já tem suas duas angras e aguarda a terceira, ainda em desenvolvimento.

E também não é bem assim para as Big Techs, que tem orçamento para gastar e já estão em movimento para se adequar a essa realidade. Vou trazer dois exemplos:

Nós vamos ficar cada vez mais próximos do nuclear também por conta de uma alternativa promissora que são os Small Modular Reactors. Eles podem ser feitos em fábricas e transportados para o local de instalação. Isso facilita a implementação, mas ainda estamos longe de uma comercialização em larga escala – deve levar até o final da década.

Jogar fora em qual lixo?

Além do risco de explosões catastróficas (novamente, entendo a preocupação), existe outro problema: o lixo nuclear, que pode permanecer radioativo por 300 mil anos. As soluções até agora parecem saídas de um filme de ficção científica: enterrar o lixo a quilômetros de profundidade ou até mesmo enviá-lo para o espaço. Parece uma boa ideia até o momento em que, sem intenção, a gente acaba declarando guerra a Marte.

Não podemos simplesmente gerar energia e depois fingir que não existe um resíduo altamente perigoso. O Brasil e o mundo precisam investir em pesquisa e desenvolvimento para lidar com esse lixo de forma responsável. Ou pelo menos já irmos pensando como queremos nos posicionar nesse novo esquema que está se desenhando.

Quanto mais preparados estivermos, menores os riscos de ficarmos para trás como economia ou de atacarmos ainda mais o planeta que precisamos urgentemente curar. Homer Simpson comandando a usina só tem graça no desenho animado.

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Jornalista e marketing manager na AE Studio e Instill.

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