Siga nas redes sociais

Search

“Estou apostando em pessoas”: conheça a história de Marcelo Wagner

Compartilhe

Foto: divulgação.

Com 22 anos de idade, Marcelo Wagner dos Santos fundou sua própria startup, a Suiteshare, e 3 anos depois, em 2021, a vendeu para a unicórnio VTEX, presente em mais de 28 países e uma das maiores plataformas de e-commerce da América Latina. Investidor-anjo de startups e mentor pelo Sebrae, é CEO e fundador do Founders Club. Ele é mais um entrevistado da coluna que conta a história de empreendedores e profissionais que se destacam no mercado. A seleção é sempre feita pelo meu Instagram, através de um post periódico com o tema Você no Economia SC. Confira abaixo: 

Qual sua história profissional?

Eu sempre foquei muito nos estudos, então eu comecei a trabalhar com 16 para 17 anos em uma empresa que vendia produtos pela internet. Eu trabalhava basicamente enviando os pedidos para os clientes que compravam no site e no Mercado Livre e fui crescendo dentro dessa empresa até trabalhar numa parte mais administrativa, digamos assim. Logo em seguida, eu recebi uma oportunidade de trabalhar na RBS, que é filiada da Rede Globo no Rio Grande do Sul, sou natural, da região metropolitana de Porto Alegre, nasci em Cachoeirinha. E trabalhando lá na RBS, eu fui trabalhar num setor técnico que cuidava, fazia uma triagem no atendimento dos assinantes dos jornais do grupo, Zero Hora, Diário Catarinense e por aí vai, os jornais do grupo RBS. Então eu trabalhei um ano e meio aproximadamente lá. Isso foi, se eu não me engano, eu saí em novembro de 2014, porque a RBS terceirizou todo o setor de atendimento e aí eles demitiram basicamente 800 pessoas e eu estava junto nessa leva aí. E aí quando eu saí da RBS, eu comecei a conhecer um pouco melhor o mundo de startups e recebi uma proposta de trabalhar numa startup, eu estava cursando marketing, e aí fui trabalhar na área de marketing dentro de uma startup que era o marketplace de veículos, e lá dentro eu fazia basicamente tráfego pago, campanhas de e-mail e o trabalho que geralmente o profissional de marketing faz. Com isso eu comecei a estudar mais a fundo o que era startup, aprendi um pouco sobre esse mundo, li alguns livros e em 2017, por setembro, me reuni com alguns colegas de trabalho que estavam na mesma pegada que a minha, duas pessoas, além de mim, no total três. E a gente lançou um produto, um MVP, baseado numa ideia que a gente teve conversando com o cliente. Como a gente estava meio insatisfeito naquela startup, e a gente viu que não era bem uma startup o modelo que estava sendo praticado, ali era um modelo à moda antiga, a gente pensou em criar uma agência e aí tentando vender site, tentando vender gestão de redes sociais para um cliente, ele falou que tinha uma necessidade específica com o WhatsApp e a gente teve uma ideia de um produto e colocou no ar esse produto. Esse produto em poucos meses viralizou e começou a gerar muitos acessos. A gente colocou um preço de R$ 14,90 por ano só para testar se alguém pagaria por isso, e as pessoas começaram a pagar. E aí a gente se aprofundou mais no ecossistema de startups e começou a participar de alguns eventos e fazer pitch para investidores. E aí num desses pitchs um investidor teve interesse pela solução. Isso já era início de 2018. E ele perguntou para a gente se a gente não tinha interesse de pegar um valor, no caso foi ele investir os 50 mil reais, para nós pedirmos demissão e em quatro meses focar no produto e lançar um produto focado em empresas para ajudar elas a vender mais pelo WhatsApp. E a gente topou, pedimos demissão do nosso emprego e começamos essa startup. O nome da startup era What’s Share. Então em maio de 2018 nós pedimos demissão do nosso emprego e a gente começa a entrar de cabeça nesse ecossistema com o nosso próprio negócio. Eu aprendi a vender, estudei algumas coisas sobre vendas e comecei a vender o produto e coloquei uma meta de que a partir do momento que a gente batesse 20 mil reais de faturamento mensal, contrataria um primeiro funcionário que seria da área de vendas para que eu pudesse focar nas grandes contas que estavam surgindo. E aí a gente bate esse faturamento, a empresa cresce, a gente acaba captando o investimento de uma aceleradora no valor de 300 mil reais em 2019, a gente recebe vários prêmios, destaque em vários programas, como o Inovativa Brasil, que é um programa de aceleração gratuito do governo a gente sai em vários sites, em várias notícias, como no pequenas empresas grandes negócios, até que a gente conquista um grande primeiro cliente que foi a Arezzo e a gente começa a conquistar clientes parecidos com a Arezzo, como Hering, Reserva, Lupo e aí vem a pandemia, nossa solução se torna o melhor canal de vendas para essas empresas e começa a crescer de forma bem absurda. E aí, quando a gente estava batendo ali uns 400 mil reais de faturamento, a gente estava se preparando para captar um cheque de 4 milhões com fundo de investimento, e a gente recebeu seis propostas de venda do nosso negócio. Fazendo um parênteses aqui, aproximadamente ali no final de 2019 para 2020, um pouco antes de receber as propostas, a gente recebeu uma notificação do WhatsApp pedindo para a gente mudar de nome. Porque o nosso produto tinha um nome que fazia alusão ao WhatsApp e trabalhava com o WhatsApp, então não podia, que era o What’s Share. Então o WhatsApp nos aciona e pede para mudança do nome. Pedimos um prazo de 90 dias para a mudança, porém, para a gente fazer isso, queríamos uma autorização, garantindo que aquilo que a gente faz não infringe as regras. Eles confirmam, nos mandam uma carta e a gente se torna um dos primeiros parceiros oficiais do WhatsApp no Brasil. E com isso a gente gerou um ganho grande no mercado também. A gente negocia conversa com essas seis empresas em 2020 e acaba optando por vender 100% do nosso negócio por um valor bem expressivo, que não pode ser divulgado por uma questão de contrato com a Vtex, mas um valor muito expressivo. E a gente recebe ações também da Vtex, que eles estavam abrindo IPO na bolsa e a gente faz então a venda da SweetShare, que foi o novo nome da empresa. E aí a SweetShare então é vendida, eu trabalho mais um ano lá na Vtex. A Vtex é uma unicórnio brasileira presente em vários países, uma das maiores empresas de tecnologia da América Latina, e aí eu trabalho por um ano lá, saio da Vtex, sou convidado pelo Sebrae para tocar um programa de aceleração para startups, por conta da minha experiência. Eu toco esse programa e percebo que depois de algum tempo, pela primeira vez ouvindo o empreendedor, sentado do outro lado da mesa, eu consigo ajudar ele na jornada de vendas, na jornada de captação de investimento, na jornada de preparar a empresa para ser vendida. E eu chamo aquele meu sócio, que foi investidor lá no início, que naquele momento já tinha mais de nove saídas, mais de nove exits, mais de nove vendas como investidor, e eu convido ele para criar um programa de aceleração nosso. E aí ele me sugere nós criarmos o Founders Club, que é algo muito maior do que um acelerador e um programa de aceleração, na verdade, é um hub, um ecossistema que apoia startups 365 dias por ano entregando benefícios, conexões, gerando networking capacitando as startups, ajudando elas a vender mais, ajudando elas a captar investimento e por aí vai. Então é isso que eu faço hoje, alguns anos depois, em 2023, a gente lança o Founders Club e é a minha principal atividade hoje.

O que te fez escolher esse caminho?

Na jornada de um fundador de startup, quando ele começa um negócio, duas coisas podem acontecer, ou a empresa dele vai quebrar ou ele vai vender o negócio. Então o exit, que é quando o fundador vende a startup, é talvez uma das maiores conquistas que um fundador de startup pode atingir. Isso aconteceu comigo, claro que não foi sozinho, foi com meus sócios, foi com o investidor, foi com a ajuda de aceleradora, que nos possibilitaram crescer mais rápido, mas ao mesmo tempo é o que eu quero ajudar as startups que fazem parte do Founders Club hoje a fazer. Então, o que me fez escolher esse caminho de empreender e ter uma startup foi o fato de saber que eu poderia ter o meu próprio negócio, mas que eu tinha passado por experiências frustrantes com negócios tradicionais, seja trabalhando no atendimento no grupo RBS, seja trabalhando numa startup que dizia que era startup mas no fim das contas tinha um modelo de gestão e de crescimento igual a um negócio tradicional. Então, o que me levou para esse caminho de empreender e ter a minha startup era fazer diferente daquelas experiências frustrantes que eu tinha e ao mesmo tempo ter o meu próprio negócio. Sendo que eu venho de uma família que não tem empreendedores, o meu pai foi a vida toda mecânico, então eu nunca tive nenhum tipo de incentivo ao empreendedorismo. Óbvio que eu tive apoio quando eu comecei a empreender, mas era um caminho, uma jornada, que ninguém tinha percorrido na minha família, e o que me motiva hoje no Founders Club é que eu estou apostando em pessoas e estou fazendo algo que eu gostaria que fizessem comigo quando eu comecei a minha startup então é isso que me inspira todos os dias e é por isso que hoje eu faço isso dentro do Founders Club.

O que você ainda almeja conquistar?

Eu quero que o trabalho do Founders Club tenha um crescimento maior no Brasil inteiro. Hoje a gente tem membros em 24 estados do Brasil, mas nós temos 470 startups no nosso portfólio. E aproximadamente hoje, tem de 5 mil a 6 mil startups no Brasil. A minha ideia, aquilo que eu almejo conquistar, é poder proporcionar esse crescimento rápido para o maior número possível de startups dentro do grupo e que eles consigam atingir êxito na jornada deles. Eu gostaria muito que esses founders, após o exit deles, após eles terem sucesso, eles se tornassem também investidores e também pudessem investir em startups, porque é isso que vai gerar um crescimento no próprio país, vai transformar o Brasil num dos principais lugares no mundo com startups de sucesso, porque hoje a gente tem muito startup, mas a maioria das startups quebram, o founder é muitas vezes solitário, ele não tem ninguém que apoie ele na jornada e por conta disso não tem acompanhamento e a startup quebra, então o meu grande sonho que eu quero almejar é fazer com que o Brasil seja talvez quem sabe no top 1 top 2, top 3, do país que mais tem startups de sucesso no mundo e eu quero contribuir com isso. Hoje eu apoio apenas 470, mas a cada ano que passa eu cresço com esse número e eu quero então chegar em um momento onde o Founders Club vai poder contribuir com uma grande parcela para acontecer isso.

Quais hábitos você mantém para ter mais qualidade de vida e desempenho no âmbito profissional?

Primeiro entendendo que o âmbito profissional é uma extensão daquilo que tu vive dentro da tua casa, até mesmo nos relacionamentos sociais. Então a vida profissional é uma extensão da minha vida. Ela não é um outro departamento, mas ela é uma continuidade daquilo que eu sou no meu dia a dia. Então, tudo aquilo que eu pratico no meu dia a dia, eu acabo levando para o âmbito profissional. Depois que eu pude parar um pouco com essa correria de empreender numa startup, depois de ter feito a venda e tudo mais, eu comecei a cuidar de coisas que eu considero importantes. A primeira delas é cuidar da família, cuidar da casa e colocar isso acima de tudo como um dos principais pilares, porque não adianta ter sucesso fora de casa mas ser fracassado dentro de casa, então eu carrego isso, não adianta ter sucesso na rua, não adianta estar palestrando em eventos não adianta ser um grande investidor, ser um grande empreendedor, se em casa eu não sou um grande marido ou lá na frente um grande pai, hoje não tenho filhos, mas estou me preparando para isso no futuro. Aprendi a cuidar das três coisas que nós temos que é corpo, alma e espírito. O corpo, passei por uma reeducação alimentar, eu não cuidava disso, não tinha isso como algo relevante no meu dia a dia, uma preocupação, e comecei a cuidar. E também exercício físico, comecei a correr, sem grandes ambições, mas tendo o básico para poder fazer uma competição de 5 km e por aí vai. Alma, que é enxergar as pessoas realmente como elas são, enxergar as pessoas amando elas, tendo empatia, ouvir tudo aquilo que as pessoas precisam de ajuda tentar poder ajudar elas, não tentar olhar as pessoas de baixo pra cima, de cima pra baixo, mas olhar elas no olho, e a questão de espírito é cuidar da saúde espiritual também, daí a gente pode falar também da questão emocional, apoio de saúde mental, mas principalmente no meu caso, algo que eu considero super importante, é me sentir próximo de Deus e conectado com Deus. Faço isso lendo a Bíblia, que é algo que eu acredito ser um pilar importante, tendo mentores que acreditam no mesmo e que me fazem crescer mais nessa área. Então, em resumo, esses são os hábitos que eu tenho e que eu tento levar também para o meu ambiente profissional.

Compartilhe

Fundadora do Economia SC, 3 vezes TOP 10 Imprensa do Startup Awards e TOP 50 dos + Admirados da Imprensa em Economia, Negócios e Finanças.

Receba notícias no seu e-mail

Leia também