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A confiança nos gestores: o alicerce para a profissionalização e o crescimento

Foto: Alex Miranda.

Um dos grandes desafios em empresas familiares ou de capital fechado é a construção de confiança entre sócios e executivos da diretoria.

Para muitos sócios, especialmente aqueles que estiveram envolvidos diretamente na gestão por anos, confiar nas decisões de uma equipe profissional pode parecer uma ameaça ao controle, ao legado e até a identidade do negócio.

Essa desconfiança, no entanto, é um entrave significativo para a profissionalização e para o crescimento sustentável da organização.

Desconfiar de gestores geralmente tem raízes emocionais. Sócios que construíram o negócio com dedicação podem temer que executivos profissionais não compreendam o DNA da empresa ou que priorizem resultados financeiros em detrimento de valores familiares.

Além disso, pode haver uma dificuldade natural em delegar decisões a pessoas que não compartilham a história do negócio.

No entanto, essa postura defensiva, embora compreensível, pode limitar o potencial da organização. A profissionalização não implica na perda de controle, mas na criação de processos e estruturas que assegurem decisões mais técnicas e racionais, baseadas em expertise.

Quando sócios confiam nos gestores, toda a organização se beneficia. Executivos profissionais trazem conhecimentos específicos, capacidade de inovar e um olhar estratégico livre de vínculos emocionais que muitas vezes dificultam decisões difíceis.

Além disso, ao liberar os sócios para atuarem em papéis mais estratégicos como no conselho de administração cria-se um equilíbrio saudável entre propriedade e gestão, essencial para a perenidade do negócio.

Mas há um caminho para que a confiança seja conquistada e começa com a seleção. Sócios e acionistas precisam estar envolvidos no processo de contratação de gestores-chave, com base não apenas em competências técnicas, mas também em alinhamento de valores e compreensão do propósito da empresa.

Uma estrutura clara de governança, com conselhos e comitês bem definidos, ajuda a criar mecanismos de acompanhamento e supervisão. Isso dá aos sócios segurança de que as decisões estão sendo tomadas de forma transparente e responsável, além de garantir a preservação dos valores do negócio em todas as ações.

Os gestores precisam ser claros sobre seus objetivos e prestar contas regularmente. Relatórios transparentes e reuniões sistemáticas são essenciais para construir essa confiança. E precisam ter em mente que mais do que números, os sócios querem entender o raciocínio por trás das decisões.

Muitas vezes, a desconfiança surge da distância. Criar espaços de interação entre sócios e executivos, como workshops, eventos ou reuniões informais pode humanizar a relação e reforçar o senso de parceria.

Investir na formação dos sócios sobre o papel dos executivos e os benefícios da profissionalização é essencial. Quando os sócios compreendem como a gestão profissional contribui para a longevidade do negócio, a resistência tende a diminuir.

Executivos que demonstram respeito pelo legado da empresa ganham a confiança dos sócios mais rapidamente. Por isso, é importante que a diretoria demonstre alinhamento com a cultura organizacional e os valores que sustentam a história do negócio.

Convencer sócios e acionistas a confiarem nos executivos não é um processo imediato, mas gradual. Ele demanda paciência, transparência e disposição para construir pontes entre diferentes visões e expectativas.

É importante lembrar que a confiança não se baseia apenas em palavras, mas em ações consistentes ao longo do tempo.

Quando sócios e gestores trabalham juntos, respeitando seus papéis e complementando suas forças, o impacto para a organização é poderoso.

A profissionalização não é uma ameaça, mas uma oportunidade de crescimento sustentável. Confiar nos executivos é, no fundo, confiar na capacidade de evolução da empresa, assim como ocorre com a tecnologia, sem evolução, métodos e novos modos de operar ficamos obsoletos e ultrapassados, no entanto, não significa abrir mão da força do legado, afinal toda história vivida não se apaga, e no fim é o que une todos os envolvidos, sem desprezar ou colocar na balança para ver o que pesa mais, e sim ver a mágica que a união, flexibilidade e intencionalidade fazem.

Estar aberto a evoluir é sinal de maturidade, inteligência e segurança. É deixar que outros experimente o gozo do realizar assim como os fundadores desfrutaram de suas conquistas.

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consultora de negócios e de desenvolvimento de lideranças.

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