Empresa com base tecnológica focada em governança de dados, a Blendus, de Florianópolis, vem conquistando mercado entre operadoras de saúde do país ao auxiliar na análise, validação e qualificação de dados regulatórios.
Em 2023, a empresa cresceu 66% em faturamento em relação ao ano anterior. E a meta de crescimento para 2024, que era de 50%, foi batida em outubro, superando uma receita anual de R$ 7,5 milhões.
Além disso, a empresa atingiu a marca de 100 clientes atendidos, num universo de pouco mais de 900 operadoras com beneficiários ativos no país.
Agora, o objetivo é aumentar o número de clientes, conquistando uma fatia de 1/3 do mercado nacional até 2026.
Flávio Exterkoetter, CEO e sócio-fundador da Blendus, explica que a tecnologia de governança de dados desenvolvida pela healthtech visa facilitar e qualificar a interoperabilidade de dados entre as operadoras de saúde e a ANS, com impacto direto na avaliação feita pelo órgão regulador sobre o desempenho das operadoras.
“Todo atendimento assistencial realizado para os beneficiários pelos prestadores de saúde credenciados nas operadoras de saúde gera uma guia de atendimento TISS (Troca de Informação em Saúde Suplementar), onde constam os procedimentos e despesas que serão encaminhadas para as respectivas operadoras conveniadas e, posteriormente, transmitidas ao órgão regulador. Nós atuamos no processamento e qualificação dos dados dessas guias, para cumprir as obrigações no envio de dados para a ANS e melhorar ou manter o seu desempenho”, comenta.
A partir do uso de algoritmos e de análises de especialistas, a healthtech oferece um diagnóstico aprofundado dos dados das operadoras, gerando evidências de inconsistências e fazendo uma correlação com os processos do Padrão TISS.
“As avaliações e relatórios gerados pelo nosso software, Gestor IDSS, oferecem transparência e previsibilidade nos resultados de desempenho das operadoras”, destaca Danilo Cândido, diretor comercial da empresa.
A manezinha trabalha atualmente com dados e informações de 13,8 milhões de beneficiários de operadoras de saúde. Entre as operadoras, localizadas principalmente nas regiões Sudeste, Sul, Nordeste e DF, estão nomes de peso como Sulamérica, Assim Saúde, Postal Saúde e mais de 60 Unimeds, incluindo Unimed Curitiba, Unimed Campinas e a Unimed FESP, além da Seguros Unimed.
“Escolhemos atuar num nicho de mercado e nos especializamos nele. É uma área que envolve alto volume de dados e uma série de regras muito específicas. Portanto, quem se aprofunda, sai na frente. Costumamos brincar que queremos ser um peixe grande num lago pequeno”, complementa Flávio, fazendo referência ao escritor Malcolm Gladwell.
O CEO relembra que o ponto de virada da empresa aconteceu em 2018, quando houve uma mudança na metodologia da Agência Nacional de Saúde Suplementar para o cálculo do IDSS (Índice de Desempenho da Saúde Suplementar).
“Nesse momento, nós já havíamos auxiliado algumas operadoras de saúde a resolver problemas relacionados à comunicação das guias com a ANS. Com esse conhecimento prévio, vimos uma oportunidade de mercado. Conseguimos atrair mais clientes, que acabaram ficando entre os melhores colocados na avaliação de desempenho da Agência, enquanto que boa parte das operadoras que não investiram em governança de dados registrou queda nas notas”, conta.
O IDSS é divulgado anualmente, gerando uma nota para as operadoras a partir de fatores como qualidade e atenção à saúde, garantia de acesso, sustentabilidade no mercado e gestão de processos e regulação. A nota obtida não gera impactos diretos para as operadoras junto ao órgão regulador, mas interfere na imagem das mesmas e pode dificultar a contratação por órgãos públicos ou empresas, no caso daquelas que tiverem uma pontuação baixa.
“No fim das contas, o que nós ajudamos a fazer é tornar as informações em saúde mais confiáveis e qualificadas para facilitar a transformação digital no setor, contribuindo para decisões assertivas que possam influenciar a melhoria assistencial à saúde dos beneficiários”, conclui.