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Como SC conseguiu fortalecer setor tech em todo o estado

Florianópolis
Foto: Ricardo Wolffenbüttel/Secom

O setor de tecnologia de Santa Catarina passa por um fortalecimento abrangente em todas as suas mesorregiões.

Além de Florianópolis, reconhecida como a capital nacional das startups, outros municípios têm recebido destaque.

Cidades polos no Sul (Criciúma) e Norte (Joinville), no Vale do Itajaí (Blumenau, Rio do Sul e Itajaí), registraram aumento significativo na arrecadação de impostos sobre serviços de base tecnológica.

Dados de ISS (Imposto Sobre Serviço) levantados pela ACATE (Associação Catarinense de Tecnologia) mostram o cenário de descentralização do setor.

Joinville, por exemplo, maior município do estado em número de habitantes (616 mil), registrou um aumento de 88% na arrecadação de ISS em tecnologia entre 2019 e 2023, passando de R$36,5 milhões para R$68,7 milhões.

Itajaí teve um crescimento de 135,6%, saltando de R$11,9 milhões para R$28,1 milhões no período. Já Blumenau teve aumento de 1.025% na arrecadação e passou de R$ 4 milhões em 2019 para R$ 45 milhões em 2023. 

Em Rio do Sul a arrecadação subiu 460% entre 2019 e 2023, passando de pouco mais de R$ 1 milhão para R$ 4,6 milhões.

Criciúma passou de R$ 12,6 milhões para R$ 28,1 milhões, mais do que dobrando a arrecadação de ISS em cinco anos.

Para Lages, o aumento foi de 165%, passando de R$ 2 milhões para R$ 5,5 milhões. Chapecó, no Oeste do estado, passou de R$ 6,4 milhões para R$10 milhões, acréscimo de aproximadamente 56%.

Em Florianópolis, o faturamento passou de R$ 53 milhões em 2019 para R$98 milhões em 2023. O crescimento foi de 85%.

A inserção de um modelo econômico baseado em tecnologia vem crescendo há pelo menos 30 anos. A presença de universidades, como a Federal de Santa Catarina e do Estado de Santa Catarina, trouxe ao estado um modelo econômico com foco em ciências, dados e inovação. Isso começa em Florianópolis, onde surge a ACATE, associação que reúne as empresas, desenvolve programas, defende políticas de apoio ao setor, e a CERTI, enquanto pesquisa, e incubação por meio do Celta. Ao longo desses 30 anos, ocorreu uma integração do ecossistema, com os  Polos Regionais da ACATE e programas de abrangência estadual”, explica Diego Ramos, presidente da ACATE. 

O estado foi, em 2023, o 6° em faturamento no setor de tecnologia no Brasil, segmento este que é responsável por 7,5% do total do PIB (Produto Interno Bruto), segundo o Observatório da ACATE. A expectativa da associação é que o setor de tecnologia represente 10% do PIB até 2030. Hoje, a capital concentra a maior parte do faturamento no estado, com 42,5%.

Outras regiões avançam significativamente ano a ano ao adaptar o modelo de economia baseada em tecnologia às suas demandas específicas. Esse progresso abrange áreas como energia sustentável e bioenergia, agronegócio, educação, Indústria 4.0 e 5.0, saúde, finanças, entre muitas outras.

As tecnologias desenvolvidas se consolidam localmente, mas também são exportadas para outros estados brasileiros e países. Vale do Itajaí vem na sequência, com 23,9% do faturamento total em tecnologia no estado, o Norte catarinense com 17,1%, Oeste com 8,1%, Sul com 6% e região Serrana com 2,4%.

Crescimento econômico: do local ao nacional

Com sede no estado mas de olho no mercado nacional, a real estate fintech Versi mostra a possibilidade de empresas catarinenses atuarem frente a frente no mercado de funding em um dos segmentos mais relevantes da economia brasileira: a construção civil.

Fundada em Joinville inicialmente como um escritório de gestão de patrimônio, a empresa se transformou em uma fintech especializada em financiar e apoiar incorporadoras de pequeno e médio porte do segmento econômico. Além do funding, a empresa criou um ecossistema de soluções que tem atraído clientes do Brasil inteiro.

Hoje temos cerca de R$200 milhões investidos em mais de 60 empreendimentos pelo país, de Norte a Sul, e conseguimos criar um ecossistema de aceleração para as incorporadoras do segmento econômico por meio de uma série de soluções e também encontros e eventos presenciais para troca de informações. Assim, temos focado em criar parcerias duradouras com os clientes e estabelecer a Versi como uma referência no segmento”, destaca o CEO da empresa, Ebran Theilacker.

Conexões globais de empresas em SC

Frequentemente o ecossistema de tecnologia de Santa Catarina tem sido analisado de perto e com interesse por empresários do exterior. Eventos como o Startup Summit já trouxeram comitivas de países como Canadá, Inglaterra, EUA, Portugal e China para o estado, e grupos de empreendedores catarinenses têm viajado para mostrar o trabalho desenvolvido em comitivas organizadas por entidades como a ACATE, que inclusive possui uma filial no Canadá para auxiliar empresários catarinenses que desejam ampliar os negócios além das fronteiras.

Com sede em Balneário Camboriú, a WTM é uma das empresas catarinenses que atuam para abrir e fortalecer conexões do setor de tecnologia do estado com outros países pelo mundo. Especializada em importação e exportação de serviços de tecnologia, a empresa possui unidades no Canadá, EUA, México, Peru, Uruguai, Portugal e Emirados Árabes, e faz a ponte com empresas do exterior que desejam realizar negócios com o Brasil, ou com as companhias daqui que pretendem ampliar o mercado e exportar tecnologia.

Hoje temos diversas iniciativas que mostram aos empreendedores brasileiros oportunidades de negócios de tecnologia com Estados Unidos, Canadá, Emirados Árabes, Inglaterra, Portugal e outros países da Europa. O mundo está aberto a negociar com o ecossistema de tecnologia e inovação do Brasil”, destaca o CEO da WTM, Lisandro Vieira, que também é diretor do grupo temático de internacionalização da ACATE.

Com forte presença no oeste catarinense, a multinacional italiana Zucchetti tem desempenhado um papel significativo no fortalecimento do ecossistema tecnológico da região. A empresa adota uma estratégia global de expansão centrada em aquisições e, desde 2020, investiu mais de R$100 milhões na compra de companhias locais, como a Compufour em Joaçaba, além das concordienses GDoor e Smallsoft. Essas aquisições não só ampliaram o portfólio da empresa no Brasil, mas também integraram soluções desenvolvidas regionalmente à sua operação global, proporcionando visibilidade internacional para empresas catarinenses. 

De acordo com o CEO da Zucchetti no Brasil, Alessio Mainardi, a multinacional vê na região um importante centro para o desenvolvimento de soluções tecnológicas voltadas a setores como varejo e automação comercial:

Concórdia representa um ponto estratégico para nós no mercado brasileiro. É aqui que consolidamos importantes aquisições e construímos um time altamente qualificado, que desenvolve soluções inovadoras para atender às demandas crescentes do mercado”.

O foco na região também reflete o dinamismo do mercado tecnológico do oeste catarinense, que, além de seu potencial econômico, se beneficia de um ecossistema colaborativo e do crescimento da demanda por inovação em empresas de diferentes segmentos.

Santa Catarina tem mostrado um dinamismo único no mercado, e o oeste não é exceção. O posicionamento do estado como uma referência nacional em tecnologia chamou a nossa atenção e tem nos ajudado na missão de consolidar uma estratégia de crescimento regional”, completa o executivo. 

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