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A WEG e os ensinamentos para o Brasil

Foto: divulgação.

Por Julio Cesar Marcellino Jr, doutor em Direito, professor e advogado.

O Covid-19 impôs ao mundo um enorme desafio, especialmente no âmbito da saúde pública. Um período que marcou profundamente nossas vidas. Mas não foi somente na área da saúde que fomos atingidos. A economia global sofreu forte abalo, com consequências que se fazem presentes até os dias de hoje. A pandemia deixou ainda mais claro que vivemos tempos de policrises, como explica o Professor Adam Tooze, e que os modelos de governança pública e privada que vigiam até então não seriam suficientes para lidar com a complexidade do mundo pós-Covid.

O mundo está se reorganizando por regiões com um evidente reposicionamento das cadeias produtivas. A economia chinesa se agigantou e caminha a passos largos para se tornar a maior e mais poderosa do planeta. Além de potência econômica, consolida-se cada vez mais como potência militar – que sabemos, influencia e muito no jogo econômico.

Com a pandemia, muitos países perceberam os riscos da concentração das cadeias produtivas na Ásia. Aliado ao movimento ultra-protecionista de países como Estados Unidos e Reino Unido (Brexit), o Ocidente passou a avaliar com cautela o excesso de dependência das plantas e fábricas asiáticas. O custo-China, com franco aumento nos últimos anos, também contribui para o reposicionamento das estruturas de produção.

Em reunião recente com a diretoria da WEG, tivemos a oportunidade de confirmar esse cenário com a fala do presidente da companhia, Alberto Kuba. Ficou claro nas explicações do presidente que o mundo pós-pandemia é um mundo que exige um novo olhar no que diz respeito à governança e aos processos produtivos.

A WEG é uma empresa global que orgulha Santa Catarina e o Brasil. É um exemplo de gestão, eficiência e produtividade. Está sediada no município de Jaraguá do Sul, na região norte do Estado e possui filiais em 41 países e plantas em outros 17. Possui faturamento próximo a R$ 32,5 bilhões e emprega mais de 45 mil pessoas.

Kuba, que comandava há 10 anos as plantas da WEG na China, enxerga que neste novo momento, em que a economia global se movimenta com velocidade e complexidade, o Brasil tem grandes oportunidades. Somos uma potência verde, que não sofre com tragédias naturais como terremotos e furacões. Somos alcançados, por óbvio, pelas mudanças climáticas, mas seus impactos, por ora, tem sido mais localizados e (ainda) não estruturais.

Temos grandes áreas de terras agricultáveis, água potável em abundância – considerado por alguns como o possível “novo petróleo” do futuro -, luz solar e ventos que potencializam a produção de energia renovável, cultura política tolerante e convívio pacífico com países vizinhos. Segundo Kuba, o Brasil está posicionado estrategicamente e oferece segurança para investimentos aos olhos do investidor estrangeiro. Mas é preciso que se tomem medidas para melhorar nossa posição em termos competitivos.
O grande ponto destacado por Kuba é a produtividade. O Brasil poderia se tornar muito mais competitivo caso fosse mais produtivo.

A China tem dado lições em relação a isso. Há mais de uma década, muitas das fábricas chinesas eram precárias e rústicas. Hoje a realidade é outra. Os chineses investiram e avançaram muito na utilização de inovações tecnológicas, especialmente no que diz respeito à digitalização e à robotização. Esses investimentos deram resultado: para se ter uma ideia, em termos comparativos, há 20 anos a economia do Brasil era o dobro da economia chinesa, e hoje a China é 5 vezes maior do que o Brasil economicamente.

O presidente Kuba enalteceu a importância de as empresas brasileiras investirem em eficiência operacional visando a racionalização de processos e eliminação de fluxos improdutivos. O poder público deve também fazer sua parte com oferecimento de linhas de financiamento acessíveis, infraestrutura adequada e investimento permanente em modernização e desburocratização da máquina estatal. As inovações tecnológicas estão disponíveis para essa necessária virada nos métodos de produção e governança, tanto no privado quanto no público. A Ásia tem nos apontado o caminho. Que sigamos os exemplos.

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