Por Jordano Rischter, headhunter e sócio da Wide Executive Search.
Será que o interior oferece oportunidades tão boas quanto as metrópoles para executivos? Por mais que muitos acreditem que residir em grandes centros seja o ideal para ascender profissionalmente, o protagonismo que esses profissionais terão em posições nestas pequenas cidades pode ser significativamente maior. Mas, essa não é uma mudança simples de ser feita, a qual precisa ser conduzida levando em conta alguns cuidados importantes para que eles sejam muito bem recebidos nesta nova fase de sua vida profissional e pessoal.
Quando falamos sobre grandes centros e metrópoles, essas são regiões que, tradicionalmente, abrigam diversas empresas multinacionais de grande porte, o que acaba justificando a associação de terem maior acesso a esses benefícios ao residir nessas principais capitais econômicas. Enquanto isso, nas cidades interioranas, existe uma maior quantidade de empresas familiares em processo de profissionalização e de elevação de seu nível de governança – nas quais os executivos têm um maior espaço para construir uma ponte de confiança com o fundador e um legado em sua carreira.
É esse, justamente, um dos maiores diferenciais do interior, o protagonismo que esse executivo terá dentro da empresa e na autonomia para a construção de seu legado, tendo mais chance de ganhar destaque como referência nas operações – algo que, nos grandes centros, tende a ser mais complexo pela estrutura mais departamental das empresas e dependência de aprovações para seguir em frente com os projetos.
A qualidade de vida no interior é outro ponto positivo que ganha destaque nessas posições. Menos trânsito para se locomover até a empresa, menor poluição, maior segurança de moradia, e muitos outros diferenciais que já estão despertando um interesse e movimento natural em se abrir a oportunidades nas pequenas cidades a favor de um uma rotina mais equilibrada, junto a um custo de vida bem menor.
Benefícios realmente enormes, mas que, mesmo assim, podem esbarrar com certos receios de muitos executivos em aceitar a proposta, principalmente, no que diz respeito à mudança envolvendo toda sua família. Quando o cônjuge também é ativo no mercado, muitas vezes, haverá a necessidade de se desligar do emprego para acompanhar o parceiro nesta mudança. Isso, sem falar do maior afastamento físico de entes familiares e amigos, gerando um isolamento que também acaba pesando como fator de decisão.
Essa mudança geográfica neste tipo de contratação exige que os processos seletivos para executivos no interior tenham um funil bem mais alargado, mapeando uma maior quantidade de possíveis candidatos para que se tenha uma maior chance de encontrarem perfis aderentes ao que é buscado.
Tenha o máximo de clareza e transparência possível no projeto apresentado. Destaque o que será esperado dele quanto a seus entregáveis, os traços culturais da organização, todos os benefícios que serão ofertados e, acima de tudo, antecipe eventuais dúvidas e objeções comuns a esse tipo de contratação.
Mas, muito além de ter um escopo profissional interessante, para atrair um alto executivo ao interior, sua adaptação familiar também deve ser atentada pela empresa – oferecendo mecanismos de transição com moradia e tudo que envolver o deslocamento de todos à nova cidade. Seja acolhedor, mostra o local a todos antecipadamente e os ajude a iniciarem essa nova etapa de suas vidas, com máxima tranquilidade possível.
Em executivos que já tenham histórico de movimentações profissionais, normalmente, este processo tende a ser mais suave, uma vez que sua estrutura familiar já estará acostumada a comportar essas transições. Mas, naqueles que passarão por isso pela primeira vez, a mudança tende a ser mais complexa, o que exige dos recrutadores uma análise prévia sobre seu histórico para que se preparem e consigam atender às demandas de ambos os lados.
A atratividade de uma posição no interior deve ser ressaltada desde o primeiro contato com cada candidato, convidando sua família a conhecer a sede da empresa e a cidade onde morarão logo no início. Envolva todos neste processo, para que consigam se visualizar nessa nova rotina e sejam acolhidos em todas as suas necessidades. Quando este olhar atencioso se unir a uma proposta repleta de benefícios de carreira, as chances de um recrutamento assertivo para a empresa e o próprio talento, certamente, se potencializarão.