Por Guilherme Neves, sócio e headhunter na Evermonte Executive Search.
Produzido a partir de fontes renováveis como a cana-de-açúcar e o milho, o etanol está se consolidando, cada vez mais, como uma peça central na estratégia brasileira de diversificação energética. Recentemente, o governo federal sancionou o Projeto de Lei 528/2020 – a chamada “Lei do Combustível do Futuro” – que, entre outras ações, aumenta a margem de etanol na gasolina para até 35%. O objetivo é reduzir a dependência de combustíveis fósseis e colocar o Brasil um passo à frente na luta contra os efeitos das mudanças climáticas.
Atento a este movimento, que traz uma onda de investimentos em novas operações industriais voltadas à produção de etanol, o setor privado já se organiza para atender ao crescimento da demanda. Na prática, a expansão da produção significa a criação de novas oportunidades de negócios e, é claro, a geração de novos empregos.
Dentre os cargos mais procurados neste contexto está uma posição estratégica e altamente especializada: a Diretoria de Operações, na qual o background e as experiências prévias dos candidatos em áreas e commodities específicas podem ser grandes diferenciais.
Especificidades da produção
Conhecer as particularidades do setor é um dos principais diferenciais para quem almeja uma posição executiva em meio às oportunidades geradas pelo crescimento dos investimentos em etanol. O processo de produção pode variar de acordo com a matéria-prima utilizada e este é um ponto relevante a ser levado em consideração na hora de recrutar um executivo para comandar a operação de uma empresa do setor.
O etanol de cana-de-açúcar, por exemplo, tem um processo produtivo mais consolidado no Brasil, onde as condições climáticas e o know-how da indústria já estão bem estabelecidos. Por outro lado, o etanol de milho, cuja produção está crescendo cada vez mais, especialmente no Centro-Oeste, enfrenta desafios próprios. Diferente da cana, o milho precisa de uma logística específica para ser transportado e armazenado, e a produção também pode ser mais complexa dependendo da infraestrutura local.
Perfil das lideranças
Essas diferenças influenciam diretamente no perfil almejado para a liderança responsável pela gestão de Operações, uma vez que esses processos exigem conhecimentos técnicos únicos. A escolha entre investir em uma planta de cana-de-açúcar ou de milho depende de uma série de fatores, que vão desde o custo da matéria-prima até a localização – passando, é claro, pelos objetivos da companhia. Líderes que entendem as nuances desses processos e têm a capacidade de navegar por essa ampla gama de desafios técnicos serão essenciais para garantir o sucesso dessas expansões.
Mas o conhecimento específico sobre o setor não é o único desafio que vem sendo encontrado pelas empresas em seus processos de recrutamento de executivos. Muitas das novas plantas de etanol estão localizadas em áreas interioranas, longe dos grandes centros, o que demanda profissionais dispostos a enfrentar não apenas os desafios técnicos, mas também a gestão de equipes em locais com menos acesso à infraestrutura urbana.
Outro ponto importante é o perfil das empresas que estão à frente dessa expansão. Muitas delas são empresas familiares, com uma gestão mais tradicional e preocupações específicas em relação à continuidade do legado. Outras, são multinacionais ou empresas de capital aberto, que precisam de uma liderança mais focada em inovação e gestão de stakeholders.
Em qualquer um desses casos, o desafio de recrutamento é claro: a busca por líderes que não só tenham conhecimento técnico, mas também capacidade de adaptação para atuar em diferentes cenários.