Por Dione Pioner, CXO da WTM.
Diversos setores da economia brasileira possuem nas exportações um de seus principais motores, aproveitando oportunidades no comércio internacional para ampliar o mercado e diversificar operações. Para o setor de serviços, e especificamente de tecnologia, esse é um movimento que ainda caminha a passos lentos e soa, muitas vezes, distante aos empresários do setor que podem enxergar uma série de barreiras no caminho para a internacionalização. Existe, no entanto, uma demanda estratégica e um interesse genuíno de mercados globais na tecnologia feita no Brasil, e nossas empresas estão inovando e entregando valor a partir de soluções para dilemas relevantes que existem além das fronteiras.
O Brasil tem se destacado por atributos que respondem a algumas das maiores demandas globais da atualidade: soluções criativas para desafios complexos, equipes altamente qualificadas e flexíveis, produtos digitais com ótimo custo-benefício e uma adaptabilidade cultural que facilita a entrada em diversos mercados. Por que, então, ainda exportamos pouca tecnologia?
Os dados do último relatório da Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais) mostram que, só em 2023, as exportações brasileiras de serviços de tecnologia da informação e comunicação (TIC) alcançaram R$ 46 bilhões, um crescimento de 9,1% em relação ao ano anterior. Mesmo ainda com uma balança comercial desfavorável nesse setor, o avanço nas exportações mostra um amadurecimento evidente do ecossistema tecnológico nacional — e uma resposta direta à procura global por soluções digitais, sustentáveis e escaláveis.
Mais do que uma oportunidade, expandir a atuação para fora do Brasil tornou-se uma necessidade estratégica. Em um mundo hiperconectado, internacionalizar significa diversificar receitas, reduzir a exposição a riscos locais e, sobretudo, crescer de forma sustentável e inovadora. É necessário ousar olhar para o mundo como uma grande oportunidade.
A atuação em novos mercados desafia as empresas brasileiras a evoluírem: os consumidores têm perfis distintos, as exigências regulatórias variam, e a concorrência é global. Mas é justamente esse ambiente desafiador que estimula o desenvolvimento de soluções mais completas, o fortalecimento de marcas e a ampliação das redes de colaboração internacional.
Não posso deixar de mencionar também a barreira linguística, que exige aos profissionais brasileiros uma constante preparação, embora uma série de ferramentas atuem nos dias de hoje para apoiar esse cenário. Empresários podem contar, por exemplo, com Inteligência Artificial para agilizar traduções de documentos e conversas, além de garantir revisões e checagens importantes para reduzir erros e ruídos comunicacionais.
Para o setor de tecnologia, o movimento de internacionalização vem acompanhado de ganhos expressivos. Além de ampliar a base de clientes, ele incentiva uma cultura de inovação contínua, que se reflete na melhoria de produtos e serviços e na formação de times mais preparados para a realidade global.
O potencial transformador das empresas brasileiras já é reconhecido lá fora, e agora cabe a nós expandir essa presença. Não se trata apenas de exportar tecnologia, mas de levar ao mundo nossa forma única de inovar, conectar e construir soluções com impacto real. Internacionalizar é um passo ousado, mas necessário para quem deseja ser relevante nos próximos anos.