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Pesquisa de mercado é uma bússola empresarial 

Foto: divulgação

Por João Victor da Silva, economista e consultor estratégico da Orsitec Assessoria Contábil.

Um dos equívocos mais difundidos no âmbito empresarial é a suposição de que o sucesso de um negócio esteja diretamente vinculado ao esforço e à determinação de seus sócios e administradores. Embora o comprometimento e uma sólida ética profissional sejam indispensáveis ao êxito de qualquer empreendimento, o trabalho intenso, por si só, não constitui garantia de prosperidade. Em sua essência, todo negócio existe para atender a uma demanda específica dos consumidores. Assim, de pouco adianta dedicar-se exaustivamente ao lançamento de um produto ou serviço que julga extraordinário, caso não haja mercado suficiente para absorvê-lo ou se os custos envolvidos inviabilizam uma margem de lucro sustentável em escala adequada. Em última instância, o sucesso de uma empresa não é determinado pelo empreendedor, mas sim pelos clientes e suas escolhas no mercado.

Muitos empreendedores, sejam eles de grandes ou pequenas empresas, frequentemente erram ao tomar decisões impulsivas em seus negócios, guiados por desejos pessoais ou por uma compreensão equivocada do mercado que pretendem alcançar. Não é à toa que somente 37,3% das empresas brasileiras sobrevivem após cinco anos de operação. Esse cenário, no entanto, não se limita ao Brasil ou às pequenas empresas; trata-se de um fenômeno global. Diversos empresários de sucesso, como Walt Disney, Bill Gates e Henry Ford, enfrentaram fracassos em suas primeiras tentativas empreendedoras, muitas vezes por não conseguirem criar produtos que conquistassem seus consumidores. Essas experiências, embora desafiadoras, foram fundamentais para seu aprendizado e êxito posterior.

No universo dos negócios, o sucesso nunca é garantido. Ainda assim, ao iniciar uma empresa ou expandir um negócio já estabelecido para explorar novos projetos, o empreendedor não pode contar apenas com a sorte. Decisões empresariais devem se fundamentar em fatos e dados concretos para reduzir riscos e desenvolver estratégias de investimento que maximizem os retornos para os sócios. Afinal, todo investimento é uma decisão de alocação de capital. Sob uma perspectiva lógica, esse capital deve ser direcionado a projetos que proporcionem o maior retorno possível, considerando um nível de risco aceitável para aqueles que o detêm.

A pesquisa de mercado emerge como uma ferramenta indispensável para embasar essas decisões cruciais. Na prática, uma pesquisa bem conduzida oferece uma análise abrangente e integrada dos principais fatores que determinam a viabilidade de um negócio em análise. Isso engloba desde os fundamentos macroeconômicos das localidades onde a empresa atua, passando pelos riscos regulatórios e estruturais, até aspectos como o potencial de demanda pelo produto, a dinâmica dos concorrentes, a capacidade dos fornecedores e as possibilidades de precificação no mercado.

Empreender é um equilíbrio entre ciência e arte. À medida que os mercados se tornam mais disputados e o acesso à informação se amplia, a ciência — representada pela pesquisa de mercado — ganha peso como base para decisões que maximizem retornos e minimizem riscos. Tal como um piloto elabora um plano de voo detalhado antes da decolagem, analisando condições e prevendo alternativas, o empreendedor precisa conhecer profundamente o terreno que pretende conquistar. Quando imprevistos surgem, a arte de improvisar com criatividade e técnica entra em cena. Sem um plano sólido, porém, nem o talento mais brilhante garante o sucesso. A pesquisa de mercado, portanto, não elimina todos os riscos, mas ilumina o caminho, transformando suposições em estratégias e incertezas em oportunidades. Em um mundo onde a concorrência é global e os consumidores definem os vencedores, investir nesse conhecimento é o que diferencia as empresas que apenas sobrevivem daquelas que verdadeiramente prosperam.

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