Ele começou como professor de yoga e escreveu um livro que vendeu mais de 2 mil cópias em 1 ano. Inquieto, fez uma transição de carreira para o marketing, mas o esporte continuou na sua rota. A corrida hoje é um dos pilares da rotina agitada do Ricardo Melo, que, em 2017, foi convidado para assumir o cargo de head de aquisição de clientes na HostGator América Latina.
Nos 6 anos seguintes, a base de clientes passou de aproximadamente 100 mil para mais de 600 mil. Ele também foi uma das lideranças que impulsionou a expansão e crescimento da marca para mais de 8 países da América Latina e participou da negociação de parcerias estratégicas com empresas da Ásia, Europa e Estados Unidos, que adicionaram milhões de reais à operação regional. Além disso, acompanhou a transição do grupo, que saiu da bolsa de Nova York e foi adquirido por dois fundos bilionários de private equity.
Atualmente ele é vice-presidente de crescimento & revenue, liderando uma equipe com mais de 100 pessoas e sendo responsável por produto, engenharia, inteligência de negócios, parcerias estratégicas, product marketing, vendas, marketing e user experience.
Nessa entrevista exclusiva, ele conta que aceita a rotina agitada com intencionalidade e sabendo que o equilíbrio perfeito não existe. Confira abaixo:
Conta um pouco da sua trajetória profissional?
Minha trajetória é marcada por mudanças profundas e por superação. Perdi meu pai muito cedo, aos 13 anos, e minha família enfrentou momentos extremamente difíceis, tanto emocional quanto financeiramente. Durante muitos anos, tive pouquíssimos recursos. Tudo o que conquistei foi fruto de muito esforço, trabalho duro e, em alguns momentos, sorte. Esses desafios moldaram minha forma de ver o mundo e me fizeram amadurecer rápido. Minha vida profissional começou como professor de Yôga, uma área na qual atuei por quase uma década. Durante esse período, além das aulas, ajudei na administração da escola, organizei eventos, vendi produtos e fechei contratos com empresas. Também escrevi e publiquei um livro sobre Yôga, que teve mais de 2 mil cópias vendidas em um ano. Foi minha primeira vivência empreendedora, e ela me ensinou muito sobre disciplina, comunicação, resiliência e liderança, habilidades que se mostraram essenciais nos anos seguintes.Com o tempo, senti que meu ciclo no Yôga havia se encerrado. Buscando novos desafios, entrei na faculdade de Marketing e comecei minha transição profissional. Trabalhei em uma das maiores revendas da HP no Brasil, depois migrei para uma agência digital, onde liderei estratégias de marketing para empresas de diversos setores. Paralelamente, empreendi, e também dei aulas no ensino técnico e superior. Foi um período intenso de aprendizado e crescimento. Hoje, estou terminando de escrever um livro sobre essa jornada: o luto pela perda do meu pai, as dificuldades financeiras, a mudança de carreira e os aprendizados que vieram com tudo isso. Acredito que muitas pessoas podem se beneficiar do que aprendi com dor, persistência e coragem. Em 2017, fui convidado para assumir o cargo de Head de Aquisição de Clientes na HostGator América Latina. Minha primeira missão foi ajudar a desenhar um plano robusto de crescimento para a região, envolvendo aumento de investimentos, abertura de novos canais de aquisição, expansão internacional, reformulação da estratégia de preços e fortalecimento dos programas de influenciadores e afiliados. Nos seis anos seguintes, a base de clientes passou de aproximadamente 100 mil para mais de 600 mil. Também fui um dos responsáveis pelo crescimento da marca em mais de oito países da América Latina e acompanhei a negociação de parcerias estratégicas com empresas da Ásia, Europa e Estados Unidos, que adicionaram milhões de reais à operação regional. Acompanhei a transição do grupo, que saiu da bolsa de Nova York e foi adquirido por dois fundos bilionários de private equity: ClearLake Capital e Siris Capital. O crescimento que entregamos no mercado Latino Americano contribuiu significativamente com o sucesso da transação. Durante um período, também liderei a área de Aquisição de Clientes simultaneamente nas operações da HostGator nos EUA e na América Latina, o que, na prática, foi como liderar duas empresas com culturas e maturidades completamente diferentes. Atualmente, sou Vice-Presidente de Crescimento & Revenue, liderando uma equipe com mais de 100 pessoas e sendo responsável por Produto, Engenharia, Inteligência de Negócios, Parcerias Estratégicas, Product Marketing, Vendas, Marketing e User Experience. Estamos revolucionando a indústria, lançando novos produtos e experiências baseados em Inteligência Artificial com a nossa equipe em LatAm para serem comercializados futuramente em diversos países dentro da nossa organização global, hoje chamada de BlueHost Group.
Como a corrida se encaixa nessa trajetória?
A corrida surgiu em um momento em que eu precisava cuidar de mim de forma mais intencional. Com uma rotina intensa e múltiplas responsabilidades, percebi que precisava encontrar um espaço só meu, e a corrida foi esse lugar. Comecei com o objetivo de movimentar o corpo, ganhar energia e clareza mental. Mas aos poucos, ela foi se tornando um ponto de equilíbrio na minha vida. Hoje, correr faz parte da minha rotina tanto quanto qualquer reunião importante. A corrida me dá foco, disciplina e, talvez o mais importante, perspectiva. Ela me ajuda a processar ideias, tomar decisões e manter a constância, mesmo nos dias difíceis. Durante muitos anos, estive totalmente focado no crescimento profissional e deixei de lado os exercícios com regularidade. A corrida começou com caminhadas noturnas leves, depois vieram os trotes, até chegar na maratona completa em 2024. No mesmo ano ainda completei 5 meias-maratonas, algo que eu nunca imaginei que conseguiria fazer. Desde então, ela virou um estilo de vida. Passei a me alimentar melhor, entrei na academia e comecei a sonhar em correr pelo mundo. Já participei de provas em Londres e Paris, corri pelos Alpes franceses e pela Califórnia.
Quais são suas metas com a corrida? Por que escolheu esse esporte?
Escolhi a corrida porque ela é simples, acessível e desafiadora ao mesmo tempo. Basta um par de tênis e disposição. Mas, além disso, ela me devolveu a capacidade de estar presente, de cuidar de mim e de expandir meus próprios limites. Uma das minhas metas futuras é participar de corridas ou trilhas em cidades ao redor do mundo. Além das corridas de rua, passei a fazer trilhas e a me reconectar com a natureza. Um dos meus objetivos próximos é realizar a trilha do Tour du Mont Blanc, uma jornada de mais de 170 quilômetros que cruza a França, Suíça e Itália, ao redor de uma das montanhas mais icônicas da Europa. É o tipo de experiência que une desafio físico, conexão emocional e uma pausa na correria do dia a dia para olhar o mundo, e a si mesmo, de outro ângulo. Essa busca por equilíbrio tem sido parte essencial da forma como vivo, lidero e evoluo.
Como divide o tempo entre ser executivo, corredor, pai de três filhas e marido?
Com intencionalidade e aceitando que o equilíbrio perfeito não existe. Tenho uma rotina exigente, com muitas decisões, reuniões e entregas. Por isso, acordo cedo, uso o início do dia para treinar e estruturar minha agenda. Tento estar 100% presente no papel que estou exercendo: se estou com minhas filhas, sou pai; se estou numa call estratégica, sou executivo; se estou correndo de manhã, sou alguém cuidando de si para ter energia para cuidar dos outros. Também conto com o apoio da minha esposa, que é uma parceira fundamental para essa dinâmica funcionar. E aprendi, ao longo dos anos, a respeitar os limites, os meus e os da minha família. Nem sempre dá pra equilibrar tudo, mas sempre dá pra priorizar com consciência. Minha prioridade é a minha família e tudo que faço é para o bem da minha esposa e três filhas. Obviamente, trabalho muito, por muitas horas todos os dias. Tenho muitas responsabilidades e entendo meu papel na nossa família. Mas, com a maturidade, aprendi a balancear melhor minha vida pessoal e o trabalho. Ainda tenho muito o que melhorar, mas a corrida ajudou muito neste processo.
Quais aprendizados da corrida você leva para a sua carreira? E como pai?
A corrida me ensinou a cuidar de mim novamente. E isso beneficia não só a mim, mas principalmente minha família e também meus colegas de trabalho. Foi a porta de entrada para um novo olhar sobre equilíbrio entre carreira e saúde. Hoje, me sinto mais inteiro, mais presente e mais leve. E essa mudança interna se reflete em tudo ao meu redor. Ela também tem um impacto direto na minha forma de educar. Eu sei que, se pratico esporte, isso influencia minhas filhas a serem mais ativas. Elas não aprendem só com o que eu falo, elas aprendem com o que eu faço. E verem que o pai e a mãe delas treinam forte, enfrenta desafios e se diverte com isso, transforma a forma como elas enxergam seus próprios limites. Hoje, elas são super ativas, fazem ginástica, balé, e minha filha mais velha já correu comigo algumas vezes. Esses momentos não têm preço. São pequenas linhas de chegada que a gente cruza junto.