Este ano, quase 90% dos brasileiros possuem um celular, segundo dados do IBGE. Para Leo Monte, CEO da CashWay, techfin especializada em soluções para instituições de pagamento e financeiras, essa realidade centraliza a gama de oportunidades para o crescimento do setor em 2025.
“Esse dado reflete o potencial de penetração dos serviços financeiros digitais, mas também a necessidade de adaptá-los a perfis cada vez mais diversificados“, comenta o empresário.
Ele classifica as instituições financeiras em dois grandes grupos: tradicionais e disruptivas, cada qual com objetivos distintos. Enquanto os players tradicionais focam em rentabilidade e gestão de risco, os disruptivos, como as fintechs, priorizam o crescimento acelerado e a captação de novos clientes.
Independentemente do grupo, observa que algumas oportunidades e desafios são comuns e destaca três tendências principais que devem moldar o mercado no próximo ano.
Hiperpersonalização de produtos e serviços
Quando eu entro em uma rede social, vejo um feed diferente do que você vê. Por que os aplicativos bancários não seguem o mesmo princípio?”, provoca Leo. Ele acredita que tecnologias como Open Finance e Inteligência Artificial oferecem possibilidades para transformar a interação dos usuários com serviços financeiros, ajustando produtos e funcionalidades às necessidades individuais de cada cliente. Essa personalização vai além de um layout diferenciado no aplicativo: trata-se de sugerir investimentos, limites de crédito, ou benefícios com base nos hábitos e objetivos financeiros do usuário. É assim que as instituições podem criar mais valor para os clientes, otimizando o relacionamento e aumentando a fidelização.
Ampliação da oferta de produtos e serviços
Outro movimento estratégico é a “plataformização” dos serviços financeiros. Inspirado por modelos já consolidados no setor de tecnologia, ele sugere que os bancos e fintechs expandam seus portfólios de serviços além das transações financeiras básicas. Se você tem um cliente fiel ao seu aplicativo, por que não oferecer outros produtos que façam sentido para ele? Seguro, câmbio, clubes de descontos, compra de passagens… tudo pode estar integrado. A diversificação não só aumenta o engajamento como também cria novas fontes de receita para as instituições financeiras.
Modelos de negócios com IA Generativa
A Inteligência Artificial Generativa também aparece como protagonista nas transformações. O surgimento de bancos sem aplicativos, operando diretamente por WhatsApp ou outras plataformas populares de mensagens. Esses modelos trazem mais acessibilidade, reduzindo barreiras tecnológicas para pessoas que não têm facilidade com aplicativos tradicionais”, explica. A IA Generativa, nesse contexto, pode ser usada para criar assistentes financeiros personalizados, capazes de realizar desde consultas simples até operações complexas. “Estamos falando de uma experiência fluida, onde o cliente interage com o banco como faria com um amigo, mas com uma profundidade técnica absurda por trás.
Parcerias estratégicas
A aposta é na consolidação de parcerias entre techfins e grandes empresas não financeiras como uma alavanca para expandir a oferta de serviços financeiros. Essas colaborações permitem a criação de uma infraestrutura integrada e escalável, capaz de atender a demandas específicas de setores como varejo, telecomunicações e indústria. Estamos entrando em uma nova fase, onde empresas de diferentes segmentos podem incorporar produtos financeiros diretamente em suas operações. Essa conexão, viabilizada por tecnologias como APIs e Open Finance, cria experiências mais completas para o consumidor e novas fontes de receita para os negócios. A expansão para esses nichos representa um caminho promissor para as instituições financeiras se manterem competitivas em um mercado cada vez mais diversificado.
Para novos empreendedores do setor
Experiente no ecossistema de inovação brasileiro, Leo também oferece conselhos para quem deseja ingressar no mercado financeiro. Tecnologia é o meio, não o fim. Antes de pensar em qual sistema você vai usar, é preciso definir o modelo de negócio, entender seu público e estruturar uma proposta de valor clara. Além disso, atuar em nichos específicos e aproveitar as oportunidades oferecidas pelo Open Finance e pela digitalização crescente. O Brasil é um campo fértil para inovação no mercado financeiro, mas o empreendedor precisa estar disposto a se adaptar rapidamente e entregar soluções que resolvam problemas reais. Há muita coisa para ser ressignificada. Estamos em um momento de transição em que a tecnologia não só facilita, mas redefine a relação das pessoas com o dinheiro e com as instituições financeiras. Quem conseguir acompanhar esse ritmo e entregar algo relevante vai liderar essa transformação.