Florianópolis foi reconhecida no Global Startup Ecosystem Report 2025 (GSER), lançado nesta quinta-feira, dia 12, pela consultoria internacional Startup Genome, como um dos principais modelos globais de ecossistema de startups em cidades de médio porte.
O relatório, considerado a principal referência sobre ecossistemas de startups no mundo, destaca a capital como um exemplo de como restrições geográficas podem ser transformadas em vantagem estratégica. A cidade também aparece no top 20 dos ecossistemas latino-americanos, ocupando a 13ª posição.
Segundo o relatório, é a capital brasileira com maior participação do setor de tecnologia no PIB, com 25% da economia local vinculada ao segmento. Desde 2018, a atividade na cidade cresceu 23,4%, alcançando o sétimo lugar no ranking nacional em termos absolutos, mesmo com população inferior à de outros polos. A densidade de startups por habitante chega a ser dez vezes maior que a de São Paulo. Ao todo, são mais de 6 mil empresas de tecnologia gerando mais de 38 mil empregos diretos.
A trajetória do ecossistema de inovação de Florianópolis teve início nos anos 1960 com a fundação da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que consolidou uma base científica e tecnológica aproveitada por gerações seguintes de empreendedores e formuladores de políticas públicas. Em 1986, a cidade sediou a criação da primeira incubadora tecnológica do Brasil, o CELTA, dando origem a um modelo que combina formação técnica, governança colaborativa e incentivo à pesquisa aplicada.
Para o prefeito de Florianópolis, Topázio Neto, a visão estratégica começou ainda nos anos 1980:
“Naquele momento, os líderes locais entenderam que, devido às limitações ambientais e geográficas da ilha, o caminho para o desenvolvimento sustentável seria via inteligência e inovação. Essa visão permitiu atrair e reter jovens talentos criativos, criando um ambiente favorável para o crescimento de startups e empresas de tecnologia”.
A redução do ISS de 5% para 2% em 2003 também atraiu empresas de tecnologia de outras regiões. Posteriormente, a cidade aprovou uma das primeiras leis municipais de inovação do país, criando o Conselho Municipal de Inovação, que reúne mais de 20 entidades para discutir estratégias e alinhar políticas públicas.
Iniciativas como o Sapiens Parque, o ParqTec Alfa e os centros de inovação estaduais fortalecem a densidade institucional e física do ecossistema. Além disso, a combinação de natureza preservada, infraestrutura urbana e segurança também é, segundo o relatório, um diferencial importante.
A cidade também é destaque na atração de investimentos, com US$ 298 milhões em capital de risco captados entre 2020 e 2024. Empresas como RD Station, Softplan, Payface, Franq e Parcela Mais são exemplos de startups locais que atingiram relevância nacional e internacional. No ano passado, a ilha também foi reconhecida pela legislação federal como a Capital Nacional das Startups.
“Florianópolis é um exemplo de como as limitações geográficas podem ser transformadas em motores de inovação: por não poder crescer industrialmente, a cidade apostou no conhecimento, na colaboração e na formação de talentos como caminhos para o desenvolvimento sustentável. O crescimento do ecossistema local é resultado de décadas de trabalho articulado entre governo, academia, setor privado e sociedade civil. Hoje, temos um ambiente que favorece o surgimento de negócios inovadores desde a ideação até o momento de escalar”, destaca Alexandre Souza, gerente de inovação do Sebrae SC
Para o presidente da Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE), Diego Ramos, Florianópolis é um case que vem sendo reconhecido pela capacidade de inovação, dinamismo e ambiente favorável à economia criativa, já sendo um dos mais importantes hubs para investimento de venture capital na América Latina:
“Trata-se do reflexo de um ecossistema de tecnologia que cresce em toda Santa Catarina de forma colaborativa e de olho no mundo. Acreditamos no potencial de tornar Florianópolis e todo o estado em um player global de inovação gerando valor e atraindo investimento, profissionais e empresas”.
Parceria para diagnóstico de ecossistemas
O GSER é considerado a principal referência sobre ecossistemas de startups no mundo. O relatório é produzido pela consultoria internacional Startup Genome, líder mundial em consultoria de políticas públicas para o desenvolvimento de ecossistemas de startups, que acaba de fechar com o Sebrae Startups um acordo para aplicar no Brasil a metodologia de análise comparativa já adotada em mais de 65 países.
A parceria prevê a transferência da metodologia e tem o objetivo de ampliar o uso de dados e referências internacionais na formulação de políticas públicas e estratégias de fomento às startups brasileiras. A metodologia será incorporada à estrutura já existente no Sebrae Startups para análise de ecossistemas e poderá, posteriormente, ser aplicada em todo o país.
O contrato prevê uma etapa inicial de aplicação conjunta da metodologia em três ecossistemas brasileiros, sendo um deles Florianópolis, os outros são São Paulo (SP) e Recife (PE), que também ganharam destaque no relatório.