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Com teste rápido, startup identifica vacas que possuem leite que rende mais queijo

Foto: divulgação.

Com recurso captado por meio de editais de fomento à inovação, a startup Scienco Biotech, incubada no Centro de Inovação de Lages, no Orion Parque Tecnológico, desenvolverá dois testes rápidos para auxiliar os produtores da agricultura familiar no rendimento e qualidade dos produtos, o primeiro voltado para a testagem de leite com alta qualidade para produção de queijos e o segundo teste para a testagem de resquícios de antibiótico no leite. Ambos produtos contarão com a aplicação da Inteligência Artificial (IA) para o controle dos resultados e prometem contribuir para a qualidade da produção e diminuição dos desperdícios. 

Por meio do recurso captado pelo edital de fomento à inovação da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) para cadeias agro sustentáveis da agricultura familiar, a startup tem 3 anos para desenvolver um teste rápido que detecta quais vacas possuem a proteína B, ideal para a produção de queijos.

Em análise, os pesquisadores descobriram que as vacas têm uma proteína chamada capa caseína e pode ser encontrada nas formas A, B e E, quando a vaca produz a proteína B, ela tem um maior rendimento, que pode render 30% a mais da quantidade original de queijo, com os testes rápidos será possível identificar e destinar o animal para o rendimento da produção aumentar, bem como a qualidade do produto. 

As pequenas propriedades sofrem ainda mais com o desperdício, por que elas não têm ferramentas tecnológicas para apoiar a produção de queijo. A ideia é que o próprio produtor possa aplicar o teste e direcionar os animais para a produção, impactando na qualidade do queijo que possui uma textura diferenciada, uma coagulação mais rápida e isso tudo também agrega e contribui para a diminuição da pegada de carbono, por que você produz mais queijo, com menos leite” comenta a pesquisadora e CEO da Scienco, Maria de Borba Magalhães

O teste é semelhante a um teste de gravidez. Uma pequena quantidade de leite é suficiente para ser aplicada ao dispositivo e ter o resultado em seguida. Além do desenvolvimento do teste rápido, o projeto também prevê o desenvolvimento de um aplicativo para controle dos resultados do rebanho.

Toda a ideia contribui também para a sustentabilidade. Os produtores que utilizarem do teste e aplicativo, estarão pensando na sustentabilidade e contribuindo para diminuição da pegada de carbono, associada à produção de queijo. Os produtores terão um selo de sustentabilidade da capa caseína, por que ele estará usando as ferramentas tecnológicas para o rendimento e diminuição da pegada de carbono” observa.

Em parceria com a Associação de Produtores de Queijo Artesanal de Santa Catarina, a empresa fará os estudos com pequenas propriedades no estado para validar o processo e seguir com o desenvolvimento dos testes e criação do aplicativo.

Já o segundo teste, que será desenvolvido pela startup, tem subsídio do recurso captado por meio do edital Impulsiona SC, do Governo do Estado de Santa Catarina em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação de Santa Catarina (FAPESC) que prevê o desenvolvimento de um teste rápido para identificação de resquícios de antibiótico no leite da vaca. O uso de antibiótico é comum para o tratamento de ocasionais problemas de saúde do animal, como a mastite que é uma infecção na glândula mamária,  porém, os resquícios de antibióticos podem permanecer no leite durante um período de tempo, tornando-o  impróprio para a produção. 

O leite contaminado não pode ser misturado, pois pode contaminar toda a produção, que será descartada. O produtor tem dificuldades em saber quando o leite já está apto para ser utilizado para produções e por isso, muito material acaba sendo desperdiçado. O teste rápido tem o intuito de identificar se existe algum resquício de antibiótico no leite do animal, evitando que esse material seja desperdiçado sem necessidade e trazendo ao produtor a clareza de quais vacas podem ser utilizadas para produção e quais precisam repousar até que não haja nenhum resquício da medicação.

O projeto também conta com o auxílio da IA, por meio de aplicativo para o controle dos resultados dos testes. O desenho deste projeto está previsto para acontecer no período de um ano para estudo, desenvolvimento e aplicação do produto. Maria conta que o processo de desenvolvimento do teste é complexo, mas que  a experiência da equipe que já atua com os testes rápidos para o Leite A2, contribui para a facilitação desse processo.

Texto: Karol Kitabayashi | Rafael Bueno.

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